Desastres relacionados à água, sejam por chuva em excesso ou secas prolongadas, causaram mais de 8,7 mil mortes em 2024, deslocaram 40 milhões de pessoas e provocaram prejuízos estimados em US$ 550 bilhões. Estes dados abrangem o ano passado inteiro e constam no relatório mais atualizado do Global Water Monitor (monitor global da água), divulgado no início de janeiro.
O levantamento é desenvolvido pelo Global Water Monitor Consortium, união de organizações públicas e privadas de diversos países para fornecer abertamente dados climáticos e hídricos. As informações constam no relatório, que
pode ser acessado aqui.
De acordo com o levantamento, inundações repentinas, deslizamentos de terra e ciclones tropicais foram os piores tipos de desastres em termos de vítimas e danos econômicos. As mudanças climáticas, consequência de um planeta que aquece mais a cada ano, estão piorando o cenário, tornando os fenômenos climáticos mais extremos. Os meses com extremos de precipitação recorde em 24 horas foram 52% mais frequentes em 2024.
Principais eventos relacionados à água em 2024
Os eventos mais prejudiciais relacionados à água em 2024 incluíram inundações de rios, inundações repentinas, deslizamentos de terra, secas e ciclones tropicais. As consequências registradas foram mortes, deslocamentos, insegurança alimentar, prejuízos econômicos e impactos no meio ambiente.
Fonte: Global Water Monitor report 2024, adaptado
A tragédia climática do Rio Grande do Sul é descrita no relatório como “dilúvio”: “Entre o final de abril e maio de 2024, o estado brasileiro do Rio Grande do Sul sofreu inundações catastróficas devido a chuvas torrenciais. A região recebeu mais de 300 mm de chuva, com algumas áreas registrando 150 mm em 24 horas. O dilúvio causou pelo menos 85 mortes e o deslocamento de aproximadamente 150 mil moradores”.
Além de citar a perda de vidas, o relatório aponta a preocupação com “a segurança alimentar nacional” devido aos danos na agricultura no Estado. Dos 17 casos de inundações ou secas extremas analisados, o Rio Grande do Sul tem o segundo maior prejuízo econômico estimado – junto ao Sudeste Asiático pela passagem do Tufão Yagi –, com US$ 17 bilhões. À frente estão os Estados Unidos, com perdas que chegam a US$ 500 bilhões pela temporada de furacões.
A perspectiva para 2025 mostra riscos aumentados de desastres em todo o mundo. Devido às mudanças climáticas em andamento, as temperaturas globais provavelmente aumentarão ainda mais, levando a mais ondas de calor, maior risco de incêndios florestais, tempestades intensas e eventos extremos de precipitação.
A
Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou, em
comunicado no dia 10 de janeiro, que
2024 foi o ano mais quente já registrado. A temperatura média global da superfície foi
1,55 °C (com uma margem de ± 0,13 °C) acima da média de 1850-1900 (período que marca o início da era industrial).
Isso significa que este foi possivelmente o primeiro ano com uma temperatura média global superior ao limite de 1,5°C previsto no Acordo de Paris. Contando 2024, os últimos dez anos estiveram todos entre os dez mais quentes, em uma série extraordinária de temperaturas recordes.
O cálculo da OMM tem como base a análise consolidada dos seis conjuntos de dados.