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Teatro
Antônio Hohlfeldt

Antônio Hohlfeldt

Publicada em 27 de Fevereiro de 2025 às 21:06

Novos palcos abrirão espaço para o teatro infantil?

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Antonio Hohlfeldt
Ao anúncio formal da inauguração da sala de teatro italiano do Multipalco, vinculado ao Theatro São Pedro, seguiu-se, na semana passada, a antecipação do programa - uma espécie de festival - que marcará a entrega do recém-batizado Teatro Simões Lopes Neto.
Ao anúncio formal da inauguração da sala de teatro italiano do Multipalco, vinculado ao Theatro São Pedro, seguiu-se, na semana passada, a antecipação do programa - uma espécie de festival - que marcará a entrega do recém-batizado Teatro Simões Lopes Neto.
O que chama a atenção, desde logo, é a ênfase dada à ópera Turandot, de Puccini, considerada uma obra de referência do gênero, a ser apresentada na interpretação da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), sob a direção musical do titular do Teatro Colón, de Buenos Aires, Carlos Vieu, e a direção cênica de Flávio Leite, responsável pela Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS). É bom lembrar que, logo na retomada de obras deste espaço, há muito tempo interrompidas, houve uma revisão técnica fundamental, proposta pelo diretor da Orquestra Theatro São Pedro, que também tem formação em engenharia civil: a ampliação do fosso da orquestra e, por consequência, a necessidade de revisar todo o projeto acústico da sala. Poderemos avaliar, a partir da noite de 27 de março, se elas deram certo, ou não.
Aberto o Teatro Simões Lopes Neto no dia 27, quatro dias antes, num domingo (23), a mesma Orquestra Sinfônica de Porto Alegre promoverá um espetáculo diferente: como o grupo estará em ensaios para a estreia da ópera, na data - alusiva ao primeiro concerto que a Ospa fez em sua história, em 1950, naquele mesmo espaço do Theatro São Pedro -, poderemos assistir a um recital da pianista Simone Leitão, convidada especial, que levará um repertório referente àquela data, com obras de Mendelssohn, Beethoven, Ravel e Lizt, com ingresso gratuito.
Deste modo, a Ospa comemorará seu "nascimento", digamos assim, enquanto o Theatro São Pedro fecha suas portas para uma necessária e legalmente obrigatória modernização, que é a prevenção de incêndio. Ao mesmo tempo, o São Pedro fará uma ação de cidadania, garantindo a ampliação da acessibilidade, com espaços específicos para cadeirantes e obesos, adaptação dos espaços dos banheiros para estes mesmos públicos e colocação de elevador. Esta ação "concertada" faz com que toda a programação do Theatro São Pedro seja transferida para o Teatro Simões Lopes Neto, enquanto as obras ocorrerem, já estando planejada a reabertura do clássico teatro do século XIX no dia 27 de junho de 2026, data de aniversário da Instituição, cujas atividades começaram em 1858, como se sabe.
Já ecoei, aqui na coluna, as obras de retomada do Teatro do IPE, por parte do Governo do Estado, e a abertura do teatro da Federação dos Bancários, marcada para outubro deste ano: assim, teremos, sem dúvida, uma revitalização dos espaços dedicados às artes cênicas na cidade. Enquanto este novo teatro estará mais dedicado a espetáculos da América Latina, segundo antecipam seus responsáveis - o que é uma excelente ideia - o Simões Lopes Neto, quando assumir sua programação normal, dará especial ênfase à ópera e à dança, enquanto o São Pedro trabalhará com a música de câmara e o teatro em geral, ficando para o Teatro Olga Reverbel os espetáculos experimentais e espetáculos solo.
Assim, num horizonte imediato, teremos não apenas uma retomada, mas uma expansão das atividades artísticas na cidade. Com a reabertura do Teatro de Câmara e a dos dois teatros da Casa de Cultura Mário Quintana, fica faltando apenas a da Usina do Gasômetro - que chegou a ser anunciada para o próximo dia 26 de março - e a recuperação do Centro Municipal de Cultura com suas duas salas, a Álvaro Moreyra e o Teatro Renascença. Completa-se o panorama com a reabertura do Teatro do Sesi (já ocorrida), a permanência da programação do teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa e alguns outros espaços particulares de diversos coletivos artísticos - aí, podemos ter uma boa expectativa quanto às alternativas disponíveis para nossos grupos, os mais variados.
Meu grande sonho, com tudo isso, é que o teatro infantil reencontre o interesse de nossos produtores. Afinal, o teatro infantil forma o público do chamado teatro adulto. Estes novos espaços darão oportunidade a este segmento artístico?

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