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audiovisual

- Publicada em 29 de Abril de 2021 às 08:21

Mostra documental retrata herança afro-açoriana cultural na Península do RS

Rei do Congo (Madir Chaves da Silva) fala do ensaio de pagamento de promessa

Rei do Congo (Madir Chaves da Silva) fala do ensaio de pagamento de promessa


FELIPE JANICSEK/DIVULGAÇÃO/JC
Em Mostardas e Tavares, cidades da Península (no Litoral Médio do Estado, entre a Lagoa dos Patos e o Atlântico), destacam-se quatro manifestações culturais: o Ensaio de Pagamento de Promessa Quicumbi; os Ternos Juninos de Santos Padroeiros e de Reis; a Festa do Divino Espírito Santo e as Corridas de Cavalhadas.
Em Mostardas e Tavares, cidades da Península (no Litoral Médio do Estado, entre a Lagoa dos Patos e o Atlântico), destacam-se quatro manifestações culturais: o Ensaio de Pagamento de Promessa Quicumbi; os Ternos Juninos de Santos Padroeiros e de Reis; a Festa do Divino Espírito Santo e as Corridas de Cavalhadas.
O projeto Arte Encontro da Cultura Afro-Açoriana documentou essas tradições, em uma mostra audiovisual sobre os rituais de origem africana e luso-açoriana, revelando singularidades de personalidades e das expressões artístico-culturais da região. O material está disponível no site da Rota Açoriana.
Para marcar o lançamento do projeto, será realizada uma live nesta quinta-feira (29), às 20h, com a participação do músico e produtor cultural Marco Araújo e do agente cultural Ivo Ladislau. A transmissão ocorre pela página do Ponto de Cultura Coração de Tambor no Facebook.
Coração de Tambor é um Ponto de Cultura localizado em Tavares que tem como intenção manter viva a riquíssima cultura Quicumbi, manifestação única no Rio Grande do Sul e que há mais de 260 anos vem mantendo a realização de seus ensaios de pagamentos de promessas. Também tem seu foco na valorização da cultura açoriana praticada na Península.
A mostra virtual Arte Encontro da Cultura Afro-Açoriana consiste de apresentações musicais e palestras, reunindo personalidades culturais representativas da Península e do Litoral Norte do Estado. As gravações da programação artística ocorreram no Auditório José Mathias Velho, em Mostardas, nos dias 24 e 25 de março, sem a presença de público e dentro das normas de segurança estabelecidas pelo Estado e municípios envolvidos, conforme preconiza a OMS.

Personalidades do projeto

Jorge Paulo Martins Silveira, comandante das corridas de Cavalhada de Tavares, que encena batalha entre Mouros e Cristãos

Jorge Paulo Martins Silveira, comandante das corridas de Cavalhada de Tavares, que encena batalha entre Mouros e Cristãos


FELIPE JANICSEK/DIVULGAÇÃO/JC
Entre as atrações da mostra virtual Arte Encontro da Cultura Afro-Açoriana, estão Ivan Terra & Grupo Folclórico Boizinho da Praia, de Cidreira; Loma & Grupo Chão de Areia; o cantor e compositor Marco Araujo & Banda; Marcello Caminha & Grupo e o músico e compositor Gilberto Oliveira com seu Trio. Prestigiando as expressões da terra, se apresentam o Terno de Reis da Comunidade Quilombola de Casca; a Banda Santo da Casa, os artistas tavarenses Zé Neto Souza e o Grupo de Terno Mirim da Escola Onofre Pires.
Outro documento importante do projeto consiste de palestras, com depoimentos e relatos de nome atuantes da cultura popular e da academia. Entre os depoentes, estão Antônio Lopes de Matos, conhecido como Mestre Zango, de Casca, que fala sobre ensaio de promessa e os ternos de reis; o Rei do Congo dos Teixeiras, o quicumbi Madir Chaves da Silva, que comenta o ensaio de pagamento de promessa na tradição quicumbi, e Jorge Paulo Martins Silveira, comandante dos corredores de Cavalhada de Tavares, que aborda a teatralidade deste grande evento folclórico, de tradição europeia, cuja encenação retrata a batalha entre Mouros e Cristãos.
Outra participação a salientar é a de Luiz Agnelo Chaves Martins, que evidencia o papel do tropeiro Cristovão Pereira de Abreu (1678-1755) e sua importância histórica e cultural. O pesquisador Ivo Ladislau, figura proeminente na região, aborda o conceito de afro-açorianidade na Península.
A presença negra no território é ressaltada pelo antropólogo Iosvaldyr Bitencourt Jr., que fala sobre os negros quanto à sua descendência banto e o surgimento das congadas. Seguindo este caminho, destaca-se a presença de Sandra Lopes da Silva, comentando sobre sua participação no auto do ensaio do pagamento de promessa quicumbi, das capelonas e suas rezas. Fala, ainda, da participação da mulher negra no quilombo e sua participação na sociedade.
Outro depoimento relevante é do maestro, compositor e arranjador Alessandro Ferreira, que comenta sobre a tradição da Banda Diplomata, de São José do Norte, uma das mais antigas do Estado. É digna de nota a palestra da historiadora Vera Barroso, de Santo Antônio da Patrulha, que evidencia a contribuição das diversas etnias na formação do Litoral Norte gaúcho.