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Patrícia Comunello

Patrícia Comunello

Publicada em 26 de Fevereiro de 2025 às 20:31

Book Hall em shopping do Zaffari acaba e livraria carioca assume megaloja

Distribuidores retiram livros da megaloja após comunicado do Zaffari de mudança no modelo

Distribuidores retiram livros da megaloja após comunicado do Zaffari de mudança no modelo

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Patrícia Comunello
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Teve vida curta o Book Hall, criado há 16 meses como modelo "compartilhado" para povoar o mega espaço deixado pela Livraria Cultura em um dos shopping centers do Grupo Zaffari, em Porto Alegre. A megaloja no segundo piso do Bourbon Country, que chegou a ser dividida entre seis operações, vai literalmente virar a página e sair de cena, abrindo caminho para a nova fase com apenas uma livraria. A decisão do Zaffari gerou críticas de distribuidores que estão e saída. 
Teve vida curta o Book Hall, criado há 16 meses como modelo "compartilhado" para povoar o mega espaço deixado pela Livraria Cultura em um dos shopping centers do Grupo Zaffari, em Porto Alegre. A megaloja no segundo piso do Bourbon Country, que chegou a ser dividida entre seis operações, vai literalmente virar a página e sair de cena, abrindo caminho para a nova fase com apenas uma livraria. A decisão do Zaffari gerou críticas de distribuidores que estão e saída
A  Paisagem, rede novata que nasceu no Rio de Janeiro em 2021 e tem por trás a maior distribuidora de livros de arte importados do País, assinou contrato este mês com a Airaz, gestora de shoppings, centros e galerias comerciais do Zaffari, para assumir os 1,5 mil metros quadrados de área de venda - chega a 2,2 mil metros quadrados com a retaguarda -, onde é ainda o Book Hall. É o terceiro maior espaço de compra do complexo, atrás do hipermercado Bourbon e do Food Hall Country
A virada de chave (ou folha) é neste sábado (1 de março). 
O shopping tem a segunda mudança em uma grande área do complexo em poucos meses. No fim de 2024, o Food Hall Dado Bier passou a ser Food Hall Country, concluindo acordo do começo do ano que havia encerrado a parceria.
No ramo livreiro, a Capital registra expansão, com entrada de mais marcas de fora do Estado. A Livraria Travessa, também carioca, vai ter unidade no Iguatemi, vizinho ao Country, com abertura prevista para julho, ao lado da Zara.
O sócio-diretor da Paisagem, Aguimério Silva, adiantou à coluna Minuto Varejo que a cafeteria, que fechou no fim de 2024, volta com a nova fase do espaço. "Vamos usar toda a operação. O Book Hall, com mais marcas, foi um projeto positivo, para não deixar o espaço morrer. Foi uma parceria com editoras. Fizemos um bom trabalho", avalia Silva. 
Espaço compartilhado, uma experiência alternativa no mega espaço, teve quatro distribuidoras | PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Espaço compartilhado, uma experiência alternativa no mega espaço, teve quatro distribuidoras PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Silva diz que a intenção é ter 200 mil livros na megaloja. Neste sábado (1), a oferta e ocupação ainda não estarão completas, pois depende da saída completa dos outros dois distribuidores. Também a fachada deve mudar mais à frente, para Paisagem. A cafeteria que tinha fechado no fim do ano voltará à megaloja e já funcionando no sábado.
Na prática, a Paisagem reforça ainda mais a presença em empreendimentos do Zaffari, maior grupo de shoppings e supermercados do Rio Grande do Sul. A rede já abriu no Moinhos Shopping, na Capital, e no Bourbon São Paulo, na capital paulista. Também terá uma unidade no novo complexo do grupo, o Bourbon Carlos Gomes, que deve ser aberto até agosto.

Último capítulo gera dissabores entre livreiros

O último capítulo do Book Hall teve reação de quem está saindo. Também fez emergir o contraste entre redes de fora e livrarias locais e o retorno do modelo de grandes áreas, como a da antiga Cultura, em detrimento a espaços menores. O Zaffari comunicou por e-mail para a AJR, dona da livraria Mania de Ler, e Santos, com 20 unidades em diversas cidades, que deveriam se retirar. A mensagem avisava que o prazo para esvaziar as prateleiras era esta sexta-feira (28)
Com aviso de troca de operador, livros foram removidos, esvaziando prateleiras | THAYNÁ WEISSBACH/JC
Com aviso de troca de operador, livros foram removidos, esvaziando prateleiras THAYNÁ WEISSBACH/JC
A movimentação de remoção de publicações começou na semana passada. O espaço vinha perdendo operações. Já tinham fechado papelaria Cervo, Sinopsys e cafeteria. O fluxo mais baixo de clientes teria influenciado as saídas.
"Quando me convidaram para abrir não sabia que era temporário. Fiz uma loja sob medida e seis meses depois me pedem para sair", lamenta Jonatas Santos, dono da Santos, que abriu em agosto no mezanino, com mais de 10 mil livros religiosos. O aporte foi de R$ 30 mil, segundo o livreiro, principalmente em estoque, que agora não teria como escoar, pois era focado no Book Hall.
"Faltou respeito", desabafa o livreiro, com lojas inclusive em shoppings do grupo. "Disseram (Zaffari) que a Paisagem fez proposta para assumir tudo. Acho que é regredir ao modelo que fracassou de áreas grandes", completa.
O sócio-diretor da paisagem disse à coluna que teve proposta do Zaffari para ocupar a área total: "Era um sonho nosso".
Cláudia Valsirene Rosa, dona da Mania de Ler, conta que as vendas tiveram queda nos meses recentes e que as operações precisavam de mais apoio para promover o espaço.
"Não está pagando a conta, mas não queria sair", admite Cláudia, que tem livrarias em três complexos do Zaffari na Capital. A livreira também comenta que a regra de cada ocupante atuar com editoras diferentes não estava dando certo, com mesmos títulos sendo vendidos e gerando concorrência. "Estava ruim dividir espaço. As pessoas daqui gostam mais do que vem de fora", lamenta Cláudia, confrontando as marcas nativas e menores com as redes que vêm ganhando terrenos nos estados.
Em nota, o grupo varejista alega que "o espaço cultural do Book Hall deverá ter gerenciamento por uma tradicional operadora". O Zaffari diz que a "nova operadora" ampliará "as opções para aficionados da boa leitura". "Essa transição beneficiará editoras, leitores e o mercado livreiro, garantindo a continuidade de um espaço icônico para a literatura em Porto Alegre", conclui a varejista, na manifestação ao Minuto Varejo.

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