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Bruna Suptitz

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Publicada em 23 de Janeiro de 2024 às 19:19

Conselho do Patrimônio Histórico avalia preservação de prédio da Smov

Edifício da antiga Smov seria leiloado, mas caso foi parar na Justiça

Edifício da antiga Smov seria leiloado, mas caso foi parar na Justiça

/ANDRESSA PUFAL/arquivo/JC
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O destino do prédio da antiga Smov, em Porto Alegre - se será ou não incluído na lista de imóveis protegidos da Capital - será definido na próxima segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc). Na ocasião, serão apresentados os votos dos conselheiros do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que pediram vista ao parecer da Sociedade de Engenharia (Sergs), contrário à preservação do edifício, apresentado na reunião desta segunda, dia 22.
O destino do prédio da antiga Smov, em Porto Alegre - se será ou não incluído na lista de imóveis protegidos da Capital - será definido na próxima segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc). Na ocasião, serão apresentados os votos dos conselheiros do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que pediram vista ao parecer da Sociedade de Engenharia (Sergs), contrário à preservação do edifício, apresentado na reunião desta segunda, dia 22.
A prefeitura previa realizar o leilão em novembro passado, mas o certame foi barrado pela Justiça após o Ministério Público Estadual apontar a necessidade de garantir, antes da venda do imóvel, o trâmite administrativo que trata do possível reconhecimento da edificação como patrimônio cultural da cidade, pedido feito pelo Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul em andamento desde 2018. É isso que está em discussão no Compahc.
Na reunião desta segunda, o arquiteto Eduardo Becker, que representa a Sergs, argumentou que o edifício não atende às características esperadas de um bem que se pretende preservar. A lei do inventário de Porto Alegre define que, para serem catalogados como patrimônio cultural, os imóveis deverão atender a pelo menos três de cinco características: histórica ou simbólica, morfológica (relacionada à questão arquitetônica), técnica (referente ao processo construtivo), paisagística e de conjunto.
Na avaliação de Becker, o enquadramento seria apenas no quesito técnico, mesmo assim sem apelo. "O prédio que tem mais de 50 anos e nunca teve, enquanto utilizado, a menor intenção de que fosse inventariado ou tombado e nunca houve reconhecimento do prédio como grande exemplo (do modernismo, escola de arquitetura à qual pertence)", aponta.
Um contraponto a esse entendimento será defendido no relato de vista do IAB e da OAB, que possivelmente será conjunto. "Vamos fazer um apanhado o mais fundamentado possível com as questões que consideramos mais importantes, para colocar esse novo ponto de vista e para que fique registrado que teve quem olhou com outra perspectiva", adianta à Coluna a advogada Jacqueline Custódio, representante da OAB.
Localizado no número 2.244 da avenida Borges de Medeiros, o prédio foi construído para abrigar a Secretaria Municipal de Obras e Viação - a Smov, sigla que se tornou o seu nome informal - e entregue em 1970. O projeto é assinado pelos arquitetos Moacyr Moojen Marques, João José Vallandro e Léo Ferreira da Silva e abriga a história do planejamento urbano da cidade.
Nesse endereço nasceram, nos anos seguintes, três secretarias: do Meio Ambiente - pioneira das capitais brasileiras -; do Planejamento Municipal, responsável por elaborar o Plano Diretor em 1979, em 1999 e pela sua revisão em 2009; e da Produção, Indústria e Comércio. Todas essas pastas, assim como a Smov, mudaram de nome e função nos anos recentes.
Antes da próxima reunião do Conselho, será realizada nesta quinta-feira, 25, uma audiência no Ministério Público Estadual com representantes da Procuradoria-Geral do Município e da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural da prefeitura de Porto Alegre, informa o jornalista João Batista Santafé Aguiar, do site AgirAzul.
Além do leilão, também está suspensa a destinação de recurso financeiro oriundo dessa venda para a construção dos conjuntos habitacionais Residencial Barcelona 1 e 2, no bairro Humaitá - atrelar uma situação à outra foi uma tentativa do governo de sensibilizar a opinião pública em favor da venda do prédio da Smov.
O prédio da Smov seria leiloado pelo lance inicial de R$ 48,1 milhões - valor que, segundo o laudo de avaliação contratado pela prefeitura para a Caixa Econômica Federal, corresponde à classificação de "baixa liquidez", sugerindo que as condições do imóvel atribuem a ele valor menor que o do terreno.
O curioso é o documento apontar a área construída com índice de aproveitamento 4 (quatro vezes o tamanho do terreno) como "metragem expressiva" e alegar que isso "reduz em muito a quantidade de possíveis interessados". Uma das atuais reclamações do setor da construção civil é o índice de aproveitamento restritivo, podendo alcançar, pela regra geral do Plano Diretor, no máximo índice de aproveitamento 3.
 

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