A superfície de Porto Alegre vai do nível do mar a mais de 300 metros de altitude com poucos quilômetros de distância, isso devido a sua geografia composta por 44 morros. Do alto deles é possível avistar a paisagem urbana por diversos ângulos e, em muitos deles, é possível também contemplar o pôr-do-sol no Guaíba, principal cartão postal da cidade. É todo esse potencial que está na mira do grupo Caminho dos Morros, formado por trilheiros porto-alegrenses, que conquistaram a inclusão da capital gaúcha na Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso.
A iniciativa nacional liga o País através das unidades de conservação. Em Porto Alegre, as trilhas já existem nesses lugares e a ideia é trabalhar a conscientização ambiental e a divulgação do espaço para o público. "É a oportunidade de trazer para a população esse novo olhar para a própria cidade", destaca Aline Medeiros, integrante do coletivo da Capital. Aliás, uma curiosidade é que é viável percorrer de Norte a Sul só por morros, conta Gilmar Aguirre, também integrante do grupo Caminho dos Morros.
Na Capital são quatro as Unidades de Conservação: Parque Natural Morro do Osso, Parque Natural Municipal Saint'Hilaire, Refúgio de Vida Silvestre São Pedro e Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger. Na Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso consta também o Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, como parte da trilha "Caminho dos Morros de Porto Alegre". No dia 31 de maio, na abertura da Semana do Meio Ambiente, integrantes do grupo participaram da caminhada organizada pela prefeitura no Morro do Osso.
A busca agora é por reconhecimento, o que segundo Aline pode inclusive valorizar o município. "Quando as pessoas falam em Porto Alegre, principalmente nesse meio de trilheiros, acham que não tem (trilhas) e vão para fora", aponta. Para ela, as trilhas nos morros podem tornar a cidade referência no ecoturismo - segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista, promovendo o bem-estar das populações. Uma intenção que dialoga com as trilhas, defende Aguirre: "o trilheiro protege, porque é um ambientalista por natureza".
Apresentada ao poder público em reunião no mês de maio, a proposta foi acolhida pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo. "Estamos entusiasmados que a cada dia surgem novos atrativos turísticos, como este diretamente ligado à sustentabilidade, um dos motes do turismo hoje em dia. Não tem mais como propormos qualquer coisa que não leve em consideração esse aspecto", aponta Luiz Armando Silva de Oliveira, Diretor de Turismo da pasta.
A prefeitura, embora não tenha envolvimento direto com as atividades dos trilheiros ou com a inclusão na rede nacional, prestará apoio mapeando e sinalizando os caminhos. Meriene de Moraes, turismóloga da Secretaria, explica que, quando a pasta teve contato com a proposta - uma reunião foi realizada em maio - surgiu também a ideia de conectar com os Caminhos Rurais, iniciativa de mais tempo em Porto Alegre.
Falando em UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Parque Natural Municipal Morro do Osso, uma das Unidades de Conservação de Porto Alegre
/Pedro Piegas/PMPA/Divulgação JC
Unidades de Conservação são áreas legalmente instituídas pelo poder público com a finalidade de manter os recursos naturais nelas contidos. Estes recursos naturais contemplam as espécies, habitats, ecossistemas, água e processos ecológicos nela existentes. Os critérios para a definição constam na Lei Federal nº 9.985/2000 e na Lei Municipal nº 679/2011. As informações constam no portal da prefeitura.