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Reciclagem

- Publicada em 29 de Setembro de 2023 às 01:25

Alagamento prejudica trabalho na Cooperativa Mãos Unidas, em Porto Alegre

Galpão da Cooperativa Mãos Unidas está em terreno próximo do antigo 'lixão' da Capital

Galpão da Cooperativa Mãos Unidas está em terreno próximo do antigo 'lixão' da Capital


/Joice Juana Maciel/Apoena Socioambiental/Divulgação JC
As chuvas intensas que atingem o Estado neste mês de setembro, o mais chuvoso em Porto Alegre desde 1916, tornaram mais evidentes os problemas que a Cooperativa Mãos Unidas enfrenta desde que foi concluída a obra de ampliação da Avenida Severo Dullius e obras na Avenida Sérgio Dietrich há mais de um mês. Com a elevação do nível da via, o terreno - próximo do aterro do antigo lixão da Zona Norte - fica alagado sempre que chove. Sem área para escoamento, a água fica acumulada, às vezes por dias.
As chuvas intensas que atingem o Estado neste mês de setembro, o mais chuvoso em Porto Alegre desde 1916, tornaram mais evidentes os problemas que a Cooperativa Mãos Unidas enfrenta desde que foi concluída a obra de ampliação da Avenida Severo Dullius e obras na Avenida Sérgio Dietrich há mais de um mês. Com a elevação do nível da via, o terreno - próximo do aterro do antigo lixão da Zona Norte - fica alagado sempre que chove. Sem área para escoamento, a água fica acumulada, às vezes por dias.
Este é o cenário há três semanas na cooperativa - classificada pela prefeitura como Unidade de Triagem (UT) Zona Norte. Mas, no início desta semana, o caso se agravou: a água atingiu a área interna do galpão de triagem, local que recebe os resíduos da coleta seletiva. Isso impede que seja realizado o trabalho de separação dos materiais que serão encaminhados para a reciclagem.
O lixo que já estava no local ficou debaixo d'água, assim como toda estrutura de trabalho, a exemplo do maquinário usado para prensar e fazer os fardos de resíduos. Sem ter como armazenar o material, a cooperativa não está recebendo as cargas da coleta seletiva, o que pode resultar em penalização, com desconto no repasse feito pela prefeitura, conforme previsto no contrato de prestação de serviço.
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Sem área para escoamento, água acumulou e trabalho foi prejudicado. Foto: COOPERATIVA MÃOS UNIDAS/DIVULGAÇÃO JC
Nestes dias sem conseguir trabalhar, os 15 catadores cooperados perdem sua fonte de renda, que vem da venda dos recicláveis. "Está complicada demais a situação", conta Josué da Roza Moreira, presidente da Mãos Unidas. Ele reclama que "não estamos vendo movimento nenhum do poder público para resolver o problema". Na tarde de quarta-feira ele conseguiu equipamento e começou a drenar a água para fora do terreno. O volume era tanto que na tarde de quinta-feira a retirada da água ainda não tinha sido concluída.
A prefeitura de Porto Alegre reconhece a situação. Designado para lidar com o caso, o secretário de Desenvolvimento Social, Léo Voigt, explica que a cooperativa está "numa zona problemática e alagadiça" e que, com as obras da avenida, a área "foi ainda mais aterrada". Para isso, o governo sinaliza com duas possibilidades: realocar a UT para algum terreno próximo ou instalar no local um sistema de bombeamento para drenar a água.
Para resolver este caso será necessário investimento, aponta Léo. Investimento, aliás, é demanda comum às demais cooperativas de catadores que prestam serviços para o município, muitas com problemas de infraestrutura. "Temos garantido recursos para a elaboração de projetos de reformas e adaptações. Estamos negociando com agências internacionais para obras específicas para as unidades de triagem do sistema da Prefeitura", informa o secretário. Ainda não se sabe qual o valor nem quando estará disponível.
Antes de qualquer medida que vá solucionar este caso, representantes do Executivo terão que explicar o que está acontecendo com a UT Zona Norte ao Ministério Público Estadual. Nesta quinta-feira a promotora de Justiça Annelise Monteiro Steigleder notificou a Prefeitura e a cooperativa para uma audiência para "apurar situação de calamidade (...) provocada pelo descaso, pelo abandono da Gestão Municipal a esta UT e pela ocorrência de alagamentos sem escoamento causada pelas construções" das avenidas.