O cinema volta a pulsar no coração do Centro Comercial Nova Olaria. A partir de hoje, entra definitivamente em funcionamento o Cine Grand Café, empreendimento que ocupa o mesmo espaço que, durante 26 anos, abrigou o Guion Center, fechado em setembro deste ano após sofrer os impactos econômicos da pandemia. Além de preservar o espírito de um local que se transformou quase em refúgio para os cinéfilos da Capital, a nova operação promete somar outros elementos, reforçando o caráter de espaço de convivência e de encontro para pessoas interessadas em cultura.
Para a primeira semana de exibições, estão em cartaz os filmes Deserto particular, Imperdoável e Casa Gucci, além de longas conectados ao Festival Varilux de Cinema Francês. A curadoria está a cargo de Roger Lerina – que garante a disposição em manter o perfil consolidado pelo Guion em mais de duas décadas, sem deixar de lado o espaço para algumas novidades. “Queremos voltar a ter uma atenção especial para o cinema brasileiro e para a produção local, E não vamos renunciar a exibir filmes do grande cinema, produções de Hollywood, por exemplo, mas que tenham qualidade. Esse é um requisito do qual não abrimos mão. Filme estilo pipoca não nos interessa, está fora de cogitação, mas queremos trazer filmes de qualidade, independente de sua procedência”, reforça o jornalista e crítico.
O espaço do antigo Guion, incluindo equipamentos de exibição, foi adquirido em setembro deste ano pelo médico Marcelo Tiburi. A ideia original, segundo o consultor Henrique de Freitas Lima, era fazer negócio na modalidade de arrendamento - mas situações de mercado, como a queda nos preços do maquinário de projeção, levaram a antiga gestão a propor a venda de todo o espaço, o que foi aceito por Tiburi. Descrito por Lima como “um apaixonado pelo cinema”, o novo proprietário assumiu também boa parte do passivo, incluindo parcelas pendentes do financiamento para digitalização das salas, feito em 2015.
O novo espaço, contudo, já nasce tendo que encarar um desafio considerável: a reforma no Nova Olaria, programada para o final do ano que vem e que tem previsão de durar até 30 meses. “Durante esse período, vamos estar fechados, porque a natureza do negócio não permite alugar um outro lugar e transportar o equipamento, por exemplo”, admite Lima. “Mas isso já estava no plano inicial, e nossa meta era que o espaço mantivesse o caráter de convivência, de lazer e entretenimento. Me sinto triplamente recompensado com a abertura do Cine Grand Café: como advogado e consultor, como diretor de cinema e como cinéfilo e morador da Cidade Baixa”, resume.
A equipe responsável pelo Cine Grand Café conta com Jaqueline Beltrame, do Cine Esquema Novo, que atuará como coordenadora de operações; Rafael Berlezi, da Exp Transmídia, que assume como gestor de conteúdos e redes sociais; e com Patti Leivas, como gestora de relacionamentos. Responsável pela reforma, a arquiteta Carla Monteiro Rosário implementou novidades como uma tela interna, de caráter decorativo, que exibirá filmes dos irmãos Lumière - em associação com o nome do novo empreendimento, que remete ao salão onde os franceses exibiram seus primeiros filmes. A arquiteta também cuidou de algumas mudanças internas, como a recuperação dos banheiros internos e das saídas das salas para a área externa, conectadas ao bistrô.