Dom Odair Miguel Gonsalves dos Santos
Com este pensamento, parte da letra de uma música, gostaria de iniciar a minha reflexão. No dia 31 de março de 2024 vamos celebrar um dos maiores acontecimentos da história do cristianismo, a ressurreição de Jesus. A Páscoa é um acontecimento celebrado há mais de dois mil anos e continuará sendo até o final dos tempos, a maior das festas cristãs. Anterior ao cristianismo, celebrava-se a Páscoa como libertação do povo de Israel da escravidão do Egito. Deus conduziu o povo à terra da liberdade, através de um caminhar de fé, de confiança e esperança, à terra prometida, Canaã. Por ocasião destas festividades, todos se preparavam cada ano para rememorar este acontecimento, da presença de um Deus libertador que conduz seu povo de Israel pela mão, como um pai amoroso e complacente.
Jesus reuniu seus amigos e quis celebrar com eles. Ensina que o seguidor do Mestre deve colocar-se a serviço, por isso apresenta esta nobre missão através do “Lava-pés”: “...levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido” (Jo13,4-5). Quando somos convidados a sentar à mesa, devemos estar prontos para lavar os pés uns dos outros. Com esta disposição podemos nos servir daquilo que Jesus tem a nos dar. Aprendemos com o Jesus Mestre e Senhor que a humildade é uma das características do discipulado!
Para chegar a este encontro com o Senhor na Eucaristia, os discípulos fizeram uma longa caminhada: estiveram muitas horas com Ele! Foi um peregrinar na escuta, na troca de olhares, na adesão à sua mensagem...; aquecimento necessário pelo qual os fez sentir felizes para celebrarem antecipadamente a Páscoa. Este tornou-se um dos mais belos encontros que os discípulos fizeram com o Mestre: sentar-se à mesa com o Mestre e acolher o seu ensinamento. A Páscoa de Jesus, com a sua ressurreição, ganha um significado transformador e inovador. A cada missa que celebramos adentramos no mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus; mergulhamos neste mistério de amor deixado a todos nós, que nos prepara para a eternidade. Ao celebrarmos a Páscoa do Senhor, renovamos nossa fé e a certeza de que ressuscitaremos com Cristo.
Na Páscoa, nos reunimos também em família para confraternizarmos. Não somente os cristãos, mas muitos, de credos diversificados, confraternizam em encontros de famílias, celebrando esta data; momentos que nos unem e nos aproximam uns dos outros. A Páscoa é uma data significativa e de valor imensurável. Renovados em Cristo, caminhemos em direção à Sua Páscoa que, na madrugada da nossa existência, já sentimos a alegria do anúncio da ressurreição: “Não vos assusteis! Vós procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele ressuscitou. Não está aqui.” (Mc 16,6).
Com o esforço diário e com a graça de Deus, revivemos o sentido pascal em nossas ações e relações, sempre na esperança de que o ressuscitado caminha conosco na alegria da ressurreição.
Uma feliz e santa Páscoa a todas as nossas famílias!
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre