Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Música

- Publicada em 05 de Novembro de 2023 às 18:04

Glenn Hughes celebra legado do Deep Purple em show no Opinião

Vocalista e baixista Glenn Hughes volta a Porto Alegre para celebrar os 50 anos do clássico álbum 'Burn', do Deep Purple

Vocalista e baixista Glenn Hughes volta a Porto Alegre para celebrar os 50 anos do clássico álbum 'Burn', do Deep Purple


GLENN HUGHES/DIVULGAÇÃO/JC
Não é comum que álbuns gravados por bandas consagradas após mudanças drásticas de formação estejam entre os mais celebrados de suas carreiras. Há sempre uma aura especial em torno dos músicos que primeiro fizeram um grupo chegar ao sucesso, e os novos integrantes sempre atuam debaixo da sombra - às vezes opressiva - do auge que os antecedeu. Exceções, contudo, certamente existem: o Deep Purple, por exemplo, vivenciou uma verdadeira renascença com Burn, lançado em fevereiro de 1974 após um período de turbulência interna. É para celebrar os 50 anos desse trabalho, até hoje de forte influência no cenário do hard rock e heavy metal, que o músico Glenn Hughes, um dos personagens decisivos dessa história, estará nesta terça-feira, às 21h, no Opinião (rua José do Patrocínio, 834). Ingressos, entre R$ 160,00 e R$ 320,00, seguem à venda no Sympla.
Não é comum que álbuns gravados por bandas consagradas após mudanças drásticas de formação estejam entre os mais celebrados de suas carreiras. Há sempre uma aura especial em torno dos músicos que primeiro fizeram um grupo chegar ao sucesso, e os novos integrantes sempre atuam debaixo da sombra - às vezes opressiva - do auge que os antecedeu. Exceções, contudo, certamente existem: o Deep Purple, por exemplo, vivenciou uma verdadeira renascença com Burn, lançado em fevereiro de 1974 após um período de turbulência interna. É para celebrar os 50 anos desse trabalho, até hoje de forte influência no cenário do hard rock e heavy metal, que o músico Glenn Hughes, um dos personagens decisivos dessa história, estará nesta terça-feira, às 21h, no Opinião (rua José do Patrocínio, 834). Ingressos, entre R$ 160,00 e R$ 320,00, seguem à venda no Sympla.
Na verdade, diz a lenda que faltou pouco para que a banda trocasse dois por um. Hughes, que acumulava com maestria as funções de baixista e vocalista na banda Trapeze, tinha as qualidades necessárias para substituir tanto Roger Glover (baixo) quanto Ian Gillan (voz), que haviam deixado o Deep Purple meses antes - de tal forma que o próprio Hughes teria ficado desconfortável quando soube que o então desconhecido David Coverdale já havia sido escolhido para assumir o microfone. Ao invés de ser um simples baixista, porém, Hughes tornou-se também uma segunda voz em várias músicas, o que não apenas evitou que ele se sentisse com o orgulho ferido, como deu ao Deep Purple (então já reconhecido como uma das bandas mais técnicas e de musicalidade mais apurada do rock mundial) uma nova dimensão sonora para explorar.
Para um grupo que esteve muito perto de acabar - o guitarrista Ritchie Blackmore, por exemplo, cogitou largar tudo e montar um projeto com o baixista e vocalista Phil Lynott, do Thin Lizzy - Burn surgiu como uma verdadeira ressurreição. Em entrevista ao Jornal do Comércio, Glenn Hughes recorda das sessões de gravação, feitas no estúdio móvel dos Rolling Stones em novembro de 1973, como um período de "energia, paixão, insanidade também, amor e, acima de tudo, amizade" entre os músicos. Unindo ao som característico do Deep Purple as influências funk de Hughes e a interpretação fortemente calcada no blues de Coverdale, Burn foi um enorme sucesso comercial, ajudando a redefinir (como a própria banda já tinha feito em discos como In Rock, de 1970, e Machine Head, de 1972) os limites do que podia ou não ser feito em uma banda de rock pesado.
Cinco décadas depois, faixas como Burn, Might Just Take Your Life, Mistreated e You Fool No One seguem entre as mais marcantes da história do Deep Purple e, em consequência, do rock pesado como um todo - e é claro que todas estarão presentes na apresentação desta terça-feira. "Eu amo o álbum, os fãs amam o álbum, eu amo os fãs, os fãs me amam. Isso me fez dizer: 'quer saber, isso tudo é razão mais que suficiente, vamos fazer história ao redor do mundo'", explica o músico, que está desde o começo do ano na estrada com a turnê comemorativa.
Além da maior parte das faixas de Burn, o show deve conter também uma série de canções de Stormbringer, também lançado em 1974 e que acentua os elementos funk e blues do disco anterior - uma tendência que desagradou Blackmore e levou o guitarrista a sair do Deep Purple para formar o Rainbow, em 1975. Embora menos incensado que seu antecessor, Stormbringer também é visto com muito carinho pelos fãs da banda e do estilo. "Acho que os dois álbuns são ótimos, sabe. Mesmo que tenham sido gravados em um período de tempo bastante curto, as vibes são muito diferentes de um para o outro, e eu acho que isso pode ser uma das razões (para que ambos sigam influentes)", reflete Hughes.
A chama acesa em Burn (que traz, em sua capa, imagens dos cinco músicos com fogo em suas cabeças, como se fossem velas acesas) brilha até hoje, mas a banda que serviu de combustível não foi muito longe. Depois de um curto período com Tommy Bolin na guitarra, o Deep Purple retirou-se dos palcos no final dos anos 1970, com alguns de seus músicos formando o Whitesnake. Glenn Hughes entregou-se a uma série de projetos (entre eles, o Hughes/Thrall e a participação em álbuns de Tony Iommi, do Black Sabbath), mas também precisou enfrentar o vício em drogas, que por pouco não abreviou a carreira - e a vida - do músico. Sóbrio desde os anos 1990, Hughes mantém uma agenda extremamente ocupada, com nada menos que 14 álbuns solo, sem contar projetos de destaque como o Black Country Communion e The Dead Daisies - um ritmo de trabalho bem respeitável para quem já chegou aos 72 anos. "Me sinto abençoado, honrado, agradecido (por ainda estar na estrada). Nunca vou diminuir o ritmo, baby, vamos em frente à toda velocidade", empolga-se.
E não se trata de simples conversa de roqueiro. Há planos no horizonte para uma muito esperada turnê do Black Country Communion, além do giro comemorativo de Burn que avançará por 2024. Em paralelo, o vocalista e baixista já prepara material para um novo álbum solo, que deve ganhar forma a partir de 2025. E admite que há chances de voltar ao Brasil em um futuro próximo - desta vez, para resgatar parte das canções espalhadas por sua longa discografia. "Já estou trabalhando nisso, inclusive. Mas vamos manter isso em segredo, só entre eu, você (repórter) e os fãs!"