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música

- Publicada em 16 de Abril de 2023 às 19:51

Bebeto Alves recebe homenagem de colegas e companheiros no show Pela Última Vez

Falecido em novembro do ano passado, multiartista e compositor foi uma das figuras centrais da música urbana gaúcha

Falecido em novembro do ano passado, multiartista e compositor foi uma das figuras centrais da música urbana gaúcha


/MARIANA ALVES/ARQUIVO/JC
Bebeto Alves cantava que, na pegada de suas botas, levava as ruas de Porto Alegre. E agora, cinco meses depois do falecimento do multiartista e compositor, Bebeto será levado pelas botas de seus companheiros ao palco, pela última vez. A banda que o acompanhou por duas décadas levará ao palco do Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n) nesta quarta-feira, às 20h, todos os sonhos de Bebeto, ao lado de grandes nomes da cena musical gaúcha.
Bebeto Alves cantava que, na pegada de suas botas, levava as ruas de Porto Alegre. E agora, cinco meses depois do falecimento do multiartista e compositor, Bebeto será levado pelas botas de seus companheiros ao palco, pela última vez. A banda que o acompanhou por duas décadas levará ao palco do Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n) nesta quarta-feira, às 20h, todos os sonhos de Bebeto, ao lado de grandes nomes da cena musical gaúcha.

LEIA A REPORTAGEM ESPECIAL COM BEBETO ALVES

Humberto Gessinger, Duca Leindecker, Vitor Ramil, Flavio Adonis, Mauro Moraes, Nelson Coelho de Castro, Neto Fagundes, Gelson Oliveira, Igor Conrad, Shana Müller, Rodrigo Fishman, Thiago Ferraz e Veco Marques estão entre os que irão prestar homenagem à vida e à obra do gigante artista que foi — e continuará sempre sendo — Bebeto Alves. O espetáculo Pela Última Vez vai ser comandado pela banda que acompanhou o músico desde 2003, Os Blackbagual. O show ocorre na data que marca os 19 anos de lançamento do primeiro disco do grupo. Os ingressos estão à venda no site do Theatro, a partir de R$ 80,00. Toda a renda proveniente da bilheteria do show será doada à Associação Peito Aberto, instituição que auxilia crianças com problemas pulmonares, causa da morte do músico.
Pela Última Vez é também o nome do último disco lançado pela banda, em 2020. Juntos, Bebeto Alves, Marcelo Corsetti (guitarra), Luke Faro (bateria) e Rodrigo Reinheimer (baixo) gravaram cinco álbuns ao longo de duas décadas. Com melodias cheias de individualidade e letras atemporais e necessárias, Bebeto parecia não conhecer limites. Transbordava e inundava tudo com sua genialidade e inquietude - de certa forma, sempre maior do que a própria vida. "Sempre em profusão. Sempre muito inquieto. Sempre muito tudo", define Rodrigo Reinheimer.
Diretor do Centro de Música da Funarte, presidente da Cooperativa Mista dos Músicos de Porto Alegre, idealizador do Projeto Roda Som, compositor, cantor, fotógrafo e ator, Bebeto Alves era uma pessoa e artista que fazia tudo, e fazia bem feito. "Era uma inquietação full time", caracteriza Marcelo Corsetti. Em meio a gravações de álbuns, compunha novas músicas, saindo do estúdio com material para mais dois ou três discos completos. Na fotografia, saiu do lugar de foco das lentes e lançou cerca de dez exposições autorais em cinco anos. Por toda essa dimensão, são necessárias mais de uma dezena de gargantas para ecoar sua voz.
Gerações se encontram no palco, juntando os nomes tradicionais aos que surgiram recentemente, dando continuidade à música gaúcha. Parcerias, influenciados e influenciadores juntarão vozes para entoar os maiores sucessos da vasta obra de Bebeto. "Todas essas pessoas estão tocando de graça. Pela homenagem e pelo auxílio à Associação Peito Aberto, e tudo isso é muito importante para nós três. Ver tanto carinho que todo mundo tem por ele", comenta Corsetti. Nos bastidores, todo mundo que participou durante as duas décadas de banda estará presente, desde roadies até iluminadores e técnicos de som. "É um super momento para nós. Não vai ser fácil — mas é necessário. Todas as homenagens são justas e necessárias, porque enquanto tiver alguém que lembra dele, ele não morreu", completa. 

Faro (esq), Corsetti e Reinheimer, fotografados pelo próprio Bebeto

Faro (esq), Corsetti e Reinheimer, fotografados pelo próprio Bebeto


BEBETO ALVES/DIVULGAÇÃO/JC
Os músicos ensaiam para o show no mais antigo estúdio de música de Porto Alegre, o Tec Áudio, que foi palco das gravações de todos os discos do grupo, além de se confundir com a história da própria música gaúcha, já tendo acumulado quase meio século de história e recebido os maiores nomes da cena regional. "No primeiro dia, viemos só nós três. A gente ficava olhando para os lados, e o Luke disse 'Parece que ele vai abrir a porta e entrar'. O Rodrigo respondeu, 'Não, ele já tá aí dentro'", emociona-se Corsetti. Navegar nos versos de Bebeto é quase como as grandes navegações, uma jornada cheia de descobertas, desvendando mistérios de um artista ímpar. "As pessoas vêm aqui, a gente está tocando e todo mundo diz 'cara, como é que ele escrevia isso? Olha o que esse cara fazia!' É um reconhecimento", comenta.

O percurso é revelador até para quem acompanhou seus passos por décadas. "É diferente o olhar agora, né?", diz Reinheimer. "Tem músicas que a gente achava complicado de tocar, a estrutura que ele fazia às vezes não era uma quadratura perfeita. É porque ele tinha muito o que dizer, então às vezes isso tudo não cabia numa quadrinha de poesia. Ele era verborrágico. Vinha tudo."

Os versos, melodias e arranjos serão, pela última vez - ou uma vez mais, talvez seja mais justo dizer. Afinal, Bebeto Alves será sempre referência, vai estar sempre entranhado no som que sair de qualquer instrumento no Rio Grande do Sul, tamanha a sua grandeza e influência. Na música e na arte, sua e dos outros, ele vive pra sempre.