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Publicada em 12 de Novembro de 2023 às 16:39

Em Porto Alegre, Jorge Drexler faz seu maior show no Brasil e canta para mais de 5 mil pessoas

"Eu nunca toquei para tanta gente no Brasil", disse Drexler emocionado

"Eu nunca toquei para tanta gente no Brasil", disse Drexler emocionado

Instragram/Reprodução/JC
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Diego Nuñez
O cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler retornou a Porto Alegre para embalar mais de 5 mil pessoas em uma noite mágica, neste que foi o seu maior show no Brasil. A turnê Tiempo y Tinta inverteu o nome do álbum que intitulou a turnê durante o show do artista em setembro do ano passado. Nesta passagem, Drexler mostrou versatilidade, ao adicionar elementos, mas preservar a essência de seus espetáculos. Drexler retornou a uma cidade apaixonada por ele, em uma noite que tudo se transformou em Porto Alegre. A sintonia de público e artista era tamanha que o Gigantinho pareceu pintar-se de um pequeno reduto de Montevidéu às margens do Guaíba, onde o público entoava suas canções a plenos pulmões y hasta mismo este pedazo noticia en este periódico se contaminó con el hermoso español uruguayo.Não à toa Drexler escolheu a cidade para receber o maior show dentre todos de suas passagens no Brasil. Ele simplesmente combina com Porto Alegre. E Porto Alegre combina com ele. Não eram poucas as pessoas que sabiam de cor quase a totalidade das canções. Logo no início do show, o artista quis saber quem também havia estado presente em sua última passagem na capital gaúcha, quando se apresentou no Araújo Vianna. Para a surpresa do próprio artista, a imensa maioria ergue as mãos – fato que arrancou um riso sincero do uruguaio: “isso que é persistência”, brincou. “Um ato de amor”. “Eu nunca toquei para tanta gente no Brasil. O Rio Grande do Sul e Porto Alegre sempre me abriram portas. Isso é um sonho”, disse, claramente agradecido e expressando uma felicidade genuína do início ao fim do espetáculo. Tão integrado o cantor está com a cidade que foi avistado na boêmia Cidade Baixa, durante a noite anterior ao espetáculo, cantando em uma roda de samba no bar Armazém do Campo – fato ressaltado durante a apresentação. Badalado pela energia do público, Drexler correspondeu. Ao entrar no palco, fez gesto de abraço ao público, se ajoelhou e beijou o show do palco. Rapidamente emergindo de braços abertos em direção à plateia, se mostrava à vontade a atmosfera. Banda, da mesma forma. Ainda que em composição diferente da última passagem. Restou, aos fãs, admirar. Aproveitar o show não apenas como espectador, mas como parte. É o poder de Drexler. Envolver. Causar pertencimento. Transmitir sensações que não se traduzem como pertences, mas como bagagem. O uruguaio abriu o espetáculo ao som de El Plan Maestro, canção em parceria com o panamenho Rubén Blades que abre o álbum Tinta y Tiempo. Em seguida, emendou o sucesso Deseo, do álbum Eco, lançado em 2004, Corazón Ímpar, também do álbum mais recente, e Fusión (Eco) – mesma ordem das demais apresentações no País e do show de 2022 na capital gaúcha.Como na última vez, usou a metáfora das metades da laranja para mostrar as contradições naturais da arte, metamorfa, que muda e se transforma a todo momento. Escreve Corazón Ímpar para dizer que toda pessoa é completa, uma laranja de duas metades, mas em seguida canta o inverso em Fusión: ¿Dónde termina tu cuerpo y empieza el mío? / A veces me cuesta decir / Siento tu calor, siento tu frío / Me siento vacío si no estoy dentro de ti.
O cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler retornou a Porto Alegre para embalar mais de 5 mil pessoas em uma noite mágica, neste que foi o seu maior show no Brasil. A turnê Tiempo y Tinta inverteu o nome do álbum que intitulou a turnê durante o show do artista em setembro do ano passado. Nesta passagem, Drexler mostrou versatilidade, ao adicionar elementos, mas preservar a essência de seus espetáculos.

Drexler retornou a uma cidade apaixonada por ele, em uma noite que tudo se transformou em Porto Alegre. A sintonia de público e artista era tamanha que o Gigantinho pareceu pintar-se de um pequeno reduto de Montevidéu às margens do Guaíba, onde o público entoava suas canções a plenos pulmões y hasta mismo este pedazo noticia en este periódico se contaminó con el hermoso español uruguayo.

