Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Cultura

Acontece

- Publicada em 13 de Abril de 2023 às 17:40

'Minha missão é que essa seja a melhor Biblioteca Pública do Brasil', diz nova diretora da BPE

Ana Maria de Souza é a primeira mulher negra a dirigir a Biblioteca Pública do Estado; em entrevista, ela conta planos para melhorias na instituição

Ana Maria de Souza é a primeira mulher negra a dirigir a Biblioteca Pública do Estado; em entrevista, ela conta planos para melhorias na instituição


Thiele Elissa/divulgação/jc
"Carioca da gema", como o sotaque denuncia e ela mesma se descreve, Ana Maria de Souza é a nova titular da Biblioteca Pública do Estado (BPE), e também está à frente do Sistema Estadual de Bibliotecas. Ana é a primeira mulher negra a assumir a cadeira de direção nos 150 anos de história da Biblioteca. Graduada em Biblioteconomia e Documentação e pós-graduada em Gestão do Conhecimento, ela chega para fazer história na gestão, implementando diversos projetos e prometendo dar continuidade aos que estavam dando certo, trazendo na bagagem 22 anos de experiência numa das maiores empresas do País, a Petrobrás.
"Carioca da gema", como o sotaque denuncia e ela mesma se descreve, Ana Maria de Souza é a nova titular da Biblioteca Pública do Estado (BPE), e também está à frente do Sistema Estadual de Bibliotecas. Ana é a primeira mulher negra a assumir a cadeira de direção nos 150 anos de história da Biblioteca. Graduada em Biblioteconomia e Documentação e pós-graduada em Gestão do Conhecimento, ela chega para fazer história na gestão, implementando diversos projetos e prometendo dar continuidade aos que estavam dando certo, trazendo na bagagem 22 anos de experiência numa das maiores empresas do País, a Petrobrás.
No cargo desde 11 de março, Ana já está começando a colocar em prática seus objetivos de engrandecer e fortalecer a Biblioteca. "A minha missão é que essa aqui seja a melhor Biblioteca Pública do Estado do Brasil. É isso que quero entregar", diz Ana. Concursada do Governo, a bibliotecária já vinha trabalhando como supervisora de três bibliotecas na Casa de Cultura Mário Quintana desde novembro do ano passado, desempenhando um papel que chamou a atenção. Quando surgiu a vaga para direção da BPE, Ana foi uma escolha rápida, juntando a experiência, o perfil e o currículo.
Entre as iniciativas que serão colocadas em prática na gestão de Ana estão a ampliação do sistema digital de catálogo e acervo da Biblioteca, disponibilizando para o público, via internet, os títulos presentes para consulta e empréstimos; a ampliação da programação de eventos que promova a Biblioteca, trazendo a população para dentro de seus muros e fomentando a cultura da literatura; o aprimoramento da acessibilidade no prédio, para que o uso seja de todos; e a implementação de um acervo mais diverso, respondendo às demandas de uma sociedade cada vez mais inclusiva. Para atender esse último objetivo, "vamos fazer uma Pesquisa de Estudo de Usuário e ver o que a população gaúcha e de Porto Alegre quer da Biblioteca", explica. O processo de restauração do edifício, que já estava em andamento, será continuado.
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul é um importante patrimônio histórico-cultural do Estado, com um acervo de 250 mil volumes, trazendo nas páginas e nos tijolos grande parte da história do Rio Grande do Sul. "Me honrou muito ter recebido esse pedido (de assumir a direção da Biblioteca). O sentimento é de orgulho e de motivação para entregar o melhor serviço, a melhor biblioteca", anima-se.
A história do Brasil, que se confunde com a história da instituição, também está entranhada na fundação e no cimento que colocaram de pé o prédio hoje histórico. Agora, essa história vai ser reconstruída e recontada, usando novas vozes e mãos. "Eu gostaria de ouvir que eu sou a segunda mulher negra, a terceira, a quarta… Mas, já que eu fui a primeira, é bom que eu tenha tido a oportunidade de abrir essa porta, como uma profissional negra, com toda experiência e bagagem", comenta Ana. "Quando me escolheram, ninguém pensou nisso. Pensaram que eu, enquanto profissional, ia executar bem as tarefas de que o Estado precisa. Foi natural", assegura. "Mas que bom que podemos discutir isso. Que bom que as portas se abriram para as pessoas negras."
Um processo que, é claro, segue em andamento. "É importante dizer que temos que abrir as portas das academias. O negro precisa ter acesso à formação acadêmica de nível superior, de pós graduação. É só por isso que eu estou aqui. É o acesso à educação e à cultura que permite com que negros estejam em posição de liderança"
Ana já viajou muito a trabalho, mas é a primeira vez que mora fora do Rio de Janeiro. Veio para Porto Alegre com o filho e deixou o restante da família a mais de 1.500 km de distância, trazendo a vida, a experiência e a determinação na mala. "Eu vim muito de peito aberto. E deu super certo, estou apaixonada pela cidade. É linda e aprazível, e é muito legal ver as diferenças", diz. Preferindo não estabelecer paralelos — cada cidade é única, segundo ela —, Ana prefere deixar as comparações apenas como estímulo na vida profissional. "Entre as 26 Bibliotecas Públicas espalhadas pelo Brasil, quero que essa seja a melhor. Esse é o meu desafio."