Parte da estrutura física da 67ª Feira do Livro de Porto Alegre já ocupa o miolo da Praça da Alfândega, no Centro da Capital. A montagem do evento, que acontece de
29 de outubro a 15 de novembro em formato híbrido e com o slogan 'Para ler um novo mundo', iniciou neste sábado (23) pela manhã e deve seguir até a próxima quarta-feira (27).
Segundo a organização, as marcações para as bancas de expositores foram feitas no último dia 20, quando também foi adiantada a parte elétrica da Feira. Na tarde deste sábado, 15 barracas foram montadas, além dos suportes para a cobertura dos pavilhões, que foram instalados mesmo sem os recursos financeiros garantidos.
Orçada em torno de R$ 50 mil, a verba que custeia a lona de proteção para a chuva seria bancada pela Câmara Municipal de Vereadores, que na semana passada anunciou sua retirada do time de patrocinadores do evento. Ainda assim, a Câmara Riograndense do Livro (CRL) está tentando reverter a situação.
Fundamental para resguardar os livros e garantir a circulação do público nos pavilhões da feira em caso de chuva, este ano a lona pode vir a ser financiada por empresários e pessoas físicas, através de leis de incentivo. Para isso, foi um aberto um canal nas redes sociais do evento, para quem quiser apoiar essa causa poder acessar e se informar sobre o processo.
Após a experiência totalmente on-line ocorrida em 2020 - por conta das medidas restritivas de combate à Covid-19 -, a Feira do Livro de 2021 retoma o formato presencial com um mapa menor: serão apenas 56 barracas (o que representa 60% dos expositores de anos anteriores), com espaçamento de quatro metros entre cada uma.
O evento deste ano não se estende para a Rua dos Andradas, nem para o Cais do Porto. Irá se limitar à uma cruz formada entre as proximidades da rua Caldas Júnior, o Margs e os monumentos aos generais Artigas e Osório. No local, será imprescindível a utilização de máscaras, e em frente aos banheiros químicos haverá totens com pias para lavagem de mãos, além de álcool em gel disponível.
Com esta estrutura, será possível não somente a venda de livros - que não ocorreu no ano passado - mas também a retomada do Pavilhão de Autógrafos. Ao todo, serão 360 sessões individuais (ao ar livre, mas de forma reduzida e espaçada) e coletivas (realizadas no Espaço Cultural dos Correios, localizado no térreo do Memorial do Rio Grande do Sul, junto à Praça da Alfândega).
Estimada em pelo menos R$ 800 mil, a execução da Feira deste ano conta com o patrocínio do Banrisul e Petrobras. Por conta deste apoio, a área infantil e juvenil (aberta das 10h às 19h30min) contará com iniciativas como a Floresta Encantada Petrobras, voltada para a primeira infância, que proporcionará o acesso de estudantes das redes municipais e estaduais ao evento deste ano.
Mediante agendamento das escolas, a CRL disponibilizará ônibus para buscar as crianças, que, entre outras atrações, poderão acompanhar uma série de contação de histórias, que integram a grade de programação da ala infantil. Também a praça de alimentação será reduzida, contando apenas com quatro pipoqueiros, dois carrinhos de churros, um de paleta mexicana e uma banca de líquidos da Dado Bier.
O presidente da Câmara Riograndense do Livro, Isatir Bottin Filho, avalia que, com a vacinação em andamento e ''com os esforços'' para patrocínios, o horizonte "é mais iluminado, mas ainda desafiador". "Todos os protocolos de prevenção à Covid-19 serão cumpridos. Nossa maior expectativa é que os livreiros retomem as vendas e o contato com o público." Ele destaca que o atual patrono da Feira, Fabrício Carpinejar, e o escritor Jeferson Tenório, que foi o patrono de 2020, estarão entre os autores que irão dar autógrafos no evento - o que não foi possível em 2020. "Ambos têm sessões de autógrafos no dia 7 de novembro", adianta.
Já as mesas de debate serão mantidas com transmissão online, mesclando nomes da literatura internacional, nacional e local, além de opções de e-commerce. Serão 36 encontros com escritores e mediadores do mundo todo transmitidos do estúdio criado no Memorial do Rio Grande do Sul, instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS), que apoia o evento. As lives acontecerão sempre às 18h e às 19h30min e podem ser acessadas de qualquer lugar e a qualquer hora, pois ficarão gravadas também no canal Youtube da Feira.
A curadora da programação geral da Feira do Livro, Lú Thomé, observa este é "o momento" dos livreiros e editores voltarem à Praça, a céu aberto. Ela pondera que a CRL entende que os eventos ainda não devem ocorrer em espaços fechados, possibilitando que muitas pessoas possam acompanhar a programação pela internet. "Partindo dos aprendizados de 2020, este ano a organização do evento apresenta atividades mais propositivas dentro da temática Para ler um novo mundo", destaca a curadora. "Que siga trazendo as questões importantes, mas também ressalte a esperança, a leveza, a informalidade, o riso."
E se por um lado a programação presencial da Área Infantil está focada para primeira infância, por outro lado a Feira chega pela primeira vez de forma on-line para os adolescentes da FASE, em uma ação junto às Secretarias de Justiça e Sistema Penal e Socioeducativo. "Teremos uma conversa do patrono com eles, sobre como a literatura salva", explica a produtora cultural que articulou o projeto, Fernanda Dora, também assessora de imprensa da Feira. Ela lembra que em 2020 o evento já havia chegado da mesma forma às pessoas privadas de liberdade no Estado.