Elaine Deboni
No mundo dos negócios, falamos muito sobre grandes empresas e multinacionais, mas pouco se valoriza o impacto poderoso que o varejo popular tem nas economias locais. Como empresária do setor, acredito profundamente que os shoppings populares vão muito além de espaços comerciais; eles são centros de oportunidades, motores de desenvolvimento e, acima de tudo, pontos de conexão para milhares de famílias e pequenos empreendedores.
Os shoppings populares desempenham um papel essencial na geração de empregos, especialmente em tempos de incerteza econômica. Diferente das grandes redes que, muitas vezes, automatizam processos e centralizam operações, o varejo popular depende das mãos, do talento e do esforço de milhares de trabalhadores.
Além de gerar empregos, os shoppings populares têm um papel fundamental no suporte aos pequenos negócios. Eles oferecem uma vitrine acessível para que empreendedores realizem seus sonhos e conquistem sua autonomia financeira. Quantas histórias de superação eu já ouvi nesses corredores! É aqui que ideias ganham vida, onde a inovação acontece no dia a dia, focada em servir o cliente e trazer soluções acessíveis.
Também é importante lembrar que o varejo popular tem uma capacidade única de adaptação. Ao contrário das grandes redes, que demoram para responder às mudanças, o comércio popular reage de forma quase imediata às necessidades e aos desejos do consumidor. Durante a pandemia, por exemplo, foi nos pequenos negócios que vimos um esforço rápido e intenso de adaptação. Vendedores adotaram o delivery, investiram em redes sociais e até reinventaram seus produtos para atender às novas demandas. Esse espírito resiliente e adaptável do varejo popular não apenas preservou empregos e negócios, mas também deu à população acesso a produtos essenciais.
Além disso, ao abrir portas para pequenos empreendedores, o varejo popular contribui para a inclusão social e econômica de pessoas que, muitas vezes, não teriam espaço em outros setores. Em um país como o Brasil, onde as desigualdades ainda são desafiadoras, o impacto social desse tipo de empreendimento não pode ser subestimado. O compromisso com a comunidade vai além do lucro; é uma responsabilidade com o futuro das pessoas que atendemos.
Por isso, acredito que empreender no setor de varejo popular é, sem dúvida, empreender com impacto. O sucesso de cada loja, cada quiosque e cada vendedor ambulante é uma conquista compartilhada. Nossa missão é oferecer não só um espaço para a venda, mas uma plataforma de crescimento e desenvolvimento. Para mim, esse é o verdadeiro empreendedorismo de impacto: aquele que transforma vidas, que cria laços com a comunidade e que deixa um legado de desenvolvimento.
O varejo popular é o coração de muitas cidades. Ele move a economia local, cria histórias de superação e oferece acesso a produtos e serviços para quem mais precisa. Cada venda realizada, cada emprego gerado, e cada família que cresce junto com esses negócios é uma prova de que o setor é, sim, um alicerce sólido da nossa economia.
Acredito que, ao valorizar o varejo popular, estamos investindo em um Brasil mais inclusivo e mais próspero. E como empreendedora, é uma honra fazer parte dessa jornada.
Vice-presidente da área de Micro e Pequenas Empresas na Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA).