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Olhar da Fé
Dom Jaime Spengler

Dom Jaime Spengler

Publicada em 01 de Agosto de 2024 às 21:04

Uma grande sinfonia de oração pelas vocações

Confira a coluna Olhar da Fé

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Arte/JC
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Dom Jaime Spengler
Dom Juarez Albino Destro, rcj
Dom Juarez Albino Destro, rcj
Aceitei o convite para ir numa orquestra sinfônica às vésperas do mês de agosto, quando, no Brasil, a Igreja Católica celebra o Mês Vocacional. A cada ano, um tema específico auxilia as reflexões e ilumina os momentos orantes. Este ano foi escolhido: “Igreja, uma sinfonia vocacional”, com o lema: “Pedi, pois, ao Senhor da messe”, frase bíblica que está nos evangelhos de Mateus (9,38) e Lucas (10,2). Como entender a proposta de associar a Igreja com uma sinfonia? E o que devemos “pedir a Deus”?
O papa Francisco, em setembro de 2023, na homilia do Consistório, reunião com cardeais, falou sobre a sinfonia e a oportuna comparação da Igreja com uma orquestra: “Uma sinfonia vive da sábia composição dos timbres dos diversos instrumentos: cada um dá a sua contribuição, ora sozinho, ora combinado com outro, ora com todo o conjunto”. Sim, diversos instrumentos, alguns enormes, outros médios ou pequenos: violino, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta, flautim, oboé, clarinete, clarone, fagote, trompa, trompete, trombone, tímpano, piano...
“A diversidade é necessária, é indispensável. Mas cada som deve concorrer para o resultado comum. E, para isso, é fundamental a escuta mútua: cada músico deve ouvir os outros. Se alguém ouvisse apenas a si mesmo, por mais sublime que possa ser o seu som, não seria de proveito à sinfonia; e o mesmo aconteceria se uma parte da orquestra não ouvisse as outras, mas tocasse como se estivesse sozinha, como se fosse o todo”. Sim, escuta mútua, uma necessidade primordial! Tentei acompanhar os sons captados por minha audição com os instrumentos sendo tocados, mas nem sempre foi fácil, pela diversidade e o grande número de músicos na orquestra. Na percussão, por exemplo, havia um Triângulo ao lado dos Pratos, sons diversos, tocados vez ou outra.
“E o regente está a serviço desta espécie de milagre que é sempre a execução de uma sinfonia. Ele deve ouvir mais do que todos os outros e, ao mesmo tempo, a sua tarefa é ajudar cada um e a orquestra inteira a desenvolver ao máximo a fidelidade criativa, a fidelidade à obra que se está executando, mas criativa, capaz de dar uma alma àquela partitura, de fazê-la ressoar de uma forma única aqui e agora”. Sim, regente a serviço, escutando mais do que os outros, ajudando, com criatividade! Bela essa analogia do papa Francisco!
Bem antes disso, em fevereiro de 2022, na Carta dirigida ao Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, o papa apresentou o lema do Jubileu do Ano 2025, “Peregrinos de esperança”, e sugeriu dedicar o ano imediatamente anterior ao evento jubilar, o atual, 2024, “a uma grande sinfonia de oração” (grifo nosso). Na mensagem para o 60º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado em 30 de abril de 2023, após recordar o significado do termo Igreja – “assembleia de pessoas chamadas, convocadas, para formar a comunidade dos discípulos e discípulas missionários de Jesus Cristo, comprometendo-se a viver entre si o seu amor (cf. Jo 13,34;15,12) e a espalhá-lo no meio de todos” –, o papa afirmou que uma vocação é plena e madura quando está em sintonia com todas as outras.
“Neste sentido, a Igreja é uma sinfonia vocacional, com todas as vocações unidas e distintas em harmonia e juntas em saída para irradiar no mundo a vida nova do Reino de Deus” (grifo nosso). Daqui surgiu o tema do nosso Mês Vocacional de 2024, “Igreja, uma sinfonia vocacional”. E o lema, “Pedi, pois, ao Senhor da messe”, veio da indicação de Francisco em nos dedicarmos à oração nesta véspera do Ano Santo de 2025.
O animador vocacional, ciente de que a Igreja é uma sinfonia, onde há diversidade de ministérios e dons, mas a meta é a unidade, a comunhão, torna-se um autêntico operário na messe, no mundo, ajudando os “músicos”, aqueles que operam seus instrumentos de som, a estarem prontos para atuar, no momento certo, conforme a partitura, assegurando uma harmonia, a beleza de uma orquestra, uma orquestra sinfônica, e não diafônica.
Sim, a Igreja é uma sinfonia vocacional. Recordemo-nos disso em nossas celebrações e no cotidiano da vida. E não esqueçamos do mandamento deixado por Jesus, o de rezar para que aumente o número de membros da orquestra (cf. Mt 9,38; Lc 10,2)! Um excelente Mês Vocacional a todos!

Bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS)

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