Propondo uma série de reflexões artísticas e científicas a partir da trajetória do biólogo inglês Charles Darwin, a exposição Darwin - Origens & Evolução chega ao Farol Santander (rua Sete de Setembro, 1.028). Até janeiro, a mostra fica aberta ao público de terça-feira a sábado, das 10h às 19h, e nos domingos e feriados, das 11h às 18h. Ingressos a partir de R$ 8,50 na plataforma Sympla. O último domingo de cada mês tem entrada gratuita na instituição.
A mostra conta com curadoria e design do estúdio Um Ba Ra Ká, além de consultoria da historiadora da ciência Magali Romero Sá, e já passou por Rio de Janeiro e São Paulo, além de uma versão virtual devido à pandemia de Covid-19. Esta versão online ainda está disponível no site Mostra Darwin, funcionando como material complementar para quem visita ou alternativa para quem não pode, por algum motivo, se deslocar até a exposição. O público digital poderá brincar de acertar quais frutas são nativas do Brasil e quais não são, além de polinizar plantas e vivenciar uma experiência estética interativa. O site conta com vídeos em libras, áudio guia e audiodescrição. Os conteúdos também poderão ser acessados com QR codes espalhados pelo Farol Santander.
Ao todo, são 332 peças entre acervos de coleções biológicas, como animais taxidermizados e fósseis, além de gravuras históricas, textos críticos, iconografia, obras de arte e peças interativas. Um diálogo com o Sul do Brasil e suas especificidades foi pensado para esta nova edição da exposição. "O diferencial é esta relação que estamos fazendo, pela equipe de curadoria, com o território", explica o designer e fundador do estúdio Um Ba Ra Ká, Diogo Rezende, diretor criativo da mostra. Para isso, há parceria com acervos locais, como o Museu de Paleontologia Irajá Damiani Pinto e o Museu de Ciências Naturais, os dois pertencentes à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Os povos ancestrais e a vida marinha são personagens de uma história que remonta a doze milênios, quando grupos de caçadores e coletores nativos desbravaram o território que hoje constitui o Estado. Adaptando-se ao clima frio e às paisagens inóspitas, esses povos conviveram com animais de grande porte, como preguiças gigantes e tatus. A mostra traz uma grande contextualização histórica dos locais por onde passa - mesmo porque foi aqui no Sul do continente, mais especificamente no nosso vizinho Uruguai, que Darwin atracou seu navio Beagle.
Dividida em quatro núcleos (A ciência antes de Darwin, Um novo tempo, A jornada do Beagle e A origem das espécies), a mostra pretende ser uma expedição investigativa e uma experiência de aprendizado onde se mesclam interatividade e descobertas. Jogos e outras interações criam um formato lúdico e coletivo, onde crianças, jovens e adultos podem soltar a imaginação. Diogo conta que, a cada edição, são adicionados novos elementos, não apenas regionais, mas que contribuirão com a diversidade e atratividade da exposição. "Buscamos a conversa entre ciência e arte, que já existe há muito tempo na verdade - mas, agora, queremos comunicar para o público", ressalta.
Ainda há um destaque com viés de reparação histórica. Ao longo de sua vida, Darwin trocou informações e dúvidas com muitos cientistas em diferentes áreas do conhecimento, desde ictiologia a arqueologia. "Muitas mulheres pesquisaram coisas incríveis e seus maridos levaram o crédito, assim como pessoas pretas que foram invisibilizadas. Então queremos dar, ainda que de maneira tardia, visibilidade a essas pessoas."
Dentre os personagens que a história deixou de lado, há o taxidermista John Edmonstone, um homem negro que desempenhou importante papel na vida do jovem Charles Darwin; Mary Anning, paleontóloga autodidata do século XIX que desempenhou papel fundamental na descoberta de fósseis marinhos na Inglaterra, incluindo o icônico esqueleto do ictiossauro; e Maria Graham, artista, escritora e historiadora britânica que desenhou aquarelas dos costumes e da flora do país, além de escrever um diário sobre sua viagem entre 1821 e 1823.