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música

- Publicada em 27 de Dezembro de 2022 às 18:52

Patrícia Ahmaral lança tributo inédito ao poeta piauiense Torquato Neto

Patrícia Ahmaral lança tributo inédito ao poeta piauiense Torquato Neto, em álbum duplo dedicado à sua obra musical

Patrícia Ahmaral lança tributo inédito ao poeta piauiense Torquato Neto, em álbum duplo dedicado à sua obra musical


KIKA ANTUNES/DIVULGAÇÃO/JC
Andressa Pufal Leonarczik
Ele é como ele é, pronome pessoal intransferível do homem que iniciou na medida do impossível e que depois fez ser possível todas as coisas que sonhava. Torquato Neto: poesia, jornalismo, música, ruptura, revolução, ser humano — tudo cabia nos limites quase imperceptíveis do seu ser. Gigante pra cultura brasileira, demasiadamente breve na vida. Há cinco décadas o Brasil se recupera de uma perda que deixou um espaço vazio. Agora o seu imenso legado é celebrado com um projeto inédito.
Ele é como ele é, pronome pessoal intransferível do homem que iniciou na medida do impossível e que depois fez ser possível todas as coisas que sonhava. Torquato Neto: poesia, jornalismo, música, ruptura, revolução, ser humano — tudo cabia nos limites quase imperceptíveis do seu ser. Gigante pra cultura brasileira, demasiadamente breve na vida. Há cinco décadas o Brasil se recupera de uma perda que deixou um espaço vazio. Agora o seu imenso legado é celebrado com um projeto inédito.
Pela primeira vez, as músicas escritas por Torquato são reunidas em um álbum, para celebrar a vida do artista. A intérprete Patrícia Ahmaral nos presenteia com Um Poeta Desfolha A Bandeira, volume 1 do álbum duplo Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto. Disponível nas plataformas digitais, o disco tem direção artística de Zeca Baleiro e conta com participações de renomados artistas da cena musical brasileira, como Jards Macalé e Chico César. Viabilizado pela Lei Aldir Blanc e gravado durante a pandemia, cada um em sua casa, o trabalho traz um Torquato que se esparrama pelas vozes e instrumentos, fazendo ecoar sua mensagem em cada detalhe das composições.
Este primeiro volume, Um Poeta Desfolha A Bandeira, traz nove músicas de períodos diferentes da obra musical de Torquato, incluindo o da Tropicália, movimento do qual foi um dos mentores. As canções incluem composições com nomes como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Edu Lobo, Chico César e Rogério Skylab, entre outros. O volume 2, que será lançado em janeiro de 2023, faz um recorte das singulares canções de amor do poeta, trazendo belas melodias e uma forma genuína de falar de amor.
Trazendo a música consigo desde criança, Patrícia iniciou sua carreira profissional nos anos 1990. Influenciada pela efervescente cena musical de Belo Horizonte, a mineira lançou seu primeiro álbum, Ah!, em 1999, produzido por Zeca Baleiro. Depois vieram Vitrola Alquimista (2004) e Superpoder (2011), produzidos por Fernando Nunes e Renato Villaça. Formada em canto lírico pela UFMG, Patrícia busca homenagear na sua produção artística grandes ícones da música brasileira, assim como músicos independentes. Depois de um longo hiato, a artista volta aos estúdios com entusiasmo renovado, lançando o tributo a um dos maiores poetas do País.
A ideia já tem mais de 20 anos: surgiu quando a intérprete foi convidada a cantar composições do poeta no espetáculo TorquaTotal, idealizado pelos poetas mineiros Ricardo Aleixo e Marcelo Dolabela para a 1ª Bienal Internacional de Poesia de Belo Horizonte, em 1998. A partir daí, reunir a produção musical de Torquato se tornou um desejo de Patrícia.
"Torquato Neto não se faz só", diz Patrícia, "porque ele em si era uma pessoa muito gregária, que buscava conexões permanentemente. A arte dele era muito isso: muita colagem, muita referência a outros artistas, muita conexão." Isso explica as parcerias para o álbum, que reúne nomes como Jards Macalé, que relê seu próprio arranjo de 1972 para Let´s Play That. Já a Banda de Pau e Corda, do Recife, gravou Louvação, repaginando a canção num delicioso Côco De Arcoverde. Outros convidados são os paulistanos Maurício Pereira e Tonho Penhasco, em Mamãe Coragem, o também paulistano Moda De Rock, dos violeiros Ricardo Vignini e Zé Hélder, em Marginália II, além de Chico César em Quero Viver.
Celebrar Torquato é nos lembrar do que podemos ser, do que queremos ser e do que somos. É gritar com a força da nossa potencialidade. Ele era a voz que nos empurrava pra frente, que escancarava as dores e as delícias de ser brasileiro. E uma voz que diz tanto, mesmo que não esteja mais aqui, faz questão de reverberar nos ventos que invadem as nossas janelas.
"Na verdade ele não se foi. Parece que ele está cada vez mais presente, o impacto dele, o chamado dele", diz a cantora. Torquato insiste em se fazer presente no DNA de cada brasileiro: foi alguém que teve a vocação da liberdade e da invenção, alguém criativo e disruptivo, alguém que vivia e queria mudar as contradições do Brasil. "A gente se enxerga muito nele", reflete Patrícia.
 
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