Não à toa Drexler escolheu a cidade para receber o maior show dentre todos de suas passagens no Brasil. Ele simplesmente combina com Porto Alegre. E Porto Alegre combina com ele. Não eram poucas as pessoas que sabiam de cor quase a totalidade das canções.

Logo no início do show, o artista quis saber quem também havia estado presente em sua última passagem na capital gaúcha, quando se apresentou no Araújo Vianna. Para a surpresa do próprio artista, a imensa maioria ergue as mãos – fato que arrancou um riso sincero do uruguaio: “isso que é persistência”, brincou. “Um ato de amor”.

“Eu nunca toquei para tanta gente no Brasil. O Rio Grande do Sul e Porto Alegre sempre me abriram portas. Isso é um sonho”, disse, claramente agradecido e expressando uma felicidade genuína do início ao fim do espetáculo.

Tão integrado o cantor está com a cidade que foi avistado na boêmia Cidade Baixa, durante a noite anterior ao espetáculo, cantando em uma roda de samba no bar Armazém do Campo – fato ressaltado durante a apresentação.

Badalado pela energia do público, Drexler correspondeu. Ao entrar no palco, fez gesto de abraço ao público, se ajoelhou e beijou o show do palco. Rapidamente emergindo de braços abertos em direção à plateia, se mostrava à vontade a atmosfera. Banda, da mesma forma. Ainda que em composição diferente da última passagem. Restou, aos fãs, admirar. Aproveitar o show não apenas como espectador, mas como parte.

É o poder de Drexler. Envolver. Causar pertencimento. Transmitir sensações que não se traduzem como pertences, mas como bagagem.

O uruguaio abriu o espetáculo ao som de El Plan Maestro, canção em parceria com o panamenho Rubén Blades que abre o álbum Tinta y Tiempo. Em seguida, emendou o sucesso Deseo, do álbum Eco, lançado em 2004, Corazón Ímpar, também do álbum mais recente, e Fusión (Eco) – mesma ordem das demais apresentações no País e do show de 2022 na capital gaúcha.

Como na última vez, usou a metáfora das metades da laranja para mostrar as contradições naturais da arte, metamorfa, que muda e se transforma a todo momento. Escreve Corazón Ímpar para dizer que toda pessoa é completa, uma laranja de duas metades, mas em seguida canta o inverso em Fusión: ¿Dónde termina tu cuerpo y empieza el mío? / A veces me cuesta decir / Siento tu calor, siento tu frío / Me siento vacío si no estoy dentro de ti.

Também há sabedoria na escuridão

A energia do público era palpável. Tanto que Drexler "reclamou" do calor do momento, brincando com um célebre músico gaúcho: “Oh, está quente, Porto Alegre. Vou ter que falar com o Vitor Ramil sobre a estética do frio”, disse, arrancando risadas do público.

Composta por Drexler e Ramil, a música 12 Segundos de Oscuridad (2006), que não era tocada há bastante tempo segundo o próprio artista, voltou a aparecer. A canção é inspirada em um farol da cidade de Cabo Polonio – praia uruguaio localizada em reserva natural conhecida por sua preservação e baixo acesso à energia elétrica. Os caminhantes eram iluminados a cada 12 segundos pela faixa de luz do farol e poderiam continuar trilhando seu caminho.

“A escuridão também serve para elucidar coisas sobre as outras pessoas”, filosofou. “É uma música que me acompanha em momentos de terror, como os vividos agora na Faixa de Gaza”, disse. A fala foi seguida de gritos da plateia como “Viva a Palestina”. “Sim”, respondeu, “e também aos reféns”, mencionando as pessoas capturadas pelo Hamas.

Em seguida, cantou Milonga Del Moro Judio (Eco, 2004): Por cada muro un lamento / En jerusalén la dorada / Y mil vidas malgastadas / Por cada mandamiento. Após, cantou Bolívia (2014), música dedicada ao país que abrigou sua família, de origem judia e alemã, por 10 anos durante a Segunda Guerra Mundial.

'Obrigado, Porto Alegre, por existir'

Drexler deixou as músicas mais animadas para o final do show, que terminou com a energia nas alturas. Antes e depois do bis, o público virou torcida e entoou um sonoro “olê, olê, olê, olê, olê, Jorge, Jorge”.

“Estou nessa cidade que me faz muito bem, com seu Bom Fim, Cidade Baixa. (...) Obrigado, Porto Alegre, por existir”, agradeceu, ao final do espetáculo. Porto Alegre também agradeceu ao Jorge. Retribuiu a paixão do artista pela cidade com amor e uma mensagem muito clara: volte. Será sempre bem-vindo.

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