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Publicada em 09 de Maio de 2024 às 18:46

Sede da Terreira da Tribo está entre prédios atingidos pelo alagamento no 4º Distrito

Água danificou equipamentos de luz e som, instrumentos, diversos cenários e materiais de pelo menos sete espetáculos de repertório do Ói Nóis Aqui Traveiz

Água danificou equipamentos de luz e som, instrumentos, diversos cenários e materiais de pelo menos sete espetáculos de repertório do Ói Nóis Aqui Traveiz

Eugênio Barboza/Divulgação/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Afetada pelas águas da maior enchente da história de Porto Alegre, a sede da Terreira da Tribo, localizada na rua Santos Dumont, no bairro São Geraldo, está entre prédios atingidos pelo alagamento no 4º Distrito. Segundo a atuadora e produtora Tânia Farias, ainda não é possível mensurar o tamanho do estrago, mas nesta terça-feira (7) alguns dos integrantes da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz estiveram no local e constataram que houve perda total dos equipamentos de luz, som e vídeo, instrumentos musicais, cenários, figurinos, máscaras e adereços de pelo menos sete espetáculos de repertório do coletivo teatral.
Afetada pelas águas da maior enchente da história de Porto Alegre, a sede da Terreira da Tribo, localizada na rua Santos Dumont, no bairro São Geraldo, está entre prédios atingidos pelo alagamento no 4º Distrito. Segundo a atuadora e produtora Tânia Farias, ainda não é possível mensurar o tamanho do estrago, mas nesta terça-feira (7) alguns dos integrantes da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz estiveram no local e constataram que houve perda total dos equipamentos de luz, som e vídeo, instrumentos musicais, cenários, figurinos, máscaras e adereços de pelo menos sete espetáculos de repertório do coletivo teatral.
"A única certeza que temos nesse momento, é de que o prejuízo vai além desses danos materiais, uma vez que, sem esses elementos cênicos, ficamos impossibilitados de trabalhar realizando apresentações dos espetáculos (para buscar recursos)", afirma a atuadora. Ao lado do fundador do coletivo, Paulo Flores, Tânia integra um núcleo de dez pessoas responsáveis pela administração do Ói Nóis Aqui Traveiz e da Terreira da Tribo. "No total, somo 24 pessoas trabalhando diariamente, em diferentes funções", destaca a atuadora, emendando que alguns dos integrantes do grupo tiveram que abandonar suas casas por conta dos impactos da enchente no Estado.
Isolado desde sexta-feira (3), por conta da inundação do Guaíba, o 4º Distrito segue alagado, e foi necessário o uso de uma prancha e de um bote, para que os integrantes acessassem o prédio da Terreira, para registrar os estragos no local. Nesta quinta-feira (9), o nível da água dentro do espaço era de mais de 1 metro. "A Terreira da Tribo (nosso teatro, escola) está embaixo d'água, um dos atuadores esteve lá e fotografou (o andar térreo), que estava com aproximadamente 1,50 m de água", postou Tânia no Instagram do coletivo. 
"Ainda que estejamos todos seguros e inclusive trabalhando voluntariamente em diversas redes para minimizar a dor das vítimas dessa tragédia que abalou o Rio Grande do Sul, consideramos fundamental expôr a situação, para que nossos governantes saibam que a Cultura também vai precisar se reconstruir", esclarece a atuadora. "No atual momento, sabemos que a tarefa mais importante a ser feita é ir até o limite para deixar as pessoas afetadas pela enchente em segurança, com um teto, roupa seca, cama seca, comida e água", afirma Tânia. Ela pondera, que quando for possível retornar ao espaço do coletivo, o grupo deverá realizar um mutirão para trabalhar na reconstrução da Terreira. "Esperamos poder contar com a ajuda de outras pessoas, nessa iniciativa, mas outra forma de contribuir seria apoiando financeiramente o Ói Nóis. Mas ainda não estamos divulgando Pix nem iniciamos uma campanha, isso será feito mais adiante."
Além do material imediato, que foi totalmente comprometido, a água também destruiu livros e boa parte do acervo dos 46 anos de atividades da Tribo de Atuadores. "Perdemos uma parte significativa da memória do teatro gaúcho e brasileiro, considerando que o Ói Nóis é um dos coletivos mais longínquos do País", lamenta a Tânia. Segundo a artista, o grupo já havia digitalizado 1.200 itens de seu acervo bidimensional (fotos, documentos, matérias de jornais, entre outros), e estava por iniciar o mesmo processo com o patrimônio tridimensional criado ao longo de sua trajetória, a exemplo de cenografia, bonecos, figurinos, máscaras e adereços cênicos.
Ainda segundo Tânia Farias, o grupo ainda precisa acessar um segundo depósito, localizado na av Missões, onde está guardada uma outra parte do arquivo material do coletivo. "Aquela região também foi alagada, então imagino que há outros cenários, bonecos, máscaras, entre outros elementos, também debaixo d' água." A artista afirma que, apesar de tudo, o grupo está determinado a reconstruir o que for possível. "Não sei se tem condição de continuarmos na sede, pois o tablado de madeira, a instalação elétrica, e o espaço estão completamente precarizados; perdemos tudo que a gente tinha para trabalhar, mas vamos lutar para que o Ói Nóis não morra˜, afirma. "Resistiremos e sobreviveremos a essa tragédia, que é também resultado de negligência política."
 

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