Após a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) anunciar nesta quinta-feira (4) que não participará da edição deste ano da Noite dos Museus, a produtora Rompecabezas, responsável pela organização do evento, confirma que ele "segue 100% confirmado" para ocorrer no dia 20 de maio. Mesmo com a saída do Museu Júlio de Castilhos, Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS), Casa de Cultura Mario Quintana e Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, o evento contará com 15 espaços culturais que terão entrada franca para o público - destaque para o Theatro São Pedro, que participa pela primeira vez da Noite.
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Sobre o anúncio da Sedac, o idealizador do evento, Rodrigo Nascimento, afirmou que a organização foi pega "de surpresa pela forma como isso foi comunicado, porque não foi transmitido para nós". "A gente mantinha um diálogo constante com eles, a gente atendeu todas as exigências deles, registramos tudo isso por e-mail", disse Nascimento. Entre as demandas da secretaria, o idealizador afirma que a de encerrar as atividades nas instituições estaduais às 22h - as demais fecham à meia-noite - foi atendida pela produtora, ao contrário do que a Sedac informou na nota, ao dizer que não houve garantia de que os apontamentos seriam plenamente atendidos.
O Diretor do Departamento de Livro, Leitura e Literatura da Secretaria da Cultura, Benhur Bortolotto, diz que a decisão da Sedac se deu em razão da grande proporção que o evento tomou nas últimas edições - no ano passado cerca de 180 mil pessoas participaram. "Com o crescimento da dimensão do evento, a infraestrutura tem que crescer junto para dar conta de garantir a segurança das instituições públicas que abrigam este evento", afirma o diretor.
Ele reforça a necessidade de garantir a segurança tanto dos prédios quanto da população: "não só a segurança dos nossos espaços públicos mas também a segurança das pessoas, porque afinal nós temos um limite de espaço e muita gente tentando entrar. Então nós solicitamos algumas coisas que nós acreditávamos que iam proporcionar uma experiência melhor para todo mundo, por exemplo retirada de ingressos gratuitos para a gente poder controlar o fluxo de pessoas e para dar previsibilidade para quem tá na fila, porque uma reclamação muito recorrente é que as pessoas ficavam em filas muito longas sem saber se poderiam entrar nos equipamentos culturais", diz Benhur. A organização afirma que propôs criar duas filas: uma para o público espontâneo e a outra para quem garantiu o ingresso antecipadamente.
Rodrigo Nascimento ainda acusa a secretaria de ter dito inverdades no comunicado que anunciou o desligamento das instituições do Estado da Noite dos Museus. "A gente ficou profundamente triste, sinceramente, pelas informações enganosas que eles (a Sedac) estão divulgando, porque eles alegam que o nosso público pichou o Margs , por exemplo, eles alegam que o nosso público sujou o banheiro do Margs, sendo que eles permanecem fechados [...]. Então eles tão falando mais do público do que necessariamente da gente. A gente mostrou para eles que estamos reforçando a segurança, que ampliou o número de banheiros químicos, consideravelmente também (ampliou) a segurança privada, serviços de limpeza. Tudo que a gente avaliou que no ano passado não funcionou muito bem, a gente trabalhou em cima, e continua trabalhando", afirma o idealizador.
Ponto central de todas as edições da Noite dos Museus, a Praça da Alfândega concentra dois grandes museus que anunciaram que não participarão do evento: o Margs e o Farol Santander (que não é do Estado, mas não estará na edição deste ano). Nascimento afirma, no entanto, que a praça continuará sendo a área de maior circulação de pessoas, com instalação de palco para shows e maior quantidade de banheiro químicos por ser o "coração da cidade", como ele próprio definiu a Alfândega.
Secretaria do Estado pode voltar ao evento em próximas edições
Restando apenas 15 dias para a Noite dos Museus, marcada para 20 de maio, a Secretaria de Estado da Cultura afirma que o prazo é muito curto para retomar o diálogo com a produtora e que a decisão de não participar do evento é definitiva. Benhur Bortolotto afirma, no entanto, que não está descartada que as instituições do Estado façam parte de próximas edições. "Nós consideramos (participar de próximas edições). É preciso haver essa negociação, é preciso haver essa conversa com mais antecedência [...] Nós lamentamos não participar. A Casa de Cultura Mario Quintana é de certa forma o epicentro desta festa, que é uma festa urbana, uma festa popular, é uma festa que acontece na rua, que tem uma magnitude, tem uma importância, mas a gente entende que o investimento em infraestrutura tem que crescer na mesma proporção", afirma o diretor.
Já Rodrigo Nascimento diz que a organização não fecha as portas para conversar com a secretaria. "A gente sempre vai estar disposto a dialogar. Claro, a gente sempre pondera as coisas, porque pela nossa experiência algumas coisas funcionam ou não. Eu convido a secretária Beatriz a dialogar abertamente sobre como podemos realmente trabalhar juntos, onde o poder público estadual participe e colabore", diz o idealizador.
Confira os espaços culturais do evento:
- Centro Cultural da Ufrgs;
- Centro Histórico Cultural da Santa Casa;
- Cinemateca Capitólio;
- Espaço Força e Luz;
- Galeria de Arte do Dmae;
- Goethe-Institut;
- Museu da Brigada Militar;
- Museu da Ufrgs;
- Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo;
- Museu Militar do Comando Militar do Sul;
- Paço Municipal de Porto Alegre;
- Palácio Piratini;
- Pinacoteca Ruben Berta;
- Planetário da Ufrgs;
- Theatro São Pedro.