Um dos veteranos do mundo supermercadista gaúcho - e dá para dizer do brasileiro -, tem um preparo físico de causar inveja a muito jovem. Augusto De Cesaro faz 25 quilômetros a cada sessão na bicicleta ergométrica e são pelo menos quatro na semana. Não é só ele que está em boa forma.
O
grupo Unidasul,
terceiro do ranking estadual do setor (receita de R$ 2,6 bilhões em 2023),
está preparado para expandir fisicamente, garante o presidente do grupo.
De Cesaro teve o maior reconhecimento, no fim de 2024, ao receber a Medalha Marcello Zaffari, referência ao empresário já falecido que liderou a ascensão do Grupo Zaffari, maior do setor no Estado.
O presidente do Unidasul revelou à coluna Minuto Varejo planos para abrir mais lojas, tanto da bandeira de vizinhança, o supermercado Rissul, como do atacarejo Macromix, que deve ter a primeira unidade em Porto Alegre.
Em 2025, duas filiais da bandeira, somando
R$ 60 milhões, estão em implantação.
Uma em Esteio, no ex-Carrefour e que será loja conceito, e
outra em Cachoeirinha. Os planos foram definidos até 2027. O varejista apontou o atendimento e capital humano como os maiores desafios, além de dominar as inovações do setor e conseguir manter investimentos em meio a uma conjuntura que está pior. “Quem conhece nossa retaguarda sabe que temos tudo para crescer.”
Minuto Varejo - Quando o senhor começou a trabalhar, o que se vendia nos mercados?
Augusto De Cesaro - No começo, acho que ninguém imagina, mas nada tinha a ver com autosserviço. Precisava separar tudo, pesar e entregar. A gente vendia um pouco de tudo, de lenha à galinha viva. Mas isso foi nos anos de 1960. Em 61 anos que estou no setor, as histórias foram mudando. Quando comecei não tinha supermercado. Era um armazém, com muito menos produtos, não tinha tanta embalagem, tinha de colocar o produto em saquinho de papel para pesar. O nosso primeiro supermercado surgiu em 1975, no bairro Scharlau, em Novo Hamburgo.
MV - Qual é o maior desafio para quem está hoje no no setor de supermercados?
De Cesaro - É muita inovação. A gente está sempre atento ao que está acontecendo. É autosserviço, é serviço automatizado, são produtos já prontos. A mudança continua com e-commerce, tele-entrega. As coisas não são mais como antigamente. Mas acho que o desafio mesmo é a inovação que está acontecendo. E nem se fala também em pessoas. Precisamos de muita gente para o atendimento. O material humano é o diferencial das empresas.
MV - O que faz o consumidor escolher uma rede à outra?
De Cesaro - O atendimento é o principal. A nossa missão é servir pessoas com paixão, o slogan do grupo. A gente briga muito com a nossa cultura. É a grande diferença. No negócio, a nossa fortaleza são os perecíveis, da padaria, açougue ao hortifruti, que têm entrega diária nas lojas. É o grande diferencial para o nosso consumidor. Tem tudo aqui na nossa central, onde fica nosso complexo logístico, na sede do Unidasul, em Esteio, e que ficou pronto há três anos.
MV - O atacarejo é o grande modelo do setor?
De Cesaro - Acho que são dois modelos e cada um tem que ser especialista no que trabalha. O atacarejo também atende muito consumidor final, que responde por 80% a 85% do fluxo nas nossas lojas. O formato tem essas duas funções: atender o transformador e o pequeno comerciante, mas sem descuidar do cliente final. Por isso, temos perecíveis sendo repostos diariamente nas lojas. São produtos frescos, além da fabricação da padaria, outro diferencial do nosso negócio.
MV - Vai ter novas lojas e mais investimentos?
De Cesaro - Quem conhece a nossa retaguarda sabe que temos tudo para crescer. Temos o nosso planejamento estratégico. Até 2027, temos umas boas lojas para virem aí, em lugares que já estamos mapeando. Vamos ter novidades. (risos)
Grupo vai apostar tanto no modelo de atacarejo do Macriomix como no de vizinhança, o Rissul
GRUPO UNIDASUL/DIVULGAÇÃO/JC
MV - Serão mais atacarejos ou vai ter lojas de vizinhança?
De Cesaro - Os dois. Não abrimos mão. Depende do lugar, do terreno e do tamanho do espaço. A gente vai fazer a loja adequada para cada modelo.
MV - Vão olhar para outras regiões além da Região Metropolitana e do Litoral?
De Cesaro - Não vamos muito longe. Nossa meta é atingir um raio de até 200 quilômetros.
MV - Vai ter atacarejo em Porto Alegre?
De Cesaro - Temos de entrar. Se disser quando, vou me precipitar um pouquinho (risos). Vamos oficializar no momento oportuno.
MV - Como é para um supermercadista, que tem planos de investimentos e quer crescer, lidar com a conjuntura que está aí? O que é mais importante para quem está no comando do negócio?
De Cesaro - É muito preocupante porque todo investimento tem um valor bem elevado até começar a funcionar. Tem de comprar terreno, construir prédio e etc. O custo do dinheiro hoje é um problema sério. A gente achava que a inflação iria cair um pouquinho, mas não está acontecendo isso. O custo de financiamento está acima do patamar que seria o ideal para fazermos investimentos.