Em primeiro show da turnê 'Tinta y Tiempo' em Porto Alegre, Jorge Drexler emociona plateia

Nesta terça, às 21h, acontece o segundo show do cantor uruguaio em Porto Alegre

Por Bárbara Lima

Jorge Drexler
O primeiro show do cantor uruguaio Jorge Drexler, que empolgou e emocionou o público no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, neste domingo (25), foi um dos primeiros a esgotar durante passagem do cantor no Brasil, o que forçou a banda a ficar na capital Gaúcha para mais um show nesta terça-feira (27), às 21h. Na saída do espetáculo, parte da turnê Tinta y Tiempo, novo álbum do cantor que mora atualmente em Madrid, na Espanha, o burburinho da multidão era uníssono: “que show!", "que Jorge carismático!”, suspiravam e comentavam os grupos de amigos e os namorados.
A abertura do show foi feita pela cantora gaúcha Paola Kirst em conjunto com o guitarrista Pedro Borghetti e já deu o tom intimista, de luzes avermelhadas, que perduraria durante toda a atração principal da noite. Jorge Drexler e sua banda, no entanto, subiram ao palco somente por volta das 20h50min, com um atraso que fez a plateia do Araújo bater palmas e se expressar politicamente – e, claro, degustar o pancho uruguaio que conversava em tudo com o clima platino de Drexler.
Beijando o chão do palco em sinal de devoção e completamente em casa em solo gaúcho, o cantor deu início a mais de duas horas de show para a plateia lotada com a música El Plan Maestro, canção em parceria com o panamenho Rubén Blades que abre o novo álbum Tinta y Tiempo. Depois seguiram as faixas Deseo, do álbum Eco, lançado em 2004 e Corazón Ímpar, também do novo álbum. “Escrevi Corazón Ímpar para mostrar a importância de sermos completos, sem procurar a metade da laranja”, interagiu com o público. Foi aí que todos começaram a bater a sola dos pés no chão, simulando um batimento cardíaco e cantando junto à banda.
Pouco tempo depois, no entanto, Drexler se desculpou: “Gente, eu disse que precisamos ser completos, mas agora vou cantar uma música que diz o contrário. É uma música que fala sobre a falta de limite entre o indivíduo e o seu amor”, brincou. Nesse momento, o início da canção Fusión (Eco, 2004) com a letra “¿Dónde termina tu cuerpo y empieza el mío?/ A veces me cuesta decir” aproximou os casais nas cadeiras do auditório.
Além de todas as músicas do novo álbum, o repertório contou com alguns clássicos do cantor, como Asilo, do álbum Salvavidas de Hielo (2017), que ele performou ao lado da cantora Miryam Latrece, Me Haces Bien (Sea, 2001), Inoportuna (12 Segundos de Oscuridad, 2006) e Salvapantallas (Eco, 2004). Essa última, com a letra “Tengo tu voz, tengo tu tos, oigo/ Tu canto en el mío/ Rumbos paralelos, dos anzuelos/ En un mismo río”, foi a primeira música a levantar a plateia. Movimiento (Salvavidas de Hielo,2017), Aquellos Tiempos (Frontera, 1999), Telefonía (Salvavidas de Hielo,2017), La Guerrilla de la Concordia (Single, 2021) também estavam no 'setlist' do cantor, bem como uma música de seu primeiro álbum, chamada Era de amar (Vaiven, 1996).
O show ainda teve espaço para crítica política e social. “É muito importante escolher”, disse Drexler antes de começar a cantar ¡Oh, Algoritmo!, do novo álbum, momento que arranhou um inglês de latino-americano para cobrir a parte cantada pelo parceiro Noga Erez. Ele ainda cantou Que tal um Samba, de Chico Buarque, e disse estar ciente da importância do momento que o país vive politicamente. “Espero que vocês consigam trazer de volta o que sempre admirei nesse país, a tolerância e a diversidade”, disse. Ao lado da cantora Alana Sinkey, Drexler cantou Vento Sardo, uma parceria com a artista brasileira Marisa Monte. “Sou muito feliz de ter uma música minha dentro do repertório brasileiro”, falou.
Por volta das 21h50min, um dos clímaxes do show – ao lado de Tocarte, quando o público se balançou ao ritmo sensual da música – aconteceu ao ser apresentada a música Tinta y Tiempo, que dá nome ao álbum lançado em abril e à turnê e que trata de um bloqueio criativo que Drexler passou durante a pandemia de Covid-19. Ele aproveitou o momento para agradecer seu produtor e, na sequência, tocou Duermevela, música que fez em homenagem a sua avó e que fecha o novo álbum.
Oficialmente, o show foi encerrado ao som de Silencio (Salvavidas de Hielo, 2017), mas, após uma espera em que a plateia não parava de aplaudir, a banda voltou ao palco para um “Bis” que durou mais três canções: Luna de Rasquí (Bailar em la Cueva, 2014), em parceria com “a lua”, como brincou o cantor, e a tão pedida pelo público e cantada por todos, Todo se Transforma (Eco, 2004). Para se despedir a banda tocou Amor al arte, a única do novo álbum que ainda não havia sido cantada. Durante a canção, Drexler destacou “é claro que precisamos cobrar, mas que nunca esqueçamos que a arte precisa de valor, não apenas de preço”, entoou.