Dom Darley José Kummer
Acolhendo e escutando as diversas situações da vida humana, percebemos alegrias e devaneios que tem gerado: conflitos, cobiças, obsessão financeira, intolerâncias, impacto racial, desigualdades, incompatibilidade no espírito de liderar e ensinar a sociedade a buscar a felicidade esperançada na vivência em comunidade.
Vivendo em espírito de comunidade, despertamos e estimulamos, conhecimento, busca, pesquisa, curiosidade, progresso, amadurecimento humano individual e coletivo, escuta, aprendizagem, formação da personalidade, nos espiritualizamos socialmente e encontramos formas de nos expressarmos frente ao nosso Criador.
Despertar o senso comum e incorporar a história das vivências que ajudam e colaboram para o entendimento e aperfeiçoamento humano, espiritual e social frente a situações, é urgente e necessário para uma visão mais ampla e global.
A vida em comunidade é uma proposta exemplar e de influência divina, que se revela incessantemente e dialoga com os anseios e respostas pessoais e grupais que retornam à comunidade em um processo dinâmico de revisão e atualização dos membros que se permitem e generosamente se abrem a construção do ‘novo’. Se não fosse assim a vida seria um caos.
Portanto, a certeza da centralidade na experiência comunitária e na formação, torna-se indubitável e fundamental no acolhimento e preparação de pessoas e de fiéis no espírito comunitário.
Lideranças respeitáveis, que acreditam no diálogo e na busca, favorecem o crescimento da corresponsabilidade e da participação de todos no projeto de vida e de práticas, respeitando a diferença de funções e de experiências.
Novas oportunidades: de formação, de convivência, de comunicação, diferentes competências, atenção à pessoa, desejo de crescer com responsabilidade, gestão, são elementos que exigem a construção de comunidades, menos autoritárias e mais fraternas, com isso mais fiéis ao Evangelho (Palavra de Vida).
Ser chamados a um serviço de autoridade ou liderança ajuda a crescer na capacidade de interiorizar os valores, no amor ao próximo e no amadurecimento pessoal. Tudo depende de como este serviço é vivido, com a ajuda primária e proveniente da graça: como poder e dominação ou como serviço e ajuda para o crescimento das pessoas.
Ser eleitos, nomeados, não é suficiente para serem guias de uma comunidade, mesmo que ocupamos com legitimidade um papel definido. Às vezes, é possível ser um líder legitimamente eleito, mas não possuir capacidade e habilidades adequadas. Leve-se em conta que existem outras lideranças naturais, capazes de ser uma referencia muito forte. Portanto, não se discute a presença de liderança em nossas comunidades, e, sim, a maneira como é exercida.
Vejamos algumas dicas no exercício de liderança: - Sabe escutar, ouvir as exigências da base e os pedidos das pessoas interessadas no problema:
- Promove o trabalho em conjunto, colocando as forças de cada um a serviço de um único projeto;
-assume a responsabilidade do discernimento e da decisão final: as ideias dos outros são solicitadas, ouvidas, ponderadas, mas a decisão final é do líder, como sinal da procura comum da vontade do Pai;
- Trabalha com outras autoridades, repartindo o trabalho e concentrando-se nos aspectos mais importantes do próprio trabalho;
- confere o reconhecimento certo, delega algumas responsabilidades nas decisões, mesmo conservando a decisão final;
- Busca as diversas alternativas possíveis e explica a escolha feita e as motivações.
Na realidade trata-se de valer-se mais de um estilo conforme as situações e necessidades. Enfim, quem tem senso de pertença, não é narcisista.
Quem ama dá o que tem, gosta do que faz e considera o outro mais importante do que a si mesmo. Para São Francisco de Sales, precisamente “no coração e através do coração é que se realiza aquele sutil e intenso processo unitário em virtude do qual o ser humano reconhece a Deus”.
Fiquem bem, com Fé e Esperança!
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre