A combinação de
seca,
altas temperaturas,
baixa umidade e
vento compõem o cenário propício para a
propagação de incêndios florestais como os que estão atingindo o Brasil há várias semanas. Tal paisagem descreve o que se aponta como uma das consequências das
mudanças climáticas a nível global: ondas de calor extremo são muito mais prováveis de acontecer devido ao aumento da temperatura média do planeta. Daí surge um looping que tem até nome: o
"ciclo de feedback incêndio-clima", definido em artigo da
Global Forest Watch publicado pela
World Resources Institute.
"Os incêndios são apenas uma parte de um sistema de feedback climático de várias partes - todos os quais estão piorando, alimentando mudanças climáticas mais rápidas. O aumento das emissões globais leva a temperaturas mais altas, que então criam condições mais secas e propensas a incêndios. Com mais incêndios, vêm mais emissões, perpetuando todo o ciclo", diz o documento, originalmente divulgado em 2022 e atualizado em agosto deste ano para refletir os dados mais recentes da perda global de vegetação em decorrência de queimadas.
No caso brasileiro, é importante ter em mente que o fenômeno climático El Niño, que vigorou de meados do ano passado até o inverno deste ano, provoca reações climáticas distintas no continente. Enquanto no Sul do Brasil causa chuvas em excesso, no restante do País é responsável por reduzir a precipitação. De acordo com Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, apenas o Rio Grande do Sul e Santa Catarina não enfrentam seca extrema atualmente.
E, se por um lado a condição climática facilita a expansão do fogo, a origem ainda está sob investigação - e há suspeita de crime. Na sexta-feira passada, em entrevista ao canal Globo News, o delegado Humberto Freire de Barros, diretor de Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, disse que parte das queimadas registradas no país, especialmente entre agosto e setembro, pode ter sido causada por ações coordenadas - a investigação preliminar aponta para a realização de incêndios simultâneos.
O planeta tem vivenciado situações que evidenciam as mudanças climáticas como um problema real e atual. Cumprir acordos globais para a redução das emissões é urgente. O caminho para isso começa na mitigação dos impactos e na prevenção aos desastres.
Seca
- Das 27 unidades da federação, apenas Rio Grande do Sul e Santa Catarina não enfrentam seca extrema
- De 1º de janeiro a 16 de setembro de 2024 o Brasil teve 9,3 milhões de pessoas afetadas e mais de R$ 43 bilhões em prejuízos econômicos decorrentes da seca
Queimadas
Devido aos incêndios florestais, de 1º de agosto a 16 de setembro deste ano:
- 10,2 milhões de pessoas foram afetadas pelas queimadas
- 538 Municípios brasileiros decretaram situação de emergência
- O Brasil teve mais de R$ 1,1 bilhão em prejuízos econômicos
Conforme a CNM, Municípios não estão preparados para enfrentar as questões climáticas
- Mais de 94% enfrentam dificuldades nas questões climáticas
- 43% das prefeituras não têm uma pessoa responsável pelo monitoramento dos eventos climáticos
- 47% não têm sistema de alerta a desastres
* Levantamento produzido e divulgado no dia 16 de setembro pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM)