Para contar a história, uma voz feminina: Anita Garibaldi estrela filme em primeira pessoa

Produzido pela Zapata Filmes, longa A Versão de Anita tem lançamento previsto para agosto deste ano, e promete trazer ao protagonismo uma Anita Garibaldi líder e revolucionária

Por Andressa Pufal Leonarczik

Produzido pela Zapata Filmes, longa A Versão de Anita tem lançamento previsto para agosto deste ano, e promete trazer ao protagonismo uma Anita Garibaldi líder e revolucionária
O que tem a dizer uma mulher que sempre esteve à sombra de seu marido? Obscurecida pela presença de Giuseppe Garibaldi, Anita Garibaldi, heroína do sul do Brasil e da Itália, vai poder ter sua voz ouvida e contar a sua versão da própria história, em um filme que mistura realidade e ficção e conta sua vida a partir de uma perspectiva feminina. A Versão de Anita é uma coprodução da italiana Land Comunicazioni e da brasileira Zapata Filmes, com direção do italiano, especialista em biografias, Luca Criscenti e produção de Juan Zapata e Criscenti.
Anita Garibaldi é conhecida por ter participado da Revolução Farroupilha e do processo de unificação da Itália, ambos no século XIX. Sempre ao lado do seu marido, Anita acabou invisibilizada e teve sua importância preterida, tanto na história quanto nas artes. Comemorando o bicentenário de vida da Heroína dos Dois Mundos — que foi completado em 2021, quando as produções estavam paralisadas devido à pandemia — o filme terá sua estreia em agosto deste ano, mês de aniversário da revolucionária. O longa traz a atriz italiana Flaminia Cuzzoli como protagonista e o ator italiano Lorenzo Lavia interpretando Giuseppe. A produção conta com a colaboração da escritora gaúcha Leticia Wierzchowski e da bisneta da revolucionária, Annita Garibaldi Jallet, entre outros especialistas nacionais e internacionais.
A proposta da obra é trazer a visão de Anita como se ela estivesse viva nos dias de hoje, comentando, refletindo e analisando sobre sua trajetória histórica, misturando realidade e ficção. "É um híbrido, digamos que 60% documentário e 40% ficção", explica o produtor Juan Zapata. Pra chegar mais perto da realidade, o longa foi rodado em vários lugares que foram itinerário da revolucionária durante a sua vida, com filmagens no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Uruguai e até em terras italianas. "A gente tinha o comprometimento e a responsabilidade de chegar o mais próximo possível desses lugares onde ela passou. Trabalhamos duas semanas no sul do Brasil, mais um mês e meio na Itália e uma semana no Uruguai."
As dificuldades se fizeram presentes na complexidade de logística, de deslocamento, nas barreiras do idioma e no próprio desafio de contar uma história inédita, não por nunca ter sido contada antes, mas por estar sendo construída diferente: ampliando a voz que estava abafada. Mas os percalços nada são perto do que se tira de bom da experiência. "O que mais valeu foi a surpresa e o deslumbramento que nós todos tivemos nesses lugares que a Anita visitou. Imaginar Anita ali caminhando e reconstituir a época dela foi uma das coisas mais bonitas que tivemos como experiência. É muito lindo poder contar essa história", declara Juan.
O longa tira Anita do lugar de sombra e a coloca como protagonista, propondo uma visão feminina disruptiva. Sem dúvidas, o papel histórico de Anita foi de protagonismo, liderança e vanguarda, mas o lugar que a história reserva a mulheres que ocupam essas posições não costuma ser muito generoso. "Nunca foi tão importante fazer o resgate de uma mulher que sempre esteve à sombra do masculino e queria sair desse lugar. No fim, (o filme) é sobre liberdade, sobre o feminino e o feminismo. Nunca foi tão importante falar sobre isso."
A arte é uma ferramenta potente, que forja a cultura e o imaginário social - e, por isso, recontar histórias é essencial. Para que Anitas não fiquem mais escondidas atrás de Giuseppes. "Fizemos o filme com a intenção de que a mentalidade mude e as pessoas comecem a valorizar mais as heroínas femininas. Torço pra isso", declara Zapata.