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Ex-vocalista do Iron Maiden, Paul Di'Anno volta à estrada e faz show em Porto Alegre
Lendária voz dos primeiros discos do Iron Maiden, Paul Di'Anno faz maior turnê de um artista internacional no País - com parada em Porto Alegre, nesta quinta-feira
O rock pesado é cheio de personagens, mais ou menos fabricados, com maior ou menor quantidade de lendas em torno de si. Mas é seguro dizer que poucos passaram por tanta coisa, e com tanta autenticidade, quanto Paul Di'Anno. Vocalista que marcou época à frente dos dois primeiros álbuns do Iron Maiden, o cantor inglês traz uma série de histórias de vida (algumas quase inacreditáveis) na bagagem - e está escrevendo uma delas agora mesmo, aqui no Brasil: uma enorme turnê de 31 datas, a maior já feita por um artista estrangeiro em solo brasileiro, em meio a um complexo e demorado tratamento para recuperar o movimento das pernas, paralisadas há anos.
Porto Alegre terá a chance de escrever um dos capítulos desta história na quinta-feira, a partir das 20h, no Teatro Ciee (rua Dom Pedro II, 861). Acompanhado por músicos dos conjuntos brasileiros Electric Gypsy e Noturnall (que se apresentam, individualmente, como bandas de abertura), Paul Di'Anno trará músicas dos álbuns Iron Maiden (1980) e Killers (1981), em uma noite que promete lavar a alma dos fãs gaúchos de heavy metal. Ingressos, a partir de R$ 150,00, seguem à venda no site Clube do Ingresso.
Além de marcar o reencontro do músico com a estrada, depois de anos sem excursionar, a turnê The Beast Resurrection também cumpre um propósito importante no sentido de ajudar Paul a financiar seu tratamento. Com os joelhos inutilizados após uma série de lesões, o vocalista viajou até a Croácia, a convite de Stjepen Juras, autor de uma série de livros sobre a história do Iron Maiden. Lá, conseguiu fazer as cirurgias fundamentais para recuperar o movimento das pernas - tratamento que contou, entre outros doadores, com o próprio Iron Maiden, que ajudou a pagar as operações de seu ex-vocalista. O tratamento, porém, continua - e a editora Estética Torta, promotora da turnê, deixa claro que parte da renda dos shows e da venda de merchandising irá diretamente para a conta do vocalista, ajudando a manter os cuidados com a saúde em dia.
"Eu praticamente saí do atendimento domiciliar direto para a estrada, o que eu acredito que dificilmente alguém ousaria fazer", diz Paul Di'Anno ao Jornal do Comércio. "A turnê está indo muito bem, os fãs estão curtindo e eu estou curtindo também, mas eu tenho que dizer a você que estou bem cansado. O Brasil é um país muito grande. Seja como for, é assim que as coisas são nas turnês: ninguém espera que seja um passeio."
Algo ainda mais cansativo, quando se leva em conta que uma equipe com enfermeiro e fisioterapeuta o acompanha em todas as viagens, em uma puxada rotina de exercícios e drenagens linfáticas. "Você não pode sequer imaginar o quão difícil isso tudo está sendo. Não pode ser dito se não é vivido. É claro que agora me sinto muito melhor, porque a operação foi um completo sucesso, mas a operação é apenas um - muito importante - segmento de toda a jornada. Seja como for, meu foco está em manter a motivação para finalmente sair da cadeira de rodas", explica.
A estadia em Zagreb, capital da Croácia, acabou fazendo grande diferença na vida de Paul Di'Anno. Além das cirurgias, ele teve a chance de montar uma nova banda solo, Warhorse, com a qual pretende lançar um disco nos próximos meses. E também teve a chance de aproveitar uma passagem do Iron Maiden pelo país europeu para reencontrar o baixista Steve Harris e o empresário Rod Smallwood, que não via há décadas. Depois de anos de frases pesadas na imprensa, parece claro que Paul (que saiu para dar lugar ao atual vocalista, o igualmente lendário Bruce Dickinson) e seus ex-colegas estão em paz.
"A mídia pode dizer todo tipo de coisa, mas minhas relações com o Maiden sempre foram boas e eu costumava trocar mensagens com Steve pelo telefone mesmo antes de nos encontrarmos em Zagreb. Ele até mesmo me mandou uma mensagem há alguns dias", garante Paul. "O Iron Maiden sempre foi uma banda ótima, tanto como músicos quanto como pessoas. Muito obrigado a eles pela ajuda com minha recente cirurgia, coisas assim a gente nunca esquece."
O gigante do metal britânico, aliás, segue muito presente no atual repertório de Paul Di'Anno, feito exclusivamente de antigos clássicos da Donzela, como é apelidada pelos fãs. Longe de estar cansado das músicas que gravou há 40 anos, ele garante que sente muito orgulho de tudo que fez em seus dias com a banda. "Tocar os clássicos do Maiden todos os dias é uma nova experiência a cada momento, porque cada cidade, cada plateia reage a eles de forma muito emocional, e então eu me sinto inundado de emoções também", revela.
Uma troca de boas energias que faz bem não apenas ao cantor, na sua ainda longa jornada rumo à recuperação total, mas também aos inúmeros fãs brasileiros, que têm comparecido em bom número às datas da longa turnê - haverá ao menos mais 12 shows depois da Capital, em uma jornada que só acaba na metade de março. "Uma turnê como essa não poderia acontecer em nenhum outro lugar que não no Brasil", garante. "Se eu for capaz de arranjar tudo em termos de logística, eu adoraria permanecer no Brasil por alguns meses. Muito obrigado a todos que têm aparecido para me dar apoio."