Hugo Müller
Estamos nos aproximando de mais um espetáculo da democracia. Novamente o Brasil vai às urnas para decidir seu futuro. No domingo dia 6 de outubro, os brasileiros votarão para escolher seus representantes nos municípios. E aí surge uma pergunta essencial: como você vota?
Não estou perguntando em quem você vota, mas sim como decide em quem irá votar. Sua escolha é feita por conveniência, por interesses pessoais ou com base em princípios, propostas e valores sólidos? Nos acostumamos a ver políticos se elegendo muito mais pelo que podem oferecer a certos grupos ou indivíduos do que pelas suas propostas consistentes para a sociedade como um todo. Um asfalto perto da sua casa, uma promessa de benefício ou propostas de melhorias vagas na cidade não nos levarão para o futuro que desejamos. Outro fator que frequentemente orienta as escolhas dos eleitores brasileiros são pautas ambientalistas e identitárias, que no final das contas muitas vezes não passam de belos discursos, sem concretização prática. Afinal, você está acompanhando o que está acontecendo na Amazônia?
É hora de abandonarmos o imediatismo. Uma cidade e um país não se constroem com ganhos de curto prazo, mas com virtude, planejamento e consistência. Como bem diz o hino deste Estado: "Povo que não tem virtude acaba por ser escravo". Escravo das próprias escolhas, de uma sociedade que, até o momento, não parece madura o suficiente para decidir o tipo de caminho que devemos seguir ou para avaliar e julgar com clareza os candidatos aos cargos públicos. O processo eleitoral não reflete apenas os políticos que temos, mas sim uma sociedade que, muitas vezes, prefere assistir a xingamentos e ofensas a um verdadeiro debate de ideias.
Qual seria a solução? Ela não é imediata, mas lenta e gradual. A resposta passa por educação, conscientização e, principalmente, pela superação da visão de que a política é o problema. Como afirmou John Stuart Mill: "O preço da liberdade é a eterna vigilância". A democracia exige mais do que apenas o ato de votar, ela demanda um processo contínuo de debate e reflexão. O voto deve ser o resultado de uma análise séria, na qual as propostas são devidamente examinadas e as ideias podem ser livremente discutidas - o que, infelizmente, nem sempre é possível no Brasil atual.
Ter bem claro aquilo tudo em que você acredita é o ponto de partida. Um cidadão sem valores, princípios e conhecimento fica à mercê das influências dos atores políticos do momento. Desenvolver senso crítico em relação aos fatores que afetam nossa sociedade é o que realmente permite tomar decisões bem fundamentadas. Até o momento, não existe no mundo uma forma de governo melhor do que a democracia constitucional, apesar de suas imperfeições. Contudo, para que ela funcione adequadamente, precisamos de eleitores informados e conscientes.
Como mencionei, a solução é de longo prazo, mas pode começar agora - ou melhor, neste domingo. Apesar de todas as falhas do nosso sistema democrático, a única maneira de progredirmos é acreditando que o povo brasileiro é capaz de superar discursos bonitos e promessas vazias. O futuro que desejamos começa a ser construído hoje.
Diretor Financeiro do IEE