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Cultura

- Publicada em 01 de Setembro de 2021 às 19:59

Luiz Paulo Vasconcellos celebra 80 anos e trajetória múltipla no teatro

Figura histórica no teatro gaúcho e brasileiro, Luiz Paulo Vasconcellos recebe homenagens pelos 80 anos de vida no Theatro São Pedro

Figura histórica no teatro gaúcho e brasileiro, Luiz Paulo Vasconcellos recebe homenagens pelos 80 anos de vida no Theatro São Pedro


DIEGO DA MAIA/THEATRO SÃO PEDRO/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Luiz Paulo Vasconcellos fez muita, muita coisa na vida. De todas as diversas ocupações que se pode associar a seu nome - diretor teatral, ator, poeta, dramaturgo, ensaísta, joalheiro - talvez a que mais o encha de orgulho é a de professor. "Uma das coisas que mais me deixa feliz é saber que vivi, sobrevivi e ainda vivo, já que sou aposentado, da melhor coisa que existe no mundo, que é ensinar. Formar a cabeça de gerações mais novas é algo que me fascinou e seduziu a vida inteira", diz o realizador, que completa 80 anos de vida neste domingo (5).
Luiz Paulo Vasconcellos fez muita, muita coisa na vida. De todas as diversas ocupações que se pode associar a seu nome - diretor teatral, ator, poeta, dramaturgo, ensaísta, joalheiro - talvez a que mais o encha de orgulho é a de professor. "Uma das coisas que mais me deixa feliz é saber que vivi, sobrevivi e ainda vivo, já que sou aposentado, da melhor coisa que existe no mundo, que é ensinar. Formar a cabeça de gerações mais novas é algo que me fascinou e seduziu a vida inteira", diz o realizador, que completa 80 anos de vida neste domingo (5).
A trajetória de Luiz Paulo Vasconcellos será celebrada no dia de seu aniversário (5), às 18h, no emblemático palco do Theatro São Pedro. Em um evento para convidados e sem grande caráter formal, o mestre lerá, no palco, alguns poemas inéditos de sua autoria, com entrada franca. Para obedecer os protocolos de higiene e distanciamento, a presença de público será limitada a 80 pessoas. 
Não foram poucas as mentes criativas tocadas por Vasconcellos nas décadas em que atuou como professor do Departamento de Arte Dramática da Ufrgs (DAD). Nascido no Rio de Janeiro, em 5 de setembro de 1941, ele veio a Porto Alegre em 1969, convidado pelo professor e filósofo Gerd Bornheim, então diretor do Instituto de Artes da universidade. Mesmo ainda sem ter concluído o bacharelado no Rio de Janeiro, dirigiu os alunos do então Centro de Arte Dramática em uma bem-sucedida montagem de A ópera dos três vinténs, de Bertolt Brecht. "Quando tive que voltar ao Rio, o Gerd me disse: 'Termina o curso, pega teu diploma e vem dar aula aqui'. Fiquei exultante", relembra.
O problema é que o sucesso da peça coincidiu com a saída de Bornheim da Ufrgs, cassado pela ditadura militar. Quase todos os professores do Instituto fizeram um abaixo-assinado contra a reitoria, indignados com a postura submissa diante da cassação - e, em represália, foram demitidos. "Ele (Bornheim) me ligou no Rio e disse: 'Se mantiverem o convite, aceita, porque senão eles vão acabar com o curso'", conta Vasconcellos. "Vim para cá em março de 1970 para dar aula e para fazer todo o resto, porque não tinha quase ninguém (no corpo docente). Consegui trazer alguns alunos que tinham se formado no ano anterior, que tinham feito a peça comigo como trabalho final de curso, e conseguimos superar. Foi o maior desafio intelectual e político que passei em minha vida."
Desafio vencido com sucesso, sem dúvida: talvez seja mais fácil listar quem não foi aluno ou aluna de Vasconcellos, um dos poucos que pode dizer ter influenciado praticamente todo mundo no teatro gaúcho. Além da respeitadíssima trajetória acadêmica, escreveu Dicionário de teatro (1987), até hoje obra de referência para os mais diferentes tipos de apaixonados pelo palco. Uma contribuição que, se depender dele, não acabou: entre os projetos futuros, está a publicação de Análise e interpretação do texto teatral, obra baseada em uma cadeira que ganhou contornos de clássico dentro do DAD.
"Ministrei essa disciplina durante uns 200 anos, mais ou menos", diz, rindo. "Juntei tudo que acumulei nesse tempo, as minhas anotações e as perguntas que os alunos me faziam. Está prontinho, estou buscando editora interessada. Acho que as pessoas que estudam e apreciam o teatro vão gostar bastante", anima-se. Material para um novo volume de poesias também não falta - ele publicou, em 2006, a obra Comendo pelas beiradas.
Uma jornada, por onde quer que se olhe, inseparável de Porto Alegre - lugar que é, há mais de cinco décadas, sua morada e ponto de observação do mundo. "Era uma cidade fantástica e, em muita coisa, continua sendo. Porto Alegre é fundamental para o teatro brasileiro, não só pelos grandes diretores, atores e atrizes que formou, mas também por tudo que foi feito e construído aqui", anima-se. "Temos um dos melhores festivais de teatro do Brasil, talvez o melhor, que é o Porto Alegre Em Cena. A gente tem a oportunidade de trazer e apresentar espetáculos com os melhores diretores do mundo, e isso é algo maravilhoso em termos de formação de público e de realizadores. Não se pode achar que isso é pouca coisa."
Homem de muitas criatividades, o professor aposentado se dedica a uma expressividade aparentemente inusitada: a confecção de tapetes. "Sempre gostei de fazer coisas criativas com as mãos. Fiz joias durante anos, mas tive que parar, por causa das dores na lombar. Hoje, sou um tapeceiro, e gosto muito disso", comemora. Mesmo afastado do teatro, Vasconcellos segue atuando: sua aparição mais recente é na série juvenil Oráculo das borboletas amarelas, que estreou no começo de 2021 na TV Brasil, e estuda convites para retornar ao cinema no ano que vem. "Estou vivo, não é? Tem coisa melhor que isso?", pergunta e, por outro lado, também responde, dando uma risada.
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