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Soluções para energia e gestão de resíduos são destaque em feira
Cases gaúchos participaram da Fiema, realizada nesta semana em Bento Gonçalves
A Feira de Negócios e Tecnologia em Meio Ambiente (Fiema), em Bento Gonçalves, reuniu expositores com produtos e soluções sustentáveis para atender diversos setores da indústria. A coluna esteve no evento e conversou com alguns cases em áreas que já acompanhamos - energia e resíduos - para apresentar por aqui.
'A grande transformação energética virá da indústria'
A energia renovável é o pilar da transformação da sociedade rumo ao desenvolvimento sustentável - a aposta foi dita e repetida em muitos dos painéis de debate da 9ª Fiema. A urgência de frear o aquecimento do planeta, que é causado em grande parte pela emissão de poluentes, passa pela mudança da matriz energética em todo o mundo. E a forma mais eficiente de fomentar isso depende da adesão da indústria.
"A grande transformação energética virá quando a indústria passar a utilizar energia de fontes renováveis", sustenta Heloísa Zanetti, analista comercial da Elysia Energia Solar, uma das empresas expositoras da Fiema. A empresa de Porto Alegre está há oito anos no mercado e cresceu atendendo clientes residenciais, mas tem como foco, hoje, o setor industrial.
Para Heloísa, se o setor empresarial não apostar em ter sua própria geração de energia vinda de fontes renováveis, "vai acabar sofrendo financeiramente". Esse entendimento já existe, o que precisa melhorar é o incentivo, com linhas de financiamento para a pequena indústria, defende.
Empresa da Serra faz 'locação de usina' para energia solar
O Brasil é considerado um país privilegiado, por receber boa irradiação do sol durante o ano todo, o que facilita a geração de energia solar. Mas, para isso, as placas que fazem a captação dos raios solares precisam estar posicionadas de maneira a ter contato com a luz em boa parte do dia. Para quem quer se valer da economia na conta de luz, mas não estão bem posicionados para a captação da energia solar, pode "locar" uma pequena usina - essa é a proposta da Eng For Energia Solar, empresa de Bento Gonçalves com quatro anos de atuação.
"Temos clientes com um consumo de energia muito alto, mas que não têm telhado o suficiente, ou estão no subsolo de um prédio ou cercados por prédios muito altos", explica Allan de Andrade, proprietário da empresa. Em casos assim, é ofertada a locação da energia captada em em terrenos próprios da Eng For, que direciona o que é gerado para a rede. O desconto será então repassado ao cliente que contratou o serviço, que, conforme conta Andrade, "tem uma economia e além disso ainda ajuda o meio ambiente".
Resíduos monitorados em tempo real
Se a gestão de resíduos e o encaminhamento para a reciclagem pautaram boa parte do debate na 9ª edição da Fiema, em boa parte se deve ao trabalho da startup MeuResíduo, que fez o monitoramento em tempo real do "lixo" descartado nos três dias do evento. Um piloto já havia sido realizado em março na Expoagro Afubra, um teste para atender a vontade dos desenvolvedores de levar o software para a Fiema, conta Ismael Fernando Christmann, um dos nomes à frente da startup de Santa Cruz do Sul.
A proposta é conseguir mensurar qual o tipo de resíduo é gerado e em que quantidade. Por um aplicativo, onde são cadastrados esses dados, é possível também indicar o destino do descarte. "Conseguimos ver o tipo de resíduo gerado em cada área (do evento), que tratamento está recebendo", explica Christmann, enquanto mostra em uma tela os números do evento: no fim da tarde de terça-feira, primeiro dia da feira, foi descartada uma média de 330 gramas de resíduo por visitante.
Na feira, quem fazia a coleta era responsável por pesar e fazer o cadastro. A tecnologia desenvolvida permite também fazer a identificação de cada lixeira por qr code. "A ideia é fazer o comparativo (da Fiema) de 2023 com a de 2025 e ver quais os avanços e os retrocessos", conta. O software atende geradores de todos os segmentos, de eventos a empresas.
Na parceria com a MeuResíduo estão as startups Trashin, de Porto Alegre, e Urupê, de Caxias do Sul. Christmann conta que o trabalho é em formato de "coopetição", quando é formada uma parceria entre empresas do mesmo segmento, mas que trabalham de formas diferentes e então cooperam umas com as outras.
O próximo passo da MeuResíduo é ligar a população à coleta de resíduos. "Sabemos que o principal problema hoje é o resíduo da pessoa física. "Estamos trazendo essas ligações para ter dados e mostrar onde tem que melhorar a nossa coleta", aponta.
Grupo atua com empresas e cria startup para pagar por lixo
Há 25 anos o Grupo Recicla, com sede em Cachoeirinha, faz a coleta de resíduos de grandes geradores. Além de encaminhar o produto triado para a indústria da transformação, também faz o beneficiamento, por meio da moagem, de alguns materiais. "Avaliamos a questão da venda, se vai agregar ou não, para colocar aquele equipamento em trabalho", explica Deise vargas, analista comercial da empresa.
Nos últimos dois anos, no entanto, um braço da empresa decidiu apostar na busca ativa pelo resíduo gerado na casa das pessoas. Surgiu assim a sturtup Ciclo, pensada para atender aquela pessoa que "sente necessidade de participar da reciclagem e muitas vezes não tinha para onde levar esse produto, ou que separa o material mas, em algum momento, ele acaba sendo misturado (com o material orgânico ou rejeito) e não ia de fato para a reciclagem", conta Nilma Gadelha - supervisora operacional da Ciclo.
A empresa conta com posto de recebimento do "lixo" de pessoas físicas, além de Cachoeirinha, também em Gravataí, Xangri-Lá, Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre, onde a pessoa leva o seu resíduo já separado por tipos e recebe por isso - o pagamento vai diretamente para a conta cadastrada pelo cliente ou para uma instituição cadastrada.
O retorno financeiro é o atrativo para que a separação adequada aconteça também com o descarte doméstico. "Isso agrega valor ao produto na hora da venda e gera qualidade de vida ao funcionário que está fazendo o trabalho de recebimento desse produto. Tudo isso é um ciclo de ações básicas que fazem o negócio girar de forma consciente e sustentável", afirma Nilma.