A pandemia fecha varejos, mas também gera expansão em segmentos com demanda e, principalmente, de empresas que resolveram bem a relação do físico e o digital. De olho nisso e em outra tendência - o consumo que cresce no bairro -, o maior franqueado de O Boticário no Rio Grande do Sul prepara a estreia de novas lojas em centros comerciais de vizinhança e em regiões fora de eixos mais badalados do comércio, como grandes shopping centers.
O casal de franqueados Jane e Juarez Meneghetti, há 30 anos com a marca, prepara a abertura de unidades da bandeira O Boticário na Restinga, no empreendimento dos donos do supermercado Super Kan, no Extremo Sul de Porto Alegre, e no Jumbo, em Alvorada.
Buscar as duas regiões é uma aposta em estar mais perto de onde mora o cliente e em malls menores, com custo mais acessível. A expectativa é abrir em março na Restinga e, em abril, no Jumbo. Cada loja vai gerar 16 empregos diretos. Interessados podem se candidatar em
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Loja da rede tem vitrine com tela que muda a cada campanha e ponto de coleta de produtos usados. Fotos: Luiza Prado/JC
Com as novas operações, os Meneghetti chegarão a 37 pontos. Hoje são 35, 30 de O Boticário e cinco de Quem disse, Berenice?, do mesmo grupo. Nas duas novas franquias, o investimento será de R$ 550 mil, informa Meneghetti.
Além disso, os franqueados vão recompondo o quadro, que é de quase 340 pessoas. "Estamos perto do patamar pré-pandemia, que era de 370", compara Jane, que gerencia o desempenho do pessoal, indicador avaliado pela franquia. A receita de vendas no ponto físico cresceu 30% nominais em 2021, ainda 5% abaixo de 2019, mas visto como positivo, "porque o fluxo não voltou ao normal", diz o franqueado.
Este ano ainda a empresa vai aportar mais R$ 2 milhões em reformas de cinco unidades para adequar os ambientes físicos aos novos padrões da rede de cosméticos, com pontos de venda que unem muita digitalização (vitrines têm telas que mudam a cada campanha), balcão para experimentação de produtos e uso de dados, para entender o consumidor.
"É um modelo novo de negócio, com mais controle de tudo. O ponto físico é agora um hub de serviços, mas continua tendo muita relevância", explica Meneghetti. Já passou pela atualização a loja do Carrefour Passo D'Areia. Agora é a vez da situada na Azenha. Depois virão as dos hipermercados Bourbon Assis Brasil e Higienópolis (grupo Zaffari) e do BIG Sertório.
Impactos da loja interativa e mais sustentável
As transformações na cena da loja física são anteriores à pandemia, mas se intensificaram com o novo ambiente, que traz mudança de comportamento do consumidor e o canal digital. O franqueado cita que são alterações que vêm sendo implementadas há mais de cinco anos.
"Um dos impactos é o aumento, em média, 8% a 10% nas vendas", garante Meneghetti. E um dos motivos está no conceito: "A atualização oferece o que o consumidor busca. O projeto do novo O Boticário melhora muito o visual, a loja fica mais interativa e mais confortável".
Display do Botica Recicla fica ao lado da entrada da loja no Shopping Praia de Belas, para facilitar a colocação
No ponto, o caixa desaparece, a consultora (antiga vendedora) usa dispositivos móveis para consultar o perfil do cliente na hora de se relacionar com a marca e fazer a venda.
"A tecnologia ajuda a aproveitar melhor o tempo na loja. A venda é mais assertiva." Já o visual e espaços como o balcão de experimentação fazem um resgate dos antigos boticas. Um ponto que ativa a memória e lembrança da marca.
A sustentabilidade está desde uso de mobiliário de painéis com certificação de origem de reflorestamento e a iluminação é em LED. Na fachada das lojas, antes mesmo de o cliente entrar, fica a coleta de materiais usados do Botica Recicla, sejam das linhas de O Boticário e Quem disse, Berenice? ou de outras marcas.
O display de coleta pode estar ao lado da entrada, em unidades com mais espaço, ou no interior da loja.