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LITERATURA

- Publicada em 16 de Agosto de 2022 às 19:41

Julia Dantas explora o valor da amizade e narra uma jornada por Porto Alegre em 'Ela se chama Rodolfo'

Julia Dantas explora o valor da amizade e narra uma jornada por Porto Alegre no livro Ela se chama Rodolfo

Julia Dantas explora o valor da amizade e narra uma jornada por Porto Alegre no livro Ela se chama Rodolfo


/Davi Boaventura/DIVULGAÇÃO/JC
Lara Moeller Nunes
Pouco valorizadas em obras literárias, as amizades são extremamente transformadoras e fundamentais no desenvolvimento de qualquer pessoa. Elas estimulam o crescimento, o relacionamento em grupo e, acima de tudo, são capazes de resgatar dentro de cada ser a sua melhor versão possível. Pensando nisso, Julia Dantas escreveu Ela se chama Rodolfo (DBA Literatura, 264 páginas, R$ 59,90), um romance não convencional que convida o leitor a acompanhar o protagonista Murilo em uma jornada de conhecimento pessoal pela cidade de Porto Alegre.
Pouco valorizadas em obras literárias, as amizades são extremamente transformadoras e fundamentais no desenvolvimento de qualquer pessoa. Elas estimulam o crescimento, o relacionamento em grupo e, acima de tudo, são capazes de resgatar dentro de cada ser a sua melhor versão possível. Pensando nisso, Julia Dantas escreveu Ela se chama Rodolfo (DBA Literatura, 264 páginas, R$ 59,90), um romance não convencional que convida o leitor a acompanhar o protagonista Murilo em uma jornada de conhecimento pessoal pela cidade de Porto Alegre.
Jornalista, editora, tradutora e doutora em Escrita Criativa pela Pucrs, a autora vê na literatura uma possibilidade concreta de criar sentido para as histórias, coisa que, para ela, muitas vezes não acontece na vida real. "Acho que a realidade é muito mais inverossímil do que qualquer livro bem escrito. Esse é exatamente o encanto da ficção: ela nos permite criar conexões que são capazes de dar um significado sensível para as coisas, fazendo com que elas deixem de ser apenas um monte de fatos aleatórios", reflete.
Apesar de ser fã do mundo das criações, é nas observações do cotidiano e nas próprias vivências que encontra inspiração para dar vida aos seus livros e textos. A construção dos sujeitos também é resultado deste processo, onde ela 'rouba' pequenos traços e características de amigos, pessoas próximas ou indivíduos que cruzam o seu caminho para, então, construir um grande mosaico juntando esses elementos. "Tanto os personagens quanto as situações que aparecem ao longo das histórias fazem parte de um grande quebra-cabeça, pois meu processo criativo acontece de uma maneira bem desordenada e sem um linearidade definida. As coisas vão surgindo naturalmente."
Depois de morar no exterior e incluir o Peru como um dos panos de fundo do seu romance de estreia na literatura (Ruína y leveza), publicado em 2015, Julia percorre um longo caminho de volta à sua cidade natal em Ela se chama Rodolfo. Para a escritora, a obra surgiu como uma boa oportunidade de se reconectar com o lugar onde cresceu. "Sentia que havia retornado com um olhar estrangeiro, estranhando coisas que, antes, eram normais no meu cotidiano. Sempre gostei muito de histórias de viagem, então pensei: porque não fazer uma por dentro de Porto Alegre?", diz, brincando.
O livro conta a história de Murilo, um rapaz que está em processo de mudança. Ao chegar no apartamento em que havia alugado, depara-se com uma tartaruga chamada Rodolfo sozinha no meio da residência. Ele faz contato com a antiga moradora, Francesca, e a mesma o pede por e-mail para que ele saia pela cidade para tentar doar o animal. A peregrinação, que parece inocente em um primeiro momento, acaba por se tornar uma experiência extremamente transformadora para o protagonista, que até então estava se sentindo sozinho. Além das andanças com o pequeno réptil, as constantes conversas e trocas de mensagem com a proprietária despertam nele sentimentos que, até então, estavam apagados.
"A amizade do Murilo com a Francesca mudou a maneira como ele enxerga o mundo e se relaciona com as pessoas. Ele estava passando por uma situação ruim, estava apagado e paralisado com a própria vida. A relação que eles construíram conseguiu resgatar uma mini faísca que ainda existia no interior dele. Ela chegou quebrando muros e mostrou para o quão importante é construir a vida em contato com os outros", explica. Rodolfo também é parte importante desse processo, pois é ele que faz Murilo criar forças para sair na rua e começar a se relacionar - mesmo que minimamente - com outras pessoas.
"Acho que a literatura já explorou muito as narrativas românticas e as histórias de casais, então preferi ir por um lado diferente que não costuma ganhar tanto espaço: as amizades. Acho que esse ponto é menos valorizado não só na escrita, mas também na vida e na sociedade como um todo. Fica sempre em segundo plano, mesmo sendo essencial para todo mundo." Coincidentemente, os dois romances da autora se desenvolvem a partir do término de um relacionamento amoroso. Para ela, esse processo representa um momento extremamente transformador na vida de alguém.
Para além das reflexões sobre o afeto, o livro possibilitou que a própria autora resgatasse memórias e criasse laços com a capital gaúcha. "Consegui me reconectar com tudo aquilo que perdi enquanto estava fora. O processo permitiu que eu me inserisse novamente como moradora, mas também que eu conhecesse a cidade a partir de um novo olhar. Foi uma experiência muito legal."
 
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