A Black Friday (BF) 2024 deixou marcas, e muitas, no mercado de consumidor brasileiro. Pesquisa de uma das maiores empresas de levantamento e análise de dados sobre varejo mostra achados relevantes sobre a campanha que ganha cada vez mais espaço na cesta de vendas.
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Três achados: foi a maior BF desde a pandemia de Covid-19, o perfil de compras mostra antecipação de compras de Natal e a semana da campanha foi a maior entre as datas promocionais do ano. O resumão sobre os dados da Nielsen, que a coluna Minuto Varejo teve acesso, também indica os setores que decolaram na semana da Black, de 25 de novembro a 1 de dezembro.
O ambiente e as promoções ganharam mais força dias antes e no pós-data. Um detalhe é ressaltado, para explicar também o nível de gastos. O pagamento da primeira parcela do 13º salário foi justamente no dia da BF. No ano passado, foi dessincronizado, com os descontos chegando quase uma semana antes. Este ano o impulso veio na hora ou dia certos.
Sobre a concorrência das datas promocionais, a venda de R$ 15,7 bilhões na semana da BF no varejo físico monitorado (autosserviço (AS) - supermercados e hipermercados -, cash & carry (atacarejos) e farma), alta de 26,2% em relação à mesma data em 2023, assegurou a liderança no calendário do varejo.
Na segunda posição, ficou o Dia das Mães, com 24,7%, seguido de Dia das Crianças, 17,4%, Dia dos Namorados, 15,7%, Carnaval, 5,4%, Páscoa, 13,5%, e Dia dos Pais, na lanterna, com 3,9%. A comparação é sempre da semana que antecede e abrange a data.
Medição de consumo indicou itens mais buscados e aqueles que perderam preferência na cesta no período
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O desempenho da semana de descontos contrasta com o avanço de novembro, que somou R$ 66 bilhões, mas teve aumento de 10,6% frente mesmo mês do ano passado. Chamou a atenção este ano, já validando o salto do Cash & Carry (CC), que são os atacados de autosserviço ou atacarejo (nome que foi cunhado no Brasil), teve alta de 13,2% na campanha recente entre físico e on-line.
Mas só no físico, o C&C registra desempenho 37,4% na receita. Esse setor vem ganhando mais e mais adeptos entre classes de consumo renda mais alta, segundo os grupos que atuam no formato. O Autosserviço (AS), que envolve supermercados e hipermercados, C&C e farma acumulam alta de 26,2%.
No confronto com novembro cheio, a semana da Black Friday ostentou taxa de crescimento três vezes maior. Em novembro, a receita de vendas cresceu 10,6% e o volume, 3,5%. Em relação a outubro, há um desempenho menor, que pode ser associado à alta da inflação e das commodities, segundo a Nielsen. E a escalada do dólar se intensifica em dezembro.
A "antecipação do Natal", que apareceu em pesquisas de entidades lojistas gaúchas, fica claro na lista de compras. Nas categorias que tiveram mais impulso, segundo a empresa de dados e análise de mercado de consumo, artigos de Natal lideraram, seguidos de bebidas como sidra, panetones, outras bebidas, carnes natalinas e frutas em calda.
Nos eletroeletrônicos, console de videogame foi o mais vendido e foi associado à lista de presentes.
A Nielsen fez um exame por região o Brasil e apontou que o C&C descolou no percentual de avanço. Enquanto na média de supers, cash & carry e farma, o Sul teve aumento de 12,5% na receita, na Black, o os atacarejos tiveram alto de 18,1%, melhor taxa no cenário nacional.
A análise sobre as mesmas lojas, que é um balizador mais completo para entender o desempenho dos pontos físicos, mostra supers e hipers com melhores taxas na cena brasileira e puxados pelo Sul e São Paulo, indica a Nielsen.
Por setor:
- Cash & Carry (C&C - atacarejos): 37,4%
- Farma: 20%
- Autosserviço (supermercado e hipermercado): 18,5%
- Eletroeletrônicos: 12,3%
Desempenho no Sul:
- Cash & Carry: 18,1%
- Farma: 12%
- Autosserviço: 8,5%
- Eletroeletrônicos: 10,5%
Produtos com alta em vendas:
- Artigos Natal: 60,1%
- Console vídeo game: 32,2%
- Máquina lavar roupa: 27,8%
- Bebidas energéticas: 23,2%
- Sabão líquido: 16,5%
- Produto para tratamento de pele: 13,3%
Produto com queda em vendas:
- Bronzeadores: 87,7%
- Sabão em pó: 49,6%
- Suco pronto para beber: 42%
- Produtos para piscina: 45,7%
- Ventiladores: 39,3%
- Ar-condicionado: 17,1%
Fonte: NIQ, Nielsen