Dá certo ou não loja no Centro de Porto Alegre? Uma marca tradicional de alfaiataria masculina prova que sim. A Aduana, com unidade na região mais valorizada da Capital - avenida Nilo Peçanha, quase Shopping Iguatemi, e em shoppings -, acaba de reabrir a filial da rua dos Andradas, na Praça da Alfândega, mais raiz do varejo no Centro impossível:
"A gente está com loja novinha. Acreditamos muito no Centro e temos uma clientela muito fiel e tradição na região", garante Felipe Hemb, designer e um dos diretores da rede, com oito lojas entre a Capital e Região Metropolitana.
O investimento na renovação total do ponto, do mobiliário às coleções se o conceito de fluxo e percepção das peças, não chega a ser revelado, mas mostra que a filial nada lembra a antiga fisionomia.A decisão da Aduana também faz um processo de retomada ainda do pós-pandemia de Covid-19.
"Temos clientes de bancos, órgãos públicos, como Assembleia Legislativa, e a cada dia a gente percebe 30% de clientes novos", indica o diretor. Sobre a aposta na região, Hemb lembra ainda que o Centro é atração para quem vem do interior, ou seja, mais consumidor dos produtos que a marca atua.
"A gente está com loja novinha. Acreditamos no Centro e temos uma clientela muito fiel", cita Hemb
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Antes mesmo do mobiliário novo, a marca também já vinha apostando em mais diversificação e sofisticação ao guarda-roupa da loja. "Começamos a trazer para o Centro de Porto Alegre os produtos mais diferenciados que estão em outras unidades, como em shopping, e tiveram boa saída", descreve Hemb. Na reforma da unidade, uma área de alfaiataria foi montada, com ambiente para provar ternos e fazer os ajustes. "Tem espaço focado para isso", reforça.
Ao se entrar na "nova" Aduana, a percepção é que o mundo externo, das calçadas características da Praça da Alfândega e partes do comércio ainda deterioradas, não está no mesmo endereço da varejista de moda. Mas o bom é que sim, está e já anima. A área foi remodelada no uso de espaços. Janelas e vitrines que ficaram tapadas para quem estava no interior, agora estão sem barreiras.
Aberturas de vidro (fundo) voltadas para a galeria expandem a visão do interior da loja
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
As aberturas de vidro voltadas para o corredor da galeria expandem a visão de quem passa no lado de fora - para enxergar a coleção da Aduana - e quem está dentro, recebe mais luz e também tem a sensação de um espaço maior. O mobiliário tem outra característica: todo modelado e móvel. "Projetamos assim porque, caso tenha outro evento climático, possamos rapidamente mover as peças", diz Hemb.
A água do Guaíba na enchente de maio de 2024 alcançou a loja e danificou parte da instalação. A varejista chegou a reabrir um mês depois da cheia, com pequenos ajustes em função dos danos, mas percebeu que não daria para manter ante um fluxo que está voltando.
"O Centro merecia uma nova loja", acredita o designer de moda. No "figurino" da filial, as seções estão mais segmentadas por tipo de peças, de camisas polo, calças casuais a ternos.
Coleções ganham espaço com mais evidência para trajes de alfaiataria
EVANDRO OLIVEIRA/JC
Na área ao fundo, onde fica a seção de alfaiataria, mais reservada, um gravateiro funciona até mesmo com um elemento de visual merchandising, como um recurso de design da decoração, pelo quadro com múltiplas cores e desenhos das gravatas. Os revestimentos mais claros e leves contrastam com a madeira anterior mais sisuda e pesada.
"Tudo novinho", resume. "Tudo (peças) fica também próximo para fazer o melhor atendimento", explica Hemb.