O ativista ambiental e urbano Cesar Cardia morreu nesta quarta-feira, 13 de dezembro, em Porto Alegre. Ele atuava como artista gráfico e tinha 71 anos - completaria 72 no dia 31 de dezembro, informa o filho Rodrigo. Cesar enfrentava complicações de um câncer. O velório foi realizado na quinta, dia 14, no Cemitério Jardim da Paz.
O ativista ambiental e urbano Cesar Cardia morreu nesta quarta-feira, 13 de dezembro, em Porto Alegre. Ele atuava como artista gráfico e tinha 71 anos - completaria 72 no dia 31 de dezembro, informa o filho Rodrigo. Cesar enfrentava complicações de um câncer. O velório foi realizado na quinta, dia 14, no Cemitério Jardim da Paz.
Cesar Cardia esteve à frente do movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, a primeira de Porto Alegre declarada como patrimônio ambiental. A conquista veio da mobilização social pela preservação das árvores da via, que se deu a partir de 2005, quando a notícia de um projeto para a construção de um edifício garagem na rua Gonçalo de Carvalho alertou moradores do entorno.
Cardia teve importante papel na divulgação da causa ao criar um
blog para divulgar fotos da rua e notícias sobre a luta desempenhada pelo grupo. O uso da internet para comunicar os atos levou o movimento a ser procurado por ativistas de outros estados e países, como referência na atuação pela causa ambiental.
Junto das notícias da conquista na preservação da via, as imagens ganharam o mundo virtual e o lugar recebeu o título informal de "Rua mais bonita do mundo" em publicação feita por um biólogo Português. A classificação foi incorporada pela população de Porto Alegre, que se refere assim ao trecho de meio quilômetro ladeado por tipuanas no bairro Floresta.
"O Cesar era um típico cidadão porto-alegrense que gostava demais da sua cidade, sabia da importância da proteção cultural e ambiental para a saúde e para a qualidade da cidade", destaca Beto Moesch. Secretário municipal do Meio Ambiente na época da mobilização da Gonçalo de Carvalho, Moesch assinou junto com o então prefeito José Fogaça (gestão 2005-2010) o decreto que declarou a rua Gonçalo de Carvalho como patrimônio cultural, histórico e ecológico de Porto Alegre.
"É uma perda muito grande, não só como amigo, mas para Porto Alegre", lamentou o ex-secretário. "Espero que as pessoas sigam o exemplo dele, desse ativismo inteligente que deu tanto resultado para a cidade".
A perda de Cardia rendeu inúmeras manifestações de amigos e companheiros na causa ambiental. Nas redes sociais, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) publicou: "Nosso companheiro de muitas caminhadas, associado ambientalista Cesar Cardia, um dos grandes responsáveis pela preservação da Rua mais bonita do mundo, a Gonçalo de Carvalho, atuante de primeira linha nas lutas da Agapan, segue agora seu caminho na imensidão da eternidade".
O ativista Cesar Cardia também atuou como conselheiro do Plano Diretor pela região de gestão do planejamento 1, integrou o Movimento Viva Gasômetro, esteve envolvido com os debates do Pontal do Estaleiro, foi sócio benemérito da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência e participante do Fórum de Entidades para a Revisão do Plano Diretor de Porto Alegre.
No Fórum, Cardia foi uma das lideranças do intercâmbio entre representantes comunitários de diferentes partes da cidade, fortalecendo movimentos de bairro. Assim, após o reconhecimento da Gonçalo de Carvalho, outras também receberam a mesma classificação, caso de vias no Moinhos de Vento.
Em 2021, ao falar com a coluna sobre a morte do também ativista
Haroldo Pinto Hugo, Cardia relembrou uma passagem em que o amigo brincava sobre as ações do grupo:
"No dia que não estivermos mais aqui, será que as árvores vão sentir nossa falta?".