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Publicada em 01 de Junho de 2024 às 21:41

Festival Solidário marca reabertura do Bar Opinião

O Papas da Língua foi uma das atrações do evento na noite desta sexta-feira

O Papas da Língua foi uma das atrações do evento na noite desta sexta-feira

Maria Amélia Vargas/Especial/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
O Bar Opinião reabriu as portas nesta sexta-feira (31/05) com o Festival Solidário e casa lotada em noite de solidariedade às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. No palco, nomes consagrados do reggae, rap e rock gaúcho e também novos artistas. Fechado desde o início de maio, o Opinião, na rua José do Patrocínio, sentiu os efeitos da inundação em Porto Alegre quando a água chegou às ruas do bairro Cidade Baixa.
O Bar Opinião reabriu as portas nesta sexta-feira (31/05) com o Festival Solidário e casa lotada em noite de solidariedade às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. No palco, nomes consagrados do reggae, rap e rock gaúcho e também novos artistas. Fechado desde o início de maio, o Opinião, na rua José do Patrocínio, sentiu os efeitos da inundação em Porto Alegre quando a água chegou às ruas do bairro Cidade Baixa.
Cerca de 1,5 mil pessoas garantiram o ingresso mediante a doação de 2kg de alimento não-perecível ou 1kg de ração animal para cachorro ou gato. Os shows foram transmitidos pelo YouTube do Opinião, e era possível fazer doações via Pix. Além disso, os artistas participantes não cobraram cachê.
A primeira atração da noite foi uma das bandas representantes da nova cena porto-alegrense, a Frescoboys, formada há um ano. Estreando no palco do Opinião, o grupo, formado por Erick Endres (guitarra e voz), Caio Mello (baixo), Bruno Neves (bateria) e Bárbara Martins (voz, teclado e sax) trouxe clássicos da música brasileira como “Alô, alô marciano”, de Elis Regina, e canções próprias. “Participar de um evento solidário como esse é muito importante, tem muito trabalho pela frente. É hora de estar junto com as pessoas e encontrar quem a gente gosta, de recarregar as energias pra seguir em frente”, disse Bárbara.
O segundo a subir no palco foi o Papas da Língua, que voltou a fazer turnês neste ano. Serginho Moah (vocal, violão e guitarra), Léo Henkin (guitarra e violão), Zé Natálio (baixo) e Fernando Pezão (bateria) desfilaram os clássicos dos 30 anos da banda. “É um momento difícil que Porto Alegre e o Rio Grande do Sul estão vivendo, mas com o coração lindo que nós temos estamos aqui pra ajudar a galera que está precisando e vamos começar com um pedido de que o sol volte a brilhar”, falou Moah antes de abrir o repertório com “Um dia de sol”, seguida por “Viajar”, “Ela vai passar”, “Eu sei”, “Lua cheia/Fica doida” e “Blusinha Branca”.
O Festival seguiu com o reggae da Produto Nacional, formada por Paulo Dionísio (vocal), Tom Jr. (guitarra), Isnard Prates (baixo), Jorge Cidade (saxofone), Renato Batista (trompete) e João Costa (bateria). A primeira música, “Esperança”, mandou a mensagem que foi passada em vários momentos da noite. “Essa é a vibração que tem que chegar nas pessoas que não estão como nós aqui. Tenho certeza que se essa vibração se expandir daquela porta ali, muita coisa vai ficar tranquila”, projetou Paulo Dionísio. Depois vieram as canções “Nação”, “Lamento (Pessoas Sem Nomes)” e a nova “O Amor é o guia”.
O rap tomou conta do Opinião, começando com Cristal, que já foi indicada ao Prêmio Multishow na categoria Brasil e participou da turnê do Emicida. “Kawo”, “Ambição”, “No Role Modelz”. "Redial” e “Ashley Banks”. Antes da terceira canção, “No Role Modelz”, Cristal falou emocionada à plateia: “Eu vou mandar um papo aqui, que é uma música muito importante e eu queria dedicar a todas as vítimas, todos nós que de certa forma fomos afetados por essa grande tragédia. Hoje é um momento de encontro, de celebrar também a nossa vida, a cultura e eu queria dizer que a cultura também deveria fazer parte da cessa básica. Todo ser humano precisa de cultura para seguir a vida, para respirar, para viver. E é isso que a gente está fazendo aqui hoje, certo? Então muito barulho pra cultura!”.
Saindo de uma jovem estrela para um dos maiores nomes do rap nacional foi a vez da Da Guedes, que começou há 30 anos e conta DJ Deeley, Nitrodi, Baze, Soldado Spaw e Bira Mattos. Eles apresentaram “Ira Santa”, “O Tempo Passa”, “Passe livre” e “Não Para”. Na hora de “Peleia”, da banda Ultramen, as 1,5 mil pessoas presentes no Opinião cantaram em coro os versos ‘Não podemos se entregar pros ômi de jeito nenhum/Não tá morto quem peleia amigo sob o céu azul/Não podemos se entregar pros ômi de jeito nenhum/Somos todos brasileiros do Rio Grande do Sul’.
O show seguiu com “Bem Nessa”, mas “Poa” ficou de fora. “Tem uma música que quando a gente começou a montar o playlist pra essa noite, a gente lembrou que o primeiro verso do refrão dizia que ‘mais uma noite em Porto Alegre e tá tudo bem’. Como é que nós vamos cantar uma parada dessa hoje, com tanta gente que não tá tudo bem, que não tá com nós aqui, que tá num abrigo, certo? Aí, quer que valorize os bichinhos também? Levanta a mão. Mas é o seguinte, ó. Essa solidariedade tem que chegar em quem precisa”, mandou Nitrodi. “Mas a gente acredita que tudo vai ficar bem. A gente tem que chorar nossas perdas. Se tiver que viver o nosso luto, a gente tem que viver mesmo. Tem que se permitir, se permitir esse sentimento, e nunca esquecendo que tudo vai ficar bem”, complementou Soldado Spaw. A Da Guedes encerrou a participação no Festival Solidário com “Dr Destino”.
Duda Calvin, ex-Tequila Baby, entrou no palco já na madrugada de sábado acompanhado dos The Punk Rockers - na guitarra Fredi Chernobyl (Comunidade Nin-Jitsu), no baixo Franklin Medeiros (O Surto) e na bateria Felipe Chagas (Maria do Relento). O setlist mesclou canções da Tequila Baby como “Melhor do que você pensa”, “Menina Linda”, “Sexo, Algemas & Cinta-Liga” e “Velhas Fotos” com “A Cera” (O Surto).
A música nova “Rose” foi o gancho para uma mensagem de esperança de Duda. “É uma música que fala sobre seguir em frente. Vamos lá, não vamos baixar a guarda nunca e ela tem uma parte muito bonita que diz assim ‘roses são rosas brancas’ que é esperança, é isso aí, Rio Grande do Sul”, incentivou.
Juntando rock, rap, funk carioca, muitos riffs de guitarra e samplers a Comunidade Nin-Jitsu segue com Mano Changes (vocalista), Fredi Chernobyl (guitarra, backing vocal e programações), Nando Endres (baixo) e Pancho (bateria).
O quarteto tocou “Não aguento mais”, “Melô do analfabeto”, “Ejaculação precoce”, “Toda molhada”, “Detetive”, “Merda de bar”, “Ah! Eu tô sem erva” e uma versão de “Amigo Punk”, da Graforréia Xilarmônica. Mano Changes saudou a plateia e ressaltou a importância da união no momento atual no Rio Grande do Sul. “Os artistas foram os primeiros a parar na pandemia e os últimos a voltar, é óbvio que a gente acaba tendo que transferir um monte de shows mas podem ter certeza que vai ser um, vai ser dois, vai ser três anos, eu não sei, a gente vai estar aqui nesse palco e em muitos palcos do nosso Estado pra reerguer o que a gente faz e o que a gente tem orgulho. Esse tem que ser o significado de tudo isso, vamos junto!”, afirmou o vocalista.
Fechando a noite, Tenente Cascavel, que reúne ex-membros do TNT e Cascavelletes - precursores do rock gaúcho nos anos 1980. Tchê Gomes (guitarra e vocal), Fábio Ly (bateria), Márcio Petracco (guitarra e vocal), Paulo Arcari (violão e vocal) e Humberto Petinelli (piano), fizeram uma viagem no tempo com os clássicos “Cachorro louco”, “Identidade Zero”, “Nunca mais voltar”. “O Mundo é Maior que o Teu Quarto”, “A irmã do Doctor Robert”, “Sob um céu de blues” e “Não sei”.
Frank Jorge não participou do Festival Solidário porque está em Buenos Aires e foi substituído por Felipe Narciso no baixo. O show da Tenente Cascavel teve falas sobre voto consciente e vaias à administração da prefeitura de Porto Alegre e ao governo do Rio Grande do Sul.

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