De 6 a 9 de junho, os países da União Europeia foram às urnas e sacramentaram a previsão de crescimento dos grupos políticos direitistas para o Parlamento Europeu. A liderança do Partido Popular Europeu, de centro-direita, foi preservada, mas a nova direita europeia ganhou mais assentos. Os maiores destaques foram Alemanha e França, que registraram vitórias expressivas da oposição aos atuais governos, além da Itália, cujo partido da atual primeira-ministra, Georgia Meloni, de direita, foi o mais bem colocado. Vencer nesses três países é um sinal de que a direita política realmente está em voga na Europa.
Muito desse sucesso eleitoral se deve a dois fatores: a crise migratória e o alto custo de vida gerado por uma agenda de transição energética que foi o foco da última legislatura europeia. Esse segundo ponto pode ser confirmado pelo enfraquecimento do Grupo dos Verdes e da Aliança Livre Europeia, representantes dos partidos ambientalistas, que perderam 20 cadeiras no Parlamento Europeu. A derrota dos verdes pôde ser prevista durante as imensas manifestações de agricultores europeus no início deste ano, grande parte em resposta a políticas cada vez mais restritivas ao uso de defensivos agrícolas e adubos nitrogenados, além do encarecimento do diesel, com o argumento da redução das emissões de CO2.
Outro fator interessante sobre a vitória dos partidos de direita é a participação maciça de jovens de 18 a 24 anos. Na Holanda e na Bélgica, o apoio à nova direita por jovens que antes votavam na esquerda tem surpreendido. Na França, esse movimento fica evidente pela escolha do eurodeputado Jordan Bardella, de apenas 28 anos, como porta-voz do partido Reagrupamento Nacional, colocando-o como possível próximo primeiro-ministro francês.
Todos esses elementos que levaram ao crescimento dos grupos de direita anti-status quo, se somados, apontam para uma conclusão clara: agricultores, trabalhadores que se sentem ameaçados pela imigração em massa e a juventude têm uma percepção de que a vida está ficando mais cara, os empregos, mais escassos, e que sua identidade nacional está ameaçada. Na visão desses grupos, as políticas de "portas abertas" para imigrantes e as pautas ambientais, que desconsideram o alto preço pago pelas pessoas mais simples pela transição, ambas promovidas principalmente por partidos de esquerda e centro-esquerda, legaram uma vida mais difícil para o europeu médio, que agora vê na nova direita uma chance de mudança.
É claro que todo esse processo está sendo encarado por parte da mídia europeia e brasileira como uma "grande crise da democracia", como sempre acontece quando a direita política vence. É fundamental dizermos que não há crise política alguma, mas, sim, que os processos democráticos estão em pleno funcionamento. Os partidos tradicionais europeus viraram as costas para as reais necessidades dos seus povos, optando por pautas que agradam mais a uma elite tecnocrata que ficou cada vez mais cega pela ideologia do politicamente correto. Neste momento, estamos presenciando uma pequena oportunidade de retorno para o bom senso em relação a essas agendas. Torço para que esses resultados eleitorais possam restabelecer parte da esperança do povo europeu por dias melhores.