"Apesar do projeto contar com o Estudo de Viabilidade Urbanística aprovado, a empresa optou por não dar sequência no desenvolvimento do empreendimento", diz nota de posicionamento da Melnick em resposta ao questionamento da coluna sobre uma obra que seria construída no bairro Pedra Redonda, na Zona Sul de Porto Alegre. A empresa não detalhou a motivação e ainda não informou o que será feito com o terreno.
A decisão chega exatos quatro anos depois de o Conselho do Plano Diretor ter aprovado o empreendimento – a avaliação do colegiado aconteceu pois o projeto demandava flexibilização dos parâmetros urbanísticos vigentes. O pedido era para dobrar a altura permitida das edificações na região, de 9 metros, para 18 metros. Para construir três prédios residenciais de sete andares, um centro comercial e vagas de estacionamento, seriam retiradas 889 árvores de uma área que "contorna" o Morro do Sabiá.
O impacto urbano e ambiental vinha sendo questionado por vizinhos, que alegam não terem tido conhecimento da proposta durante a sua tramitação no colegiado. Na sexta-feira passada, dia 14, um grupo de moradores encaminhou ao Ministério Público Estadual um pedido para que medidas fossem adotadas "coibindo a flexibilização liberada ao empreendimento".
O receio, conforme Carlos Eduardo Sant'Anna, presidente da Associação Comunitária Jardim Isabel, é que o projeto abrisse "precedente muito grande" para que outras construções semelhantes fossem erguidas no entorno.
Do ponto de vista ambiental, a preocupação esteve calcada na remoção das árvores para abrigar a construção no terreno. O lugar é uma área verde de passagem entre o Guaíba e o Parque Natural do Morro do Osso. Além das árvores, seria necessário retirar vegetação classificada como "em estágio inicial de regeneração" e uma área de taquara.
No ano passado, outra mobilização de moradores foi registrada na Zona Sul, no
bairro Vila Conceição, contra um empreendimento que recebeu
autorização para remover 315 árvores em um terreno na rua Nossa Senhora Aparecida, onde será construído um condomínio com 18 casas. Por não ter alteração dos parâmetros previstos no Plano Diretor, este caso não passou pelo colegiado.