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Obras do complexo Belvedere começam 'em breve' ao lado do Jardim Botânico
Retirada de árvores, que gera clarão na vegetação, faz parte da preparação para construção na área
PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Patrícia Comunello
Tudo em um dos empreendimentos mais aguardados em Porto Alegre é grande. Serão quase 150 mil metros quadrados do shopping center, duas torres e um hipermercado do Zaffari, previsão inicial de R$ 850 milhões em investimento, valor de fim de 2020, e mais de 20 anos de espera até a emissão das licenças para a construção. Por isso, qualquer movimento na grande mancha verde ao lado do Jardim Botânico, na Zona Leste da Capital, chamaria a atenção e chamou.
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Tudo em um dos empreendimentos mais aguardados em Porto Alegre é grande. Serão quase 150 mil metros quadrados do shopping center, duas torres e um hipermercado do Zaffari, previsão inicial de R$ 850 milhões em investimento, valor de fim de 2020, e mais de 20 anos de espera até a emissão das licenças para a construção. Por isso, qualquer movimento na grande mancha verde ao lado do Jardim Botânico, na Zona Leste da Capital, chamaria a atenção e chamou.
Moradores de torres que são voltadas para a área perceberam nas últimas semanas o fluxo de máquinas no terreno. Aos poucos, o motivo da movimentação foi aparecendo. Clarões surgiram da noite para o dia em trechos da mata, expondo montes de troncos de árvores. Ficou claro, para os observadores de longe, que as ações faziam parte da preparação para as obras de construção do complexo Belvedere, com licença para ser erguido no local.
"Em breve, teremos obras. Estamos atendendo aos requisitos necessários antes de iniciar", diz o empreendedor, ligado ao grupo gaúcho Máquinas Condor, sobre itens como a retirada de vegetação, que segue plano definido com a Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus).
"As obras de infraestrutura iniciam tão logo possível, as obras de prédios iniciam assim que os ajustes das construtoras estiverem em ordem, e isso não depende de nós", acrescentam os representantes da Condor. Nas medidas de compensação (veja a lista nesta página), há previsão de sistema de drenagem robusto para detenção das águas das chuvas, por exemplo.
O empreendedor adianta que a "primeira obra que pode começar, assim que a limpeza do terreno for concluída, é a da Companha Zaffari, que não depende de nós, mas deles (grupo)", informa o empreendedor. A expectativa é que a loja siga o padrão da bandeira, mas há especulação no mercado de que o Zaffari pode, pela primeira vez, erguer um atacarejo, tipo de atacado com super que ganhou muito espaço na pandemia. A eventual revisão do modelo não chegou ao conhecimento dos donos do Belvedere ainda.
Sobre as duas torres, o empreendedor explica que negocia com algumas empresas a construção. "Elas querem datas definidas, o que ainda não temos", observa. O shopping não será executado pelos donos da área. O empreendimento vai depender de investidores ou operadores do setor dispostos a desenvolver um projeto para a área.
"Faz muito tempo que desistimos de fazer (o shopping). O empreendimento será assumido por alguém do ramo, que também quer datas definidas."
O que pode ter na área
Com os novos planos do futuro complexo, números de 6 mil postos de trabalho nas obras e 3,5 mil empregos diretos e indiretos no funcionamento devem ser revistos. O valor também será reavaliado, seja pelas dimensões a serem executadas como pelos novos custos da construção.
As torres comerciais previstas no escopo das licenças somam cerca de 32 mil metros quadrados. Em 2020, o valor geral de vendas (VGV) era de R$ 280 milhões. O shopping soma 146,5 mil metros quadrados e investimento, na época, de R$ 360 milhões. Já o hipermercado do Zaffari prevê 33,4 mil metros quadrados e aporte de R$ 64,6 milhões.
Os empreendedores falaram sobre a espera em reportagem do JC em 2020, indicando os custos ao longo dos anos, como IPTU do terreno, e ainda de revisões. O projeto do Belvedere levou 25 anos entre os primeiros contornos, audiências públicas e finalização da aprovação, que vai desde aspectos de estudos de viabilidade urbanística (EVU) à habilitação para licenças prévia (LP) e LIs da execução, incluindo as compensações pelos impactos.
A área original somava 15 hectares e sofreu redução devido à supressão de porções para abertura de ruas, doações municipais e área de preservação permanente (APP). Os empreendedores estimam que restou menos da metade da área, dividida em três lotes - para o shopping, Zaffari e as duas torres próximas à rua Cristiano Fisher.
Lista de compensações e melhorias do Belvedere:
Implantar 11 reservatórios de detenção de águas pluviais para controle da drenagem.
Qualificar as paradas de transporte coletivo dentro da área de influência do empreendimento.
Criar travessias seguras para pedestres em pontos específicos da região.
Implantar a quarta faixa de tráfego na aproximação da rua Tibiriçá com a rua Cristiano Fischer (75 metros de extensão).
Implantar faixa de tráfego na aproximação da rua Valparaíso com a Terceira Perimetral (75 metros de extensão).
Executar o alargamento e a melhoria da curva entre a rua Professor Ivo Corseiul e a rua José Carvalho Bernardes.
Realizar projeto de sinalização viária nas vias e intersecções onde ocorrerem modificações em função do projeto de circulação do complexo Belvedere.
Executar ciclovia na avenida Bento Gonçalves, desde a avenida Elias Cirne Lima até a avenida João de Oliveira Remião, em dois trechos que totalizam 3.450 metros.
Qualificar a Praça José Luiz Carneiro Cruz, localizada na rua Professor Pedro Santa Helena, no bairro Jardim do Salso.
Construir um belvedere de acesso público, que permita a manutenção de vista privilegiada da região.
Doar ao município equipamentos e instalações para integrar a Central de Controle e Monitoramento de Mobilidade (Cecomm) no valor de até R$ 535.080,00.
Destinação de área equivalente a 11 hectares de terreno para anexação ao Refúgio de Vida Silvestre São Pedro, localizado no Extremo Sul da Capital, além de transplantes e plantios no próprio local do empreendimento.
Destinação de recursos para apoio, implantação e manutenção das unidades de conservação em Porto Alegre, em valor equivalente a 0,5% dos custos totais previstos para a instalação do complexo, conforme prevê a Lei 9.985/2000, relacionada ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). O montante é estimado em R$ 1,55 milhão.
Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smamus)
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