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Bruna Suptitz

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Publicada em 12 de Novembro de 2024 às 17:42

Conselho do Plano Diretor de Porto Alegre avalia nesta quarta projeto de prédio com 130 metros

Maquete eletrônica mostra como será conjunto comercial e residencial com 5 torres de 61 a 130 metros de altura no bairro Praia de Belas

Maquete eletrônica mostra como será conjunto comercial e residencial com 5 torres de 61 a 130 metros de altura no bairro Praia de Belas

Reprodução YouTube/Divulgação JC
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A proposta do Zaffari para construir prédios de até 130 metros de altura no bairro Praia de Belas, entre o Parque Marinha do Brasil e o bairro Menino Deus, volta à pauta do Conselho do Plano Diretor de Porto Alegre hoje.
A proposta do Zaffari para construir prédios de até 130 metros de altura no bairro Praia de Belas, entre o Parque Marinha do Brasil e o bairro Menino Deus, volta à pauta do Conselho do Plano Diretor de Porto Alegre hoje.
Na reunião da semana passada, dia 6, foram lidos dois pareceres de vista contrários ao Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) apresentado pelo empreendedor. A tendência, no entanto, é que a proposta seja aprovada, seguindo o parecer favorável da conselheira Sônia Castro, representante do gabinete do prefeito no colegiado.
A intenção em aprovar a proposta foi expressa pelo governo por meio do secretário Germano Bremm, titular da pasta de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, que presidiu a reunião passada durante viagem internacional - ele está fora do Brasil desde o dia 5 e retornará no dia 23; neste período, participa do World Urban Forum em Cairo, no Egito, e da 29ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29) em Baku, no Azerbaijão.
No entendimento do secretário, "a proposta vencedora do pleito (na eleição municipal de outubro) por ampla maioria, em todas as zonas eleitorais, foi a do prefeito Sebastião Melo (MDB), que defendeu em diversas oportunidades esse modelo de projeto".
Proprietário do terreno, o Grupo Zaffari pretende construir um conjunto comercial e residencial formado por uma torre de 130 metros (m) de altura, duas com 100m e outras duas com 85m e 61m cada. Os prédios terão uso misto, com apartamentos e serviço. A base do empreendimento terá espaços comerciais e um supermercado como atividade âncora, além de estacionamento.

Conselheiros questionam impacto urbano e pedem audiência pública

“Parece inadequada a implantação de um conjunto de prédios das alturas solicitadas” apontou a conselheira Jussara Kalil Pires, representante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes-RS) no conselho. É dela um dos votos contrários ao pedido do empreendedor. “Tais alturas são convenientes e justificáveis apenas do ponto de vista do empreendedor. A cidade nada teria a ganhar com a flexibilização pretendida”, seguiu, na conclusão do voto.
Com base em documentos relacionados ao processo, que começou a tramitar na prefeitura em 2019, o parecer contrário indica três eixos que, segundo Jussara, merecem atenção antes da apreciação da proposta: impacto urbanístico, trânsito e saneamento.
No primeiro ponto, ela pondera que “o prédio mais baixo já supera a altura dos atualmente existentes” no outro lado da avenida Praia de Belas, e sustenta que os edifícios propostos não apresentam “adequação ao entorno ou qualquer esforço de integração paisagística”. Sobre o impacto da altura dos edifícios na formação de ventos, sugere que sejam solicitados estudos que garantam segurança à população.
Sobre o transporte, Jussara aponta a discordância interna na prefeitura sobre o impacto do empreendimento proposto pelo Zaffari. A conselheira identificou manifestações contrárias de representantes da EPTC, especialmente no que diz respeito à necessidade de realocar o terminal de ônibus das linhas T2, T5 e T7, da Carris.
A solução apontada no EVU é passar o terminal para o Viaduto Dom Pedro II, onde as avenidas Borges de Medeiros e Praia de Belas se encontram com a José de Alencar. A EPTC não foi favorável e, embora manifeste que é preciso pensar num lugar melhor para o terminal, não concorda que seja sob o viaduto.
Ainda sobre mobilidade, a conselheira aponta “um impacto significativo no trânsito que precisaria ser pensado ainda na fase de EVU, sob pena de não ter mais solução viável por falta de reserva de áreas ou aumento do custo previsto em projeto”.
Já sobre saneamento, a preocupação tem relação com a cheia de maio e a proposta de realizar uma operação urbana consorciada no entorno do Arroio Dilúvio, distante 500 metros do terreno do Zaffari. Jussara destaca que o planejamento urbano deve ser considerado numa perspectiva ampla.
Com informações que constam no parecer da Abes-RS, o conselheiro Felisberto Seabra Luisi, representante da Região de Gestão do Planejamento 1 (RGP1), da qual a área do projeto faz parte, também se manifestou contrário à aprovação do EVU. Ele acrescenta alguns pontos, como os engarrafamentos na avenida Borges de Medeiros (uma das faces do empreendimento) em dias de jogo no estádio Beira-Rio.
Felisberto também tratou da enchente de maio, que inclusive atingiu a região do futuro empreendimento, e questionou se “não seria o caso de (fazer) uma bacia de retenção”. Em relação à mobilidade, solicitou que, considerando o tempo transcorrido desde a realização dos estudos, sejam feitas novas pesquisas para atualizar os dados sobre fluxo de tráfego e o impacto do empreendimento no transporte público, por exemplo.
A RGP1 demanda que seja realizada uma audiência pública para a apresentação do empreendimento à comunidade do entorno. E ambos pareceres contrários encerram pedindo que o projeto seja objeto de consulta pública antes da apreciação do EVU pelo conselho.

Características e atividades do empreendimento

  • Endereço: Avenida Borges de Medeiros, Rua Dr. Alter Cintra de Oliveira, Avenida Praia de Belas e Rua Peri Machado
  • Área do terreno: 28.966,39 m²
  • Área do empreendimento: 151.186,66 m²
  • Composição do projeto: 5 prédios (3 residenciais, 1 serviço e 1 misto), com base comercial e estacionamento
  • Vagas de estacionamento: 1.783 boxes (vagas)
  • Unidades residenciais: 364 apartamentos
  • Unidades comerciais: 344 conjuntos
  • Atividade âncora: supermercado + espaço comercial
  • Alturas: de 61 metros a 130 metros (regramento atual é de 52 metros)

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