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Publicada em 09 de Abril de 2024 às 16:24

Jethro Tull volta a Porto Alegre trazendo sete décadas de rock progressivo

Banda liderada pelo flautista Ian Anderson estará no Auditório Araújo Vianna nesta quarta-feira

Banda liderada pelo flautista Ian Anderson estará no Auditório Araújo Vianna nesta quarta-feira

TRAVIS LATAM/DIVULGAÇÃO/JC
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Igor Natusch
O tempo, muitas vezes, se move de maneiras estranhas. Para os fãs da banda inglesa Jethro Tull, a apresentação que acontece nesta quarta-feira (10), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (avenida Osvaldo Aranha, 685) terá o poder quase mágico de unir as pontas de cinco anos de espera. Originalmente agendado para 2019, o show foi adiado pela chegada da pandemia, e teve pelo menos outras duas datas antes de ser, enfim, confirmado para abril de 2024. Ainda há ingressos, por valores a partir de R$ 300,00, disponíveis no Sympla.Nesse intervalo de tempo, muita coisa mudou. O show, que originalmente celebraria o período mais tipicamente prog rock da banda nos anos 1970, agora promove o envolvente álbum de inéditas Rökflöte (2023) - nada menos que o segundo lançado pela banda desde então, já que o grupo liderado pelo vocalista, flautista e compositor Ian Anderson gravou antes dele o igualmente interessante The Zealot Gene (2022). Assim, o show em Porto Alegre deve trazer Anderson e os demais músicos - Joe Parrish (guitarra), David Goodier (baixo), John O'Hara (teclado) e Scott Hammond (bateria) - revezando faixas mais recentes como Mine is the Mountain e The Navigators com clássicos como Farm on the Freeway, Heavy Horses, Locomotive Breath e Aqualung. Não por acaso, a turnê vem sendo chamada de The Seven Decades (As Sete Décadas), realçando o fato de que o Jethro Tull está por aí, trazendo sua mescla de prog, folk e experimentações desde os anos 1960 - e, diga-se, sem sinal de parar tão cedo.
O tempo, muitas vezes, se move de maneiras estranhas. Para os fãs da banda inglesa Jethro Tull, a apresentação que acontece nesta quarta-feira (10), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (avenida Osvaldo Aranha, 685) terá o poder quase mágico de unir as pontas de cinco anos de espera. Originalmente agendado para 2019, o show foi adiado pela chegada da pandemia, e teve pelo menos outras duas datas antes de ser, enfim, confirmado para abril de 2024. Ainda há ingressos, por valores a partir de R$ 300,00, disponíveis no Sympla.

Nesse intervalo de tempo, muita coisa mudou. O show, que originalmente celebraria o período mais tipicamente prog rock da banda nos anos 1970, agora promove o envolvente álbum de inéditas Rökflöte (2023) - nada menos que o segundo lançado pela banda desde então, já que o grupo liderado pelo vocalista, flautista e compositor Ian Anderson gravou antes dele o igualmente interessante The Zealot Gene (2022). Assim, o show em Porto Alegre deve trazer Anderson e os demais músicos - Joe Parrish (guitarra), David Goodier (baixo), John O'Hara (teclado) e Scott Hammond (bateria) - revezando faixas mais recentes como Mine is the Mountain e The Navigators com clássicos como Farm on the Freeway, Heavy Horses, Locomotive Breath e Aqualung. Não por acaso, a turnê vem sendo chamada de The Seven Decades (As Sete Décadas), realçando o fato de que o Jethro Tull está por aí, trazendo sua mescla de prog, folk e experimentações desde os anos 1960 - e, diga-se, sem sinal de parar tão cedo.
"Bem, houve uma série de situações internacionais que tiveram peso decisivo em definir quando e onde poderíamos tocar ao vivo", diz Ian Anderson em entrevista ao Jornal do Comércio. "Obviamente, a Covid foi um choque enorme para todos, e, como todo mundo ao redor do mundo, tivemos que empurrar nossos shows constantemente para a frente, já que não queríamos cancelá-los. Acho que o recorde foi na Finlândia. Chegamos lá em fevereiro de 2020 e, assim que fizemos check in no hotel, recebemos uma mensagem da produção dizendo que o governo havia cancelado todas as atividades públicas devido à Covid. O show foi reagendado quatro vezes, e só foi acontecer em 2023", recorda o músico.
Mudanças que, no mundo caótico de hoje, vão além das preocupações sanitárias. "Eu deveria ter ido à Rússia para uma turnê ano passado, e devido à situação na Ucrânia tivemos não apenas que postergar, mas cancelar esses shows. Fui convidado para tocar em Israel e, no momento, não é um lugar para o qual eu deseje ir, por uma série de questões não apenas de segurança, mas éticas também. E agora estaremos no Brasil porque, depois de adiar os shows por causa da Covid e de questões econômicas, a situação se acomodou e as pessoas ainda têm os ingressos (que compraram no passado), é claro."
Tanto The Zealot Gene quanto Rökflöte demonstram a disposição especial de Ian Anderson para compor canções que fujam, tanto em sonoridade quanto nas letras, das avenidas tradicionais do rock em geral. No primeiro deles, citações da Bíblia Sagrada serviram de inspiração para "escrever meus próprios salmos", como diz o próprio; já em Rökflöte, a ideia foi revisitar elementos da mitologia nórdica, região de onde Anderson acredita que vieram seus ancestrais. "Mas gostaria de deixar bem claro que estou olhando para a mitologia nórdica de uma forma leve e bem humorada. Não me seduz de forma alguma o lado negro, o nacionalismo, a questão de supremacia racial explorada pelos nazistas. Me distancio ao máximo dessas coisas", acentua.
De fato, Rökflöte é um álbum leve, com alguns momentos de exagero até - que acabam funcionando bastante bem dentro da proposta sonora em questão. "Em The Zealot Gene, eu traço um paralelo entre Lot e sua esposa transformada em um pilar de sal, quando se voltou para olhar a destruição em Sodoma e Gomorra, e o lançamento da primeira bomba atômica em Hiroshima, em agosto de 1945. Então, não é como se eu estivesse fazendo uma piada, mas sim traçando paralelos entre esses sistemas de crença e o mundo em que vivemos."
Propostas que, sem dúvida, demandam tempo para serem absorvidas - ainda mais em tempos como os nossos, de déficit de atenção e rotinas que não parecem combinar com o processo de sentar e escutar um álbum na íntegra. "Acho que (a duração de um álbum) é um período conveniente de tempo para expressar não apenas uma, mas várias ideias. Se você vai assistir um filme, ele provavelmente vai durar algo em torno de duas horas. Se durar três, será muito longo; se durar apenas uma hora, não terá realmente a duração necessária. Se você for a um concerto e ele durar mais de duas horas, vai parecer longo demais. Eu nunca conseguiria encarar um show completo do Bruce Springsteen, por exemplo, porque ele toca por mais de três horas. Eu fui a um concerto dele, há muitos anos, e fui embora depois de duas horas, porque não aguentava mais tanto barulho", relembra, com bom humor.
Afinal, por mais que o tempo passe, ele às vezes exige de nós um pouco de paciência - ou, quem sabe, de persistência, como os fãs que muito esperaram pelo Jethro Tull podem confirmar. "Quando me sento para escrever novas músicas - seja em 1972, quando escrevi Thick as a Brick, ou há um ano e meio, quando estava escrevendo Rökflöte - eu apenas acordo pela manhã e vou trabalhar (em novas ideias), tentando ser criativo. Tento chegar a alguma coisa até a hora do almoço, e então vou elaborando durante a tarde. É uma questão de disciplina, eu não fico esperando pela inspiração, eu vou atrás dela. Eu acordo de manhã e vou trabalhar como um compositor, do mesmo modo que faria se estivesse construindo pontes ou trabalhando no caixa de um supermercado."

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