Foi celebrado neste mês de agosto o começo das obras do novo empreendimento da Be8 (antiga BSBios) em Passo Fundo que produzirá alimento humano e animal (glúten vital e farelo), além de combustível renovável (etanol). A perspectiva é que o início da operação do complexo ocorra a partir de setembro de 2026.
“Eu tenho dito que não é uma fábrica e sim um parque fabril”, enfatiza o presidente da companhia, Erasmo Carlos Battistella. O investimento na iniciativa é estimado atualmente em cerca de R$ 1 bilhão, sendo que a empresa conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) na ordem de R$ 729,7 milhões.
O executivo detalha que a usina será flexível para a geração de etanol anidro (que pode ser adicionado na gasolina) ou hidratado (consumo direto) e terá capacidade de 220 milhões de litros do biocombustível a partir do processamento de cereais (milho, trigo, triticale, arroz, sorgo, dentre outros). A previsão é operar com cerca de 750 toneladas ao dia de cereais.
Também serão produzidos 155 mil de toneladas por ano de farelo conhecido como DDGS (Distiller’s Dried Grains with Solubles) ou Grãos Secos de Destilaria com Solúveis (em português), obtido imediatamente após o processo fermentativo de fabricação de etanol. A unidade produzirá 35 mil toneladas ao ano de glúten vital - um concentrado proteico em pó cuja principal aplicação é na fortificação de farinhas.
De acordo com Battistella, o novo complexo vai proporcionar mais de 800 empregos durante a fase de implantação do projeto, dando preferência à contratação de mão de obra local, promovendo o treinamento e a capacitação especializada para manutenção e operação da unidade. Após a conclusão, serão abertos aproximadamente 175 empregos diretos na atividade.
Sobre a aquisição de matérias-primas para abastecer o empreendimento, o presidente da Be8 salienta que a companhia firmou uma parceria com a Embrapa-Trigo para a produção de novos materiais. “Eles já têm no portfólio de trigo e triticale (cereal de inverno utilizado na alimentação animal) com concentrações extremamente interessantes de amido para produção de etanol”, comenta o dirigente.
Outra parceria, acrescenta Battistella, será com a Biotrigo Genética, empresa líder de melhoramento genético do trigo na América Latina. O trabalho, nesse caso, será no desenvolvimento genético de duas cultivares de trigo exclusivas também para a fabricação de etanol. As variedades, por possuírem elevados níveis de amido, são ideais para a fabricação do biocombustível.
Battistella frisa que as cultivares de trigo licenciadas à Be8 são resultado de pesquisas elaboradas desde 2015 dentro do programa de melhoramento genético da Biotrigo, tendo como premissas características importantes para a produção de etanol, como também para a de DDG, importante aliado na alimentação animal. “É uma oportunidade viável de renda para a cultura de cereais de inverno e os resultados desta parceria trarão benefícios diretos à cadeia do trigo, permitindo agregação de valor aos cereais de inverno para fins de produção de biocombustíveis, bem como para fortalecer o mercado tritícola”, conclui o executivo.