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Teatro
Antônio Hohlfeldt

Antônio Hohlfeldt

Publicada em 17 de Maio de 2024 às 00:40

Nova antologia das Dramaturgas

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Antonio Hohlfeldt
Lançado em 2022, a antologia Liberdade é o segundo volume de textos dramáticos que o coletivo As Dramaturgas concretiza. Seu primeiro projeto ocorreu em 2018, através da Editora da Pucrs, e alcançou inclusive premiação nacional. Eram treze volumes de bolso trazendo, cada um, dois ou um único texto de cada autora. Neste novo encontro, coordenado por Patrícia Silveira, concretiza-se em um só volume, através da editora Concha, da cidade de Rio Grande.
Lançado em 2022, a antologia Liberdade é o segundo volume de textos dramáticos que o coletivo As Dramaturgas concretiza. Seu primeiro projeto ocorreu em 2018, através da Editora da Pucrs, e alcançou inclusive premiação nacional. Eram treze volumes de bolso trazendo, cada um, dois ou um único texto de cada autora. Neste novo encontro, coordenado por Patrícia Silveira, concretiza-se em um só volume, através da editora Concha, da cidade de Rio Grande.
O livro traz textos de Carina Corá (Re-sonhar), Dedé Ribeiro (Segurança máxima), Elisa Lucas (Acordei aposentada), Fernanda Moreno ( ... me atrevo), Jéssica Barbosa (Gás), Lourdes Kaufmann (Depois de tudo!), Natasha Centenaro (Paisagem com cactos), Patsy Cecato (Graças e mãos sujas), Stella Bento (Paralelas e transversais), Viviane Juguero (As teias de Anhara), além da própria Patrícia Silveira (Galeria Cassandra), dramaturgas que já haviam divulgado seus textos na coleção anterior, além de Dedy Ricardo (Eu não sou macaco!), Jéssica Lusia (Fica conosco, senhor, já se faz tarde), Silvana Rodrigues (Esconderijo) e Virginia Schabbach (No antes, naquele dia e agora - Invisível), que se reuniram às colegas do volume anterior. Cada uma, como destaca Patrícia Silveira, na apresentação da obra, com suas estéticas, preocupações temáticas e definições estilísticas. Neste sentido, elas não formam um grupo: aliás, o fato de insistirem em se identificarem enquanto coletivo evidencia bem isso. O que as identifica é o fato de serem mulheres que escrevem para teatro e pretendem ocupar seu próprio espaço nestes palcos.
Temos textos que seguem a carpintaria tradicional da peça dramática, como o sensível Re-Sonhar, de Carina Corá, o tenso Fica conosco, Senhor, já se faz tarde, de Jéssica Lusia ou o divertido Depois de tudo!, de Lourdes Kauffmann.
Mas há os chamados textos de combate, como Eu não sou macaco!, de Dedy Ricardo, Galeria Cassandra, de Patrícia Silveira, ou Paralelas e transversais, de Stella Bento.
Encontramos, ainda, textos nitidamente experimentais, que poderíamos filiar ao grupo da chamada dramaturgia pós-moderna, como ...me atrevo, de Fernanda Moreno, Gás, de Jéssica Barbosa ou Paisagem com cactos, de Natascha Centenaro.
Não faltam também os textos divertidos e leves, como Acordei aposentada, de Elisa Lucas, ou anti-dramáticas, como Graças e mãos sujas, de Patsy Cecato, ou, ainda, quase rituais, como As teias de Anhara, de Viviane Juguero.
O fato de as escritoras serem militantes de alguns princípios, como exigirem espaços respeitosos para as suas produções e reconhecimento pelas mesmas, não significa que todos os textos estejam vinculados a temáticas feministas. Boa parte deles o são, mas há outros que discutem outros aspectos da realidade brasileira, como os preconceitos raciais. Alguns falam sobre o etarismo, e assim por diante. O que chama a atenção, aliás, justamente, é a variedade e amplitude de temas que surgem nestes trabalhos, evidenciando um horizonte múltiplo e absolutamente contemporâneo, a valorizar ainda mais as contribuições destas autoras.
Outro dado a destacar, e devidamente registrado na introdução da obra, é o fato de vários destes textos já terem sido montados, ou seja, transformados em espetáculo, ou receberem leituras dramáticas: afinal, só quando a palavra escrita se transforma na palavra falada é que saímos, de fato, do campo da Literatura para o do Teatro.
Da leitura do volume, saio com uma convicção: não é por falta de qualidade dos textos que eles não serão montados. Portanto, diretores e produtores à procura de inspiração para novas realizações, eis uma bela oportunidade. Se combinamos isso com o lançamento de editais que tem sendo realizado pela Sedac, podemos unir o útil como agradável: proporcionar o conhecimento de novos textos e de novos autores (no caso, autoras), com a oportunidade concreta de se dispor de espaços para a apresentação do espetáculo e, até mesmo, para os seus ensaios.
 

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