O novo edital com as diretrizes para a concessão do Cais Mauá será lançado até o fim de junho, afirmou o secretário de Parceiras do RS, Pedro Capeluppi, em reunião da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e da Desburocratização, da Assembleia Legislativa, na noite de terça-feira, 16. No mesmo dia foi lançado um manifesto em defesa da proposta de alienar o terreno das docas do cais em troca da gestão dos armazéns.
A intenção do governo é que o leilão aconteça ainda este ano. Em 2022, não houve interessados nas duas tentativas realizadas. "É importante entendermos o que gerou essa falta de interesse. Desde então, começamos um trabalho de ouvir o mercado para entender o que aconteceu", declarou Capeluppi, apontando o momento político de transição entre governos como um possível entrave.
À coluna, o secretário garante que será mantida a previsão de gestão pública de alguns armazéns para uso pelo setor da cultura, demanda reivindicada pelo Coletivo Cais Cultural Já. "Serão ajustes qualitativos", diz o secretário, a exemplo de "ajustes financeiros de fluxo de caixa, substituindo uma necessidade de integralização de capital por garantia de execução do contrato".
Presidente da frente parlamentar, o deputado Felipe Camozzato (Novo) destaca a presença de empresários na reunião. Já o manifesto em defesa da concessão do Cais Mauá foi a forma encontrada para "reforçar que existem outros agentes da sociedade civil organizada que concordam com a concessão". Trata-se de um contraponto a grupos que pedem a manutenção da gestão do Cais pelo poder público. "É importante que o debate seja plural", conclui.
Uma das entidades signatárias, a Associação Comercial de Porto Alegre esteve representada por Paulo Afonso Pereira, que diz ser "absolutamente inacreditável" a cidade não usar o espaço. Ele e Carla Tellini, que atua no Cais Embarcadero, questionaram o modelo de concessão única. A alternativa, para eles, seria "fatiar" a entrega, separando o que será feito nas docas do restante da área. "O modelo de associar é melhor para o privado coordenar o processo", defendeu Capeluppi.
Outra preocupação apontada foi o "apetite do mercado", como falou o vereador da Capital Ramiro Rosário (PSDB), considerando que a prefeitura pretende lançar um edital de grande porte para a construção de um centro de eventos na orla do Guaíba. A resposta veio da secretária de Parcerias de Porto Alegre, Ana Pellini, que acompanhou toda a noite de debates: "ninguém vem (para a cidade) para um projeto só".