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Minuto Varejo

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- Publicada em 24 de Outubro de 2021 às 21:20

Colombo pós-Adelino: abertura de quase 50 lojas em 2022 e e-commerce turbinado no País

Eduardo Colombo manteve a mesa ao lado da sua (no fundo) que era ocupada pelo avô Adelino

Eduardo Colombo manteve a mesa ao lado da sua (no fundo) que era ocupada pelo avô Adelino


GRUPO COLOMBO/DIVULGAÇÃO/JC
As duas mesas na sala do agora presidente do grupo Colombo, Eduardo Colombo, 39 anos, são emblemáticas. O sucessor ocupa uma. A outra era do avô Adelino e será mantida onde está, revela o presidente. O fundador da rede morreu no dia 15, mas para o neto, os executivos e os quase 5 mil funcionários do grupo, seu Adelino está mais presente do que nunca.
As duas mesas na sala do agora presidente do grupo Colombo, Eduardo Colombo, 39 anos, são emblemáticas. O sucessor ocupa uma. A outra era do avô Adelino e será mantida onde está, revela o presidente. O fundador da rede morreu no dia 15, mas para o neto, os executivos e os quase 5 mil funcionários do grupo, seu Adelino está mais presente do que nunca.

Minuto Varejo Entrevista: Assista a íntegra da conversa da colunista com Eduardo Colombo 

Oficializado no cargo no último dia 18, Eduardo foca na perpetuação do negócio e detalha como será o começo da era pós-Adelino. Em 2022, 47 lojas serão abertas e o e-commerce vai crescer pelo País. A aceleração da expansão já havia sido antecipada à coluna em entrevista do diretor comercial do grupo, Odair Ziero. 
Outra novidade é guardada a sete chaves ainda, mas o executivo dá uma pista: uma nova operação em torno de Feirão de Móveis, rede catarinense comprada em junho passado e que teve aval recente do Cade, e Lojas Colombo. "Estamos desenhando ainda." 
Sobre a atividade que exerce e que vem sendo preparado desde adolescente, o novo comandante da Colombo que "sou um apaixonado pelo comércio" e sobre a ausência do avô, o neto arranjou seu jeito para superar: "Tenho feito da dor o combustível para seguir e honrar e executar o que o Adelino pediu que eu fizesse".
Confira a seguir, a íntegra da entrevista de Eduardo Colombo à coluna:

A despedida do avô Adelino

Momento que mais senti foi na quinta-feira, eram 3h, com vontade muito grande de ir vê-lo, e saí às 4h para Porto Alegre. Tinha compromisso as 8h30min na empresa. Cheguei às 5h40min no hospital e convenci a equipe a deixar eu subir. Consegui ficar perto dele, ele estava sedado. Espontaneamente fiz todos os agradecimentos a ele, falei dezenas de obrigados. Naquele momento, disse que se achasse que deveria partir podia ir tranquilo que íamos dar continuidade e segurar as pontas. Ele apertou a minha mão. O tempo tinha esgotado e voltei a Farroupilha. No dia seguinte, ele faleceu. 

Dia seguinte sem o avô

A perda de um ente querido é dolorosa em qualquer família. Tínhamos muita proximidade. Desde criança, fui cuidado por ele. Quando tinha cinco anos e ia visitar as lojas com meu avô, usava um crachá com o cargo de diretor-presidente neto, que seu Adelino fez para mim. Já fui diretor-presidente há 30 anos (risos). Mesmo com a operação já toda transmitida, em seis meses ele vinha menos. Perguntei por que, e ele disse: "Vocês têm de se acostumarem sem a minha presença. Já fiz minha parte. Quero descansar e curtir a vida". Trabalhávamos na mesma sala, uma mesa ao lado da outra. A mesa dele vai continuar no lugar e tenho certeza que ele está por aqui. O céu é muito perto da terra.

Perpetuar o negócio

Temos um corpo executivo muito qualificado que já vinha sendo preparado. Eu fui preparado ao longo da minha vida. O Adelino foi a minha melhor escola. O planejamento estratégico está definido. A Colombo é mais que uma empresa, é uma família, geradora de possibilidades dos sonhos das pessoas, clientes ou colaboradores. Precisamos ter cabeça no lugar e pés no chão. Sempre usamos capital próprio para investir e fazendo economia. A perpetuação é muito mais, porque tem 4,8 mil famílias que dependem do negócio. Não tem espaço para erros e achismos. 

Sucessão e mercado

Meu avô sempre foi muito criticado ou questionado pela sucessão. O mercado cobrava isso dele há 30 anos. Ele ia e voltava mais pela pressão externa, pois na cabeça dele já tinha tudo desenhado. Em 2019, eu montei o plano da sucessão da empresa inteira. Todos os meus diretores e gerentes têm sucessores. Se não tem, está sendo preparado. Isso vai garantir a continuidade. Vou preparar a sucessão com mais antecedência do que meu avô fez.

Modelo para pets

Seguramos a expansão da Colombo Casa Pet em 2021 e voltaremos a abrir em 2022. As quatro primeiras lojas eram para ser laboratório para desenvolver o modelo adequado. O que não contávamos era que, na abertura das quatro, surgiria a pandemia. A Casa Pet nasceu no core business do eletromóveis, dentro do que tínhamos. Depois entendemos que o tratamento é diferente: não é bem durável, mas perecível. O refrigerador não tem prazo de validade, a ração tem. Agora queremos entender o modelo, o público e tamanho de mercado. Algumas lojas vão ficar menores como a de Bagé e vamos rever o mix, pois cada cidade tem uma particularidade, tem um perfil de animal, de raça e porte. O nosso modelo tem se adaptar à cultura local. Cada loja será diferente da outra. Vamos ter 12 filiais, entre os locais estão Santa Maria, Rio Grande, São Gabriel, Pelotas, Uruguaiana e estamos namora com Caxias do Sul e Bento Gonçalves.

Expansão em 2022

Precisamos e vamos crescer muito. Abriremos mais seis filiais até dezembro: duas do Feirão de Móveis (comprado em junho) em Torres e Tramandaí, duas ColomboCred em Passo Fundo e Cruz Alta, e duas de eletromóveis em Lages e Arroio dos Ratos. A expansão para 2022 prevê 20 lojas de eletromóveis (já mapeadas), 15 ColomboCred e 12 Casa Pet. Nas duas primeiras, o aporte será de R$ 25 milhões. A maior parte das lojas (eletromóveis e ColomboCred) será no Paraná. As Casa Pet apenas no Estado. Com o Feirão, consolidamos nossa presença em Santa Catarina, mas tem mais cidades onde já estivemos e estamos olhando. No RS, há muitas cidades que saímos nos últimos 15 anos e pretendemos voltar. São localidades de médio a pequeno porte. 

Feirão e Lojas Colombo

Teremos um modelo novo (loja) com Feirão e Lojas Colombo. Estamos ainda desenhando como será. Vamos lançar no primeiro trimestre do ano que vem.

Novo e-commerce

Pretendemos também fazer grande aporte no e-commerce, que é o maior do Sul e um dos maiores do Brasil. Temos marketplace, que vai do eletromóveis até alimentação. Vamos incentivar muito este braço para atrair mais vendedores. Estamos estruturados nacionalmente para crescer nacionalmente. Até maio de 2022, abriremos um Centro de Distribuição (CD) em Recife para atender Norte e Nordeste, que reduzirá prazo e custo, e vamos testar o modelo com operador logístico, locando uma estrutura e investindo R$ 3,5 milhões a R$ 4 milhões em uma área de 8 mil metros quadrados. No lado Oeste dos estados do Sul, vamos ter entrepostos para ter mais agilidade na entrega. Hoje temos quatro grandes CDs, que ficam em Serra, no Espírito Santo, em Curitiba, no Paraná, em Palhoça, na Grande Florianópolis, que é do Feirão, e em Porto Alegre. No lockdown, a venda pelo e-commerce chegou a bater em 48% do faturamento. Antes da pandemia, era de 28%. Hoje está em 36%, que é o adequado considerando a mesma base, patamar que garante produtividade e rentabilidade.

Volta aos shoppings

O Lindóia Shopping quer uma Colombo lá e nós também queremos uma loja lá e em todos os outros shoppings. Não nos retiramos de alguns shopping por vontade própria. O que nos motivou a sair foi a operação deficitária. Tenho humildade para dizer isso. Não há mais espaço para termos esta condição. Meu avô me ensinou que o primeiro prejuízo é o menor e se deve corrigir logo. A estratégia é não voltar a shopping? Não e temos unidades que estão nestes locais que dão resultados excelentes. São os que mudaram os modelos de negociação e parceria. O caso do Lindóia é acertar um valor e uma operação que sejam bons para os dois lados. Mas não chegou nada para mim. Das 20 novas unidades de eletromóveis em 2022, uma será em shopping no interior do Paraná.

"Uber do varejo"

Temos uma parceria com duas empresas, uma é startup e a outra é mais conhecida. Hoje conseguimos entregar em até uma hora produtos de pequeno porte em Porto Alegre e Curitiba, e itens de grande porte no mesmo dia. Isso está funcionando muito bem. As pessoas se cadastram na nossa plataforma para fazer a entrega, como o Uber. Mas não vou falar mais sobre isso. (encerra a questão para não revelar a estratégia)

Filhos, pescaria e trilha nas horas vagas

Estou na fase da vida de trabalhar, trabalhar e trabalhar. (risos) Gosto de pescaria, meu avô adorava. Fomos pescar muitas vezes juntos. Fizemos um cruzeiro pela Europa há uns três anos. Agora estou com uma bebê de 52 dias em casa e um menino de quatro anos e meio. Meu lazer é curtir esta criançada. Mas gosto de caçar. Faço trilhas de jipe em Bento Gonçalves há mais de 20 anos com uma turma de amigos. Tudo é muito parecido com o que meu avô fazia, é tudo desafio. Até nosso lazer é desafio (risos).