Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 11 de Julho de 2024 às 01:25

Cantora cubana Indira Castro ganha os palcos de Porto Alegre e a TV aberta

Cantoa cubana Indira Castro está radicada em Porto Alegre, onde faz shows em bares e casas de música

Cantoa cubana Indira Castro está radicada em Porto Alegre, onde faz shows em bares e casas de música

INDIRA CASTRO/ARQUIVO PESSOAL/JC
Compartilhe:
Maria Eduarda Zucatti Repórter
Indira Castro é cubana e cantora de salsa e jazz pelos bares e casas de shows em Porto Alegre. Porém, sua vida nem sempre foi assim. Com 34 anos, ela já foi estudante de Medicina e morou em dois países diferentes antes de desembarcar na capital gaúcha. Sua história de amor com a música é longa, e sua persistência é inspiradora.
Indira Castro é cubana e cantora de salsa e jazz pelos bares e casas de shows em Porto Alegre. Porém, sua vida nem sempre foi assim. Com 34 anos, ela já foi estudante de Medicina e morou em dois países diferentes antes de desembarcar na capital gaúcha. Sua história de amor com a música é longa, e sua persistência é inspiradora.
Foi nas ruas de Holguin, Cuba, que Indira se apaixonou pelo ofício que seguiu. Nascida em uma família de médicos no início dos anos 1990, sua infância foi marcada pelos grandes apagões do país durante o Período Especial, em tempos de crise econômica devido à dissolução da União Soviética. "Diariamente, ficávamos sem luz, era tudo muito escuro. E na minha família, que é grande, com três casas muito perto uma da outra, todos começavam a cantar nesses momentos", recorda. Foi assim que o amor pelas melodias foi crescendo, até que a pequena Indira, com 10 anos, começou a compor suas próprias canções. "Por não ter acesso a outro idioma, eu não sabia as letras das músicas que eu escutava; comecei a criar minhas próprias composições para cantar quando eu quisesse."
Conforme o tempo foi passando, a música, que seguia presente na vida da jovem, se tornou secundária ao curso de Medicina. No seu quarto ano de faculdade, ela perdeu a mãe por complicações médicas. "Para mim foi muito forte, então parei tudo. Não conseguia nem entrar no hospital." Poucos meses depois, o pai de Indira saiu de casa para morar com a nova família que formou, e ela passou a viver sozinha, pois seu irmão havia se mudado para o Suriname em busca de melhores oportunidades.
Foi aí que a música que corria nas veias da artista resolveu fluir por todo o seu corpo de uma vez por todas. Naquela época, para se tornar cantor, a pessoa passava por um tipo de teste, onde era aprovada ou não. No momento do 'sim', estava apta e autorizada a fazer shows em bares, cabarés e festas. Caso não fossem autorizados e mesmo assim cantassem, os artistas - e os locais onde se apresentavam - eram multados.
Indira foi aprovada, e iniciou sua carreira tocando em Cabarés por duas ou três noites ao mês - o suficiente para garantir seu sustento. No setlist, a tropicália era o gênero mais amado, tanto por ela quanto pelo público.
A artista se casou, teve dois filhos, e percebeu que, por mais que cantasse 30 dias no mês, ainda não era o suficiente para criar duas crianças - afinal, a cantora se viu em um relacionamento abusivo e decidiu ser mãe solo. Ela então voou ao Suriname para tentar, novamente, se reerguer. Foi lá que Indira conheceu seu atual marido, outro cubano que tentava a sorte no estrangeiro.
Por ser apaixonada pelo Brasil e pela cultura e língua brasileira, a família da cantora decidiu se mudar para Porto Alegre e reconstruir suas vidas de uma vez por todas. "Quando chegamos em Porto Alegre, foi muito difícil. Não conseguimos trabalho e sofremos bastante nos primeiros quatro meses", recorda. Para piorar, Indira teve complicações médicas e precisou ficar um tempo de cama. Nesses momentos, ela aproveitava para cantar e postar os vídeos em seu Instagram. Foi a partir daí que sua vida mudou.
Depois de recuperada, a cubana passou a cantar salsa em bares da Capital, conhecendo pessoas influentes e criando uma rede de contatos. Indira se apresentou na competição musical do programa Canta Comigo (Record TV), e lá conquistou a graça de 84 dos 100 jurados. Ela não se classificou, mas voltou pela repescagem e foi validada por 96 jurados. Ainda assim, avalia que essa experiência valeu por tudo o que enfrentou até então. "Para mim, foi como 'começar a existir'. Eu nem era conhecida, ninguém sabia que eu cantava, só poucas pessoas me escutavam. Agora, eu chego aos lugares e falam, 'Ah, é a Indira Cubana!'."
Depois de dois anos, a cantora, com a ajuda de alguns amigos que o caminho da música lhe deu, lançou - no início de julho - seu EP Eso que nunca pasará (2022), na plataforma de música Spotify.
Atualmente, a artista toma conta da cena cultural de Porto Alegre, cantando em bares espalhados pela cidade, e pretende seguir construindo sua história definitiva na capital gaúcha. O álbum conta sua história, abordando suas muitas experiências vividas desde a infância. Dentre as seis faixas do trabalho, estão Obra teatral, que Indira compôs aos 12 anos, e La que canta, escrita em homenagem a todas as mulheres que sofreram abusos em relacionamentos.
 

Notícias relacionadas