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Destelhadas durante o temporal um mês atrás, cooperativas aguardam reparo
Prefeitura informa que não há previsão para o reparo
Por Bruna Suptitz
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A chuva que caiu em Porto Alegre na terça-feira de carnaval não foi forte, nem acompanhada de ventania, mas molhou os catadores da Cooperativa de Educação Ambiental e Reciclagem Sepé Tiaraju, que há um mês estão expostos à chuva e ao sol. O galpão da cooperativa, que fica no Bairro Navegantes, é fechado e coberto, e foi parcialmente destelhado na noite de 16 de janeiro, quando a cidade foi atingida por um forte temporal.
Em Porto Alegre, os galpões onde funcionam as unidades de triagem são do poder público municipal e cedidos às cooperativas. Por isso o conserto é de responsabilidade da prefeitura. Mas, até o momento, não há previsão de liberação do recurso que será usado para o reparo. Em reunião nesta quinta-feira, a prefeitura informou a representantes da Sepé Tiaraju que tentaria viabilizar lonas, em caráter emergencial, com a Defesa Civil.
“Janeiro para nós foi perdido”, lamenta Araci Moraes da Rosa, uma das cooperadas, que desde 2005 trabalha com reciclagem. A Sepé Tiaraju não está recebendo material da coleta seletiva, por não ter área seca para armazenar. A falta das telhas afeta todas as etapas de produção, desde a gaiola que recebe os resíduos, passando pela esteira de triagem (onde as embalagens são separadas por tipo) até a etapa de formar fardos de material.
Sob chuva e em contato com o maquinário, os catadores estão sujeitos a choques elétricos. Nos dias de sol, que penetra diretamente dentro do galpão, o calor é dito insuportável – há relato de uma pessoa que passou mal e precisou de atendimento. E o rendimento, que depende da venda do que é triado, foi de R$ 268 por pessoa – são 13 vinculadas ao galpão. “A gente trabalhou até o dia 15 e depois não deu para trabalhar mais”, conta Araci.
Secretário Municipal de Desenvolvimento Social, Léo Voigt confirma que o recurso para o conserto será pago a todas cooperativas que requererem e demonstrarem que houve prejuízo provocado pelo temporal. Ainda em janeiro se conseguiu a aprovação do uso de parte do valor na conta do Fundo Municipal de Incentivo à Reciclagem, de forma emergencial. Já estão aprovados os atendimentos, além da Sepé Tiaraju, para a cooperativa Santíssima, no Bairro Rubem Berta.
“Metade de um lado foi tudo, onde as pessoas catam”, conta Solange Beatriz Barbosa Prestes Camargo, da Santíssima. Além do telhado, uma parede foi perdida – a primeira parte caiu em um dos temporais do ano passado e, em janeiro deste ano, terminou de ruir.
Além destas, a Ascat, no Bairro Cavalhada, informa que também fez a demanda. “Quebrou o telhado e ficaram penduradas algumas telhas. Estamos nos virando com o que já tinha de material e com o que buscamos em um condomínio”, relata Débora Oliveira Silva. Este pedido ainda não está liberado, informa o secretário.
No entanto, Voigt pondera que “tem que cumprir o rito legal, que a lei exige”, o que atrasa o trâmite. Um decreto do dia 17 de janeiro do prefeito Sebastião Melo (MDB) declara situação de emergência no Município e dispensa de licitação “os contratos de aquisição de bens necessários às atividades de resposta ao desastre, de prestação de serviços e de obras relacionadas com a reabilitação dos cenários dos desastres” pelo prazo de 180 dias. Mesmo assim, o secretário diz que não tem como informar quando o serviço será realizado. “O importante é que terão esse recurso”, ameniza.
Para quem está trabalhando exposto às intempéries, o ânimo é pouco. “Está bem complicado mesmo. O sol pegando tá de rachar e também a chuva, já tem problemas estruturais e mais isso”, desabafa Núbia Luísa Vargas dos Santos, presidente da cooperativa Sepé Tiaraju. Mas a dependência da triagem para garantir alguma renda mantém todos trabalhando. “Se parar, vai ser pior ainda, então tem que tocar”, completa Araci.