Estamos na véspera da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de 2024, que ocorrerão em Paris, capital francesa. As próximas semanas serão extremamente interessantes para todos aqueles que acompanham e admiram o mundo esportivo.
Nos Jogos de Tóquio de 2020, ocorridos em 2021 por conta da pandemia, o Brasil conquistou um total de 21 medalhas, sendo sete de ouro. Alcançamos a 12ª colocação entre as mais de duzentas nações que participaram dos Jogos. Não é o suficiente para nos considerarmos uma superpotência do esporte, mas ficamos bem posicionados.
Orgulhosamente, no futebol somos a seleção mais vitoriosa do mundo: ninguém revela tantos craques nem venceu cinco Copas do Mundo. A seleção olímpica de futebol masculino, entretanto, conquistou a primeira medalha de ouro somente em 2016. Em 2020, repetimos o sucesso, sagrando-nos os atuais bicampeões olímpicos.
Nos Jogos de Paris, não poderemos repetir o êxito. Na verdade, nem torcer pela seleção canarinho. A seleção masculina de futebol não conseguiu a classificação entre as dezesseis participantes do torneio. Ou seja, o sucesso recente (2016 e 2020) não pavimentou o sucesso futuro (2024).
Na esfera esportiva, a alternância é normal. Mesmo equipes e atletas favoritos sofrem com resultados inesperados. Bastam detalhes para ser derrotado pelo rival: um chute em que a bola trisca a trave e entra no gol na disputa por pênaltis, ou uma diferença de centésimo de segundo na corrida de cem metros rasos. Os esportes são extremamente dinâmicos.
Já nas esferas sociais, políticas e econômicas, os fatores que as impactam são complexos e estruturais. Portanto, melhoras e pioras não acontecem por obra do acaso e rapidamente. Mesmo os quatro anos entre as edições de Jogos Olímpicos - coincidentemente, o mesmo intervalo entre eleições no Brasil - são pouco para mudanças drásticas.
Usando a linguagem esportiva, "o jogo" aqui é outro: as instituições moldam nossa vida. E nossa sucessão de escolhas como nação molda nossas instituições. Por isso, convido o leitor para refletir sobre outros pódios que (não) estamos disputando.
O ranking Freedom in the World (organizado pela Freedom House) mede o nível de liberdades civis e políticas entre 210 nações e territórios: somos a 80ª colocada.
O World Press Freedom Index da Reporters Without Borders mensura a liberdade de imprensa: estamos posicionados na posição de número 82 entre 180 nações pesquisadas.
Já no Índice de Liberdade Econômica realizado pela The Heritage Foundation e The Wall Street Journal, a situação é ainda pior. Dentre as 184 avaliadas, somos a 124ª pior nação.
Esses são três rankings reconhecidos internacionalmente. Há muitos outros. Mas os resultados são semelhantes no que se refere a desenvolvimento e liberdades econômica, política e social. Somos medíocres. Nem mesmo poderíamos participar dos respectivos Jogos Olímpicos - nos quais estão os competidores de elite.
Essas palavras não são fruto de um ranzinza que busca ofuscar a grandeza das Olimpíadas e a nossa oportunidade de torcer pelo Brasil. Mas de alguém preocupado por nosso país estar, sucessivamente, distante dos pódios mais importantes: aqueles que impactam diretamente na vida das pessoas e em sua expectativa de futuro.