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Publicada em 23 de Maio de 2024 às 16:25

Cia. Ronald Radde trabalha para reconstruir sua sede, após alagamento no Teatro do Museu do Trabalho

Ocupado pela companhia teatral, o local ficou bastante prejudicado com a inundação ocasionada pelas cheias no Guaíba

Ocupado pela companhia teatral, o local ficou bastante prejudicado com a inundação ocasionada pelas cheias no Guaíba

Vinícius Mello/Divulgação/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
A inundação que tomou conta das ruas do Centro Histórico na primeira quinzena de maio destruiu parte dos equipamentos e materiais cênicos da Cia. Ronald Radde. Instalado no Teatro do Museu do Trabalho (Rua dos Andradas, 230), o grupo coordenado pela diretora Karen Radde e o produtor Vinícius Mello agora busca reconstruir o espaço, que também sofreu danos, contando com a ajuda da comunidade e de parceiros de trabalho.
A inundação que tomou conta das ruas do Centro Histórico na primeira quinzena de maio destruiu parte dos equipamentos e materiais cênicos da Cia. Ronald Radde. Instalado no Teatro do Museu do Trabalho (Rua dos Andradas, 230), o grupo coordenado pela diretora Karen Radde e o produtor Vinícius Mello agora busca reconstruir o espaço, que também sofreu danos, contando com a ajuda da comunidade e de parceiros de trabalho.
Afetados pelo alagamento da sede da companhia teatral, os artistas estão com as atividades suspensas desde o início do mês - quando iniciou a devastação causada pelas enchentes em diversos municípios do Estado -, mas retornaram ao local nesta segunda-feira (20) para realizar a retirada da lama do espaço cultural. "Por enquanto, só conseguimos fazer uma limpeza inicial, até porque estamos sem luz, e tendo que fazer tudo com uma lanterna na mão. Certamente, devido à quantidade de sujeira - que inclui restos de peixes mortos e a presença de ratos e baratas, além de objetos danificados -, teremos que convocar um mutirão para poder concluir essa tarefa", afirma Karen.  
O Museu do Trabalho e o Teatro do Museu ocupam galpões próximos à Usina do Gasômetro, região onde as águas devastaram outra série de empreendimentos. Locado, desde 2020, pela Companhia - anteriormente denominada Cia de Teatro Novo, e fundada pelo dramaturgo e diretor Ronald Radde (falecido em abril de 2016, aos 71 anos) - o galpão do Teatro havia passado por uma reforma, há cerca de dois anos. "Desde que nos estabelecemos na sede, já passamos por uma série de dificuldades, incluindo o período de isolamento da pandemia de Covid-19, que nos impediu de trabalhar, e, nos anos seguintes, as dificuldades em levar o público aos espetáculos, além de problemas com o teto e o palco do espaço que ocupamos (por isso a reforma)", comenta Karen, que é filha do ex-diretor da Companhia. "Este ano, estávamos começando a engrenar. Agora, iremos ter que retomar a luta."
Segundo Mello, que é sócio de Karen nos negócios da Cia. Ronald Radde, logo que iniciou a inundação no Centro da Capital, ele chegou a ir no Teatro do Museu, para "tentar salvar alguma coisa". "Já naquele momento, na primeira semana das chuvas que afetaram todo o Estado, as águas já haviam estragado o palco, o carpete, pelo menos três cenários e sapatos de espetáculos, as poltronas do Teatro e equipamentos de som e luz (neste caso, os refletores, que estavam no chão)", afirma o produtor. "Foi tudo muito rápido, não deu para salvar nada que estava no andar térreo. Pelo menos, o que estava no alto - a exemplo dos figurinos das peças - se manteve", informa. "Além dos equipamentos já estarem tomados por ferrugem e oxidados, naquela semana também já era possível sentir o cheiro de peixe podre. Ainda não temos noção do prejuízo que isso tudo gerou."
"A gente vive de teatro, então iremos começar de novo", ressalta Karen, emendando que - graças ao escoamento da água nesta semana - ela e o sócio conseguiram entrar no local "de botas, luvas e máscaras", para lavar todo o camarim com uma mangueira e retirar a lama também debaixo das arquibancadas, do escritório e da área de armazenamento técnico. "Nesta empreitada, infelizmente encontrei um arquivo de fotos e documentos históricos da época da Cia. Teatro Novo, totalmente destruído", lamenta Mello.
Para além de perdas materiais, a dupla que coordena os trabalhos da Companhia enumera outros prejuízos, a partir do alagamento no local. "Alguns profissionais que locam o nosso espaço para oficinas de arte (como teatro e música) não irão poder mais trabalhar ali na sede, por enquanto. Também tínhamos viagens para apresentações teatrais em outras cidades, que já estavam programadas, mas está tudo cancelado", sinaliza. "Nosso trabalho sempre foi de formação de plateia. Por isso, também realizamos espetáculos infantis e infanto-juvenis para escolas, tanto recebendo turmas de estudantes (o que agora é inviável) como indo até colégios. Espero que possamos retomar isso em breve, pois infelizmente essas atividades também foram suspensas por enquanto." Karen conta que, paralelamente ao trabalho de limpeza no Teatro do Museu, o grupo está "tentando ajudar" outras pessoas "de alguma maneira".
"Apesar de ser positiva, o que vejo é um cenário de guerra, porque nenhuma das muitas dificuldades que já enfrentamos é comparável a essa. Ainda assim, estamos fazendo uma campanha geral pela nossa página do Instagram, pedindo doações em dinheiro (chave Pix: [email protected]) e materiais de limpeza. Também criamos um formulário para ser preenchido por quem quiser ajudar no mutirão, que pretendemos fazer nos próximos dias. Neste caso, é preciso acessar o site da Companhia (ciaronaldradde.com), para se cadastrar. "Desde que iniciamos a campanha, já recebemos muitas ligações, com muitas pessoas querendo ajudar. Faremos o mutirão assim que as chuvas que reiniciaram nesta quinta-feira (23) passarem, com a meta de poder retomar as atividades no final de junho. Somos, desde já, muito gratos a todos que estão nos apoiando", destaca Karen. "Só de saber que tem gente olhando por nós, já deixa a mente mais tranquila. É muito estrago que vamos enfrentar", concorda Mello.
 

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