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Publicada em 07 de Maio de 2024 às 18:21

Artistas se mobilizam para ajudar vítimas das enchentes

Situação da Casa de Cultura Mario Quintana, tomada pelas águas que cobrem o Centro Histórico, é símbolo dos tempos difíceis 
para a cultura de Porto Alegre

Situação da Casa de Cultura Mario Quintana, tomada pelas águas que cobrem o Centro Histórico, é símbolo dos tempos difíceis para a cultura de Porto Alegre

Anselmo Cunha/AFP/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
A situação de calamidade pública por conta das enchentes que atingiram diversas cidades do Rio Grande do Sul tem mobilizado artistas de todo o País, principalmente pelas redes sociais, para reunir doações aos mais de 850 mil desabrigados no Estado. Ao todo, desde a última quinta-feira (3), mais de 20 mil pessoas e pelo menos 3,5 mil animais foram resgatados - e ainda há muita gente aguardando socorro.
A situação de calamidade pública por conta das enchentes que atingiram diversas cidades do Rio Grande do Sul tem mobilizado artistas de todo o País, principalmente pelas redes sociais, para reunir doações aos mais de 850 mil desabrigados no Estado. Ao todo, desde a última quinta-feira (3), mais de 20 mil pessoas e pelo menos 3,5 mil animais foram resgatados - e ainda há muita gente aguardando socorro.
Para além das campanhas do governo do Estado, Defesa Civil e entidades em busca de ajuda imediata e também para a reconstrução da vida dessas pessoas, a população tem se articulado como pode, tanto colaborando com alimentos, roupas, remédios e doações em dinheiro, como se voluntariando para ajudar nos abrigos. Nesse mesmo ritmo, artistas como Xuxa Meneghel, Anitta e Whindersson Nunes se cotizaram para oferecer doações em dinheiro, com materiais e até espetáculos que possam ser revertidos em recursos, a serem destinados para os moradores das cidades atingidas.
Nomes como Gisele Bündchen, Luísa Sonza e o sertanejo Gusttavo Lima também articularam iniciativas para arrecadar recursos em meio às inundações. Nesta segunda-feira (6), o cantor, que anunciou no Instagram que irá doar todo o cachê de seu próximo show (no valor de R$ 100 mil) para organizações de apoio aos desabrigados no Estado, aterrissou no Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul, com seis toneladas de donativos, como colchões e medicamentos. 
Acompanhando esse movimento, nesta segunda-feira outros grupos de artistas iniciaram mobilização conjunta, realizando doações em dinheiro e ajudando na divulgação das várias formas de enviar auxílio para a população atingida. Entre eles está a cantora e atriz paulista Cida Moreira, que por muitos anos residiu em território gaúcho. 

"Eu faço parte de três grupos que estão se mobilizando, com novas ideias (de ação solidária) a cada momento", afirma a artista. "Estamos realizando contribuições para todo tipo de coisa, incluindo alimentos e remédios. Parte desses donativos está sendo destinada para a Defesa Civil do RS, mas ainda não temos ideia de quanto já arrecadamos", emenda. A cantora destaca que, em São Paulo, "além de várias Ongs, muitas pessoas (da sociedade civil) estão se movimentando para ajudar". "São muitas colaborações, que surgem de toda parte, incluindo doações de muito artistas gaúchos que moram em São Paulo e têm parentes e amigos no Rio Grande do Sul. Nossa vontade era de poder estar perto deles; estamos muito arrasados com essa tragédia, que é resultado de escolhas políticas (equivocadas)."
A atriz carioca Bia Sion, que também fez doações e está compartilhando o pix do governo do Estado, destaca que, nos últimos dias, também está contatando muitos amigos, para saber como estão, além de ter se certificado que espaços culturais, como o Café Fon Fon, onde se apresentou diversas vezes, e o Hotel Praça da Matriz, onde costumava se hospedar, não haviam sido impactados.
Dentre as doações que chegam de estados do Sudeste, além de dinheiro, ainda estão sendo arrecadados alimentos de cesta básica, produtos de higiene pessoal, material de higiene a seco, e roupas. Os itens devem chegar gratuitamente pelos Correios, após uma iniciativa da agência, divulgada no início desta semana.

Classe artística reivindica recursos emergenciais aos contemplados em editais

Em meio à crise extrema, que ainda está em curso no Rio Grande do Sul, os trabalhadores gaúchos do setor cultural contemplados nos editais da Lei Paulo Gustavo (LPG) iniciaram, neste domingo (5), um movimento reivindicando que a Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac-RS), por intermédio do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais (Pró-cultura RS), proceda a liberação imediata dos recursos emergenciais aos contemplados nos editais nº 08, 09, 10, 11 e 12, já repassados pelo Governo Federal aos cofres estaduais em caráter emergencial, em 2023. A lista dos contemplados 230 contemplados foi publicada em fevereiro de 2024.
"Viemos a público lançar esta campanha neste momento de calamidade pública porque muitos dos nossos companheiros perderam tudo", afirma o joalheiro e escultor Cesar Cony, da cidade de Antônio Prado, contemplado no Edital nº 12/2023 - Criação Artística. "Estamos solicitando a imediata liberação destes recursos para os artistas e produtores por uma questão de sobrevivência. Muitos de nossos companheiros perderam tudo, assim como milhares de outros gaúchos, ao que pedimos o apoio da sociedade", emenda. 
Em nota enviada ao Jornal do Comércio, a Sedac/RS anunciou que está "atuando para tomar providências em relação aos projetos culturais contemplados por editais em municípios afetados pela tragédia climática em curso". O texto destaca, ainda, que "a pasta também está atenta aos editais em andamento e busca executar ações de adequação à realidade que se apresenta".
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria, "as definições serão informadas em momento oportuno no site e nas redes sociais da Sedac". Ainda de acordo com a nota, "a Secretaria estuda, oportunamente, lançar edital de apoio, mas em concomitância com as deliberações e decisões do Estado, já que todos os esforços do governo, neste momento, estão concentrados em salvar e preservar vidas."

Em meio ao avanço da água do Guaíba, espaços culturais sofrem com alagamentos em Porto Alegre

Pelo menos dois espaços culturais sofreram alagamentos, em meio ao avanço das águas do Guaíba, que chegou a ter seu nível acima de 5 metros no decorrer do final de semana.
A cidade tem sido afetada pela pior enchente de sua história e diversos bairros da capital gaúcha precisaram ser evacuados, entre os quais a Cidade Baixa e o Quarto Distrito, onde estão, respectivamente o Espaço 512 e o Gravador Pub. Ambos locais foram atingidos pela cheia, e seus proprietários somam prejuízos.
Para se ter uma ideia, a água subiu cerca de 1,20cm no espaço do bar e 1,70cm na parte da cozinha, causando perda total do mobiliário no Gravador Pub, localizado na rua Conde de Porto Alegre. A estimativa é de que outros muitos empreendedores de bares, restaurantes e casas de shows tenham perdido mobiliários, equipamentos e alimentos armazenados, mas somente após o nível da água baixar é que poderá ser feita uma avaliação concreta. 
 

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