O atraso na entrega de veículos novos, a falta de peças e a valorização dos usados foram os fatores determinantes para a elevação do custo do seguro auto ao longo de 2022. O presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais, Antonio Trindade, disse que as seguradoras tinham precificado suas apólices com os valores de carros usados em um nível e depois, no momento das indenizações, este nível foi acrescido de 10 a 20%.
Conforme o dirigente, isto desequilibrou as contas das seguradoras, que acabaram repassando este custo para o consumidor final, que obviamente não gostou. “Ninguém gosta de gastar mais para comprar a mesma coisa. Atravessamos um problema conjuntural. Acredito que as coisas voltem à normalidade entre o 1º e 2º trimestre de 2023, com o retorno das cadeias de produção do setor automotivo, os preços dos usados parando de subir e as oficinas controlando o repasse de custo e mão de obra”, afirmou.
A FenSeg trabalha com a previsão de retorno das taxas de risco do seguro auto equivalentes aos períodos pré-pandemia e pré-guerra na Ucrânia. Quanto às indenizações, Trindade destacou que os níveis de colisão e furtos de veículos no Brasil têm as suas variáveis e espera que através da geração de emprego e renda ao longo do ano, o ambiente social se torne menos agressivo, colaborando para o declínio do roubo e furto de veículos.
Apesar do cenário não favorável, a arrecadação do segmento seguro auto cresceu em 2022. Por outro lado, o presidente da FenSeg ressaltou que, ao se fazer uma análise criteriosa dos números, é possível verificar que ocorreu uma redução da comercialização do número de apólices do seguro auto. “O preço ficou elevado. Espero que essa equação se ajuste, com mais unidades de apólices vendidas a preços razoáveis. Isto trará equilíbrio entre o crescimento da arrecadação e o volume de veículos segurados”, avaliou.
Levantamento da Federação aponta que de 30 a 35% da frota de veículos que circulam atualmente no país está segurada, indicando um forte potencial de atração de novos consumidores para o setor de seguro de automóveis. “Isto também depende do lançamento de produtos simplificados a custo mais acessível para boa parte da população, que possui veículos com cinco ou mais anos de fabricação”, enfatizou Antonio Trindade.
A proliferação das chamadas associações veiculares é outra questão de preocupação da FenSeg. Uma das iniciativas da entidade é mostrar aos consumidores como é organizada uma apólice de seguro feita por uma seguradora, com registro na Susep, capital, reserva técnica, representação e obrigações legais a cumprir, sendo que estas determinações não estão no escopo das associações, além de não serem fiscalizadas.
Antonio Trindade espera que o Congresso Nacional possa regulamentar esta atividade. “Isto será positivo, pois permitirá um equilíbrio na competição, com as associações tendo que constituir reservas, provisões técnicas, governança e supervisão, assim como as seguradoras fazem”, concluiu